17:50pm
A van, preta de janela fumê, manobrou na entrada circular do alto prédio todo de vidro da empresa, contornando o chafariz majestoso que se destacava envolto em flores de cores quentes, reluzindo em suas águas tremulantes o entardecer.
...
— Do que tanto você tem medo? — Athos perguntou, depois de sentar-se no sofá da sala de magia.
— De tudo se repetir. — Idris permanecia de costas, de frente para a mesa onde alguns ingredientes estavam jogados e o caldeirão ficava.
— Mas, a situação é outra... e além de ser outra, você também é outro.
Por momentos ele não respondeu, deixando que sobressai-se o som da faca em contato com a madeira, enquanto cortava o caule das rosas.
— Me responde.
— Anastase já esteve em contato com ele.
— Na floresta?
— Durante o sono também. Tenho medo de tudo se repetir e eu de novo não conseguir fazer nada. Eu não conseguiria conviver com outra morte por minha causa e muito menos com a minha inutilidade de não ter evitado.— Seu rosto estava imerso a falta de expressividade.
Um suspiro cansado escorreu dentre seu lábios e com o caldeirão nas mãos, colocou-o no monte de madeiras, onde sozinho acendeu-se um fogo verde.
— Você tá sendo covarde em tentar não ter nada com ele, mesmo obviamente estando envolvido emocionalmente. Se não vão ter nada, o deixe.
— Não tenho pretensão.
— De que? — As sobrancelhas escuras ergueram-se e Athos junto ao corpo, parando na ponta oposta do caldeirão de braços cruzados.
— Em deixá-lo.
— Hum... — Seus olhos escuros e curiosos focaram-se no líquido que mexia sozinho e borbulhava, trocando inúmeras vezes de cor.
— Tem como parar de encarar? Assim não vai funcionar!
— O que é isso?
— Tomei a liberdade de tomar a visão de um pássaro pra observar eles. — Com serenidade, balançou os ombros.
— Você o que?! — Athos gritou despertando no susto, a cabeça.
— Já basta eu estar morto, ser uma cabeça e ter os olhos costurados, agora tenho que aturar gritos? — Seu deboche foi notório, acompanhado de um bocejo tedioso.
...
Os seguranças parados ao lado das portas giratórias, por um pequeno instante franziram as sobrancelhas estranhando a presença repentina da van na empresa, estavam avisados desde cedo de que não voltariam naquele dia.
Os homens de aparência bruta, entre olharam-se, vendo a mesma estacionar e antes que pudessem questionar o motorista, a porta abriu-se.
Angel desceu primeiro, sendo acompanhado por Darcy, parando um em cada lado, estendendo suas mãos para quem fosse sair.
Giovanni, apoiou sua mão na de Darcy e desceu, mantendo-se sério ao lado dele, diante dos olhos tensos dos seguranças, a cena se passava em câmera lenta, vendo Anastase, o terror de todos os funcionários, apoiar sua mão na de Angel e pousar seus assustadores saltos de marca no chão.
"Senhor Hernandez chegou!"
O segurança que permanecia ao lado direito, falou com a central pelo ponto, tentando manter-se em postura, esforçando-se em não demonstrar sua tensão.
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Le Parfum.
Chick-LitEm 1995, Idris Vaughn era único, inalcançável, inacessível e impossível. Reinava como uma estrela solitária no universo da moda. Era uma figura magnética, quase mítica, com olhos verdes tão profundos que pareciam um abismo inexplorado. Sua altura...