🌺Capítulo quatorze

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17:50pm

  A van, preta de janela fumê, manobrou na entrada circular do alto prédio todo de vidro da empresa, contornando o chafariz majestoso que se destacava envolto em flores de cores quentes, reluzindo em suas águas tremulantes o entardecer.

...

  — Do que tanto você tem medo? — Athos perguntou, depois de sentar-se no sofá da sala de magia.

  — De tudo se repetir. — Idris permanecia de costas, de frente para a mesa onde alguns ingredientes estavam jogados e o caldeirão ficava.

  — Mas, a situação é outra... e além de ser outra, você também é outro.

  Por momentos ele não respondeu, deixando que sobressai-se o som da faca em contato com a madeira, enquanto cortava o caule das rosas.

  — Me responde.

  — Anastase já esteve em contato com ele.

  — Na floresta?

  — Durante o sono também. Tenho medo de tudo se repetir e eu de novo não conseguir fazer nada. Eu não conseguiria conviver com outra morte por minha causa e muito menos com a minha inutilidade de não ter evitado.— Seu rosto estava imerso a falta de expressividade.

  Um suspiro cansado escorreu dentre seu lábios e com o caldeirão nas mãos, colocou-o no monte de madeiras, onde sozinho acendeu-se um fogo verde.

  — Você tá sendo covarde em tentar não ter nada com ele, mesmo obviamente estando envolvido emocionalmente. Se não vão ter nada, o deixe.

  — Não tenho pretensão.

  — De que? — As sobrancelhas escuras ergueram-se e Athos junto ao corpo, parando na ponta oposta do caldeirão de braços cruzados.

  — Em deixá-lo.

  — Hum... Seus olhos escuros e curiosos focaram-se no líquido que mexia sozinho e borbulhava, trocando inúmeras vezes de cor.

  — Tem como parar de encarar? Assim não vai funcionar!

  — O que é isso?

  — Tomei a liberdade de tomar a visão de um pássaro pra observar eles. — Com serenidade, balançou os ombros.

  — Você o que?! — Athos gritou despertando no susto, a cabeça.

  — Já basta eu estar morto, ser uma cabeça e ter os olhos costurados, agora tenho que aturar gritos? — Seu deboche foi notório, acompanhado de um bocejo tedioso.

...

  Os seguranças parados ao lado das portas giratórias, por um pequeno instante franziram as sobrancelhas estranhando a presença repentina da van na empresa, estavam avisados desde cedo de que não voltariam naquele dia.

  Os homens de aparência bruta, entre olharam-se, vendo a mesma estacionar e antes que pudessem questionar o motorista, a porta abriu-se.

  Angel desceu primeiro, sendo acompanhado por Darcy, parando um em cada lado, estendendo suas mãos para quem fosse sair.

  Giovanni, apoiou sua mão na de Darcy e desceu, mantendo-se sério ao lado dele, diante dos olhos tensos dos seguranças, a cena se passava em câmera lenta, vendo Anastase, o terror de todos os funcionários, apoiar sua mão na de Angel e pousar seus assustadores saltos de marca no chão.

"Senhor Hernandez chegou!"

  O segurança que permanecia ao lado direito, falou com a central pelo ponto, tentando manter-se em postura, esforçando-se em não demonstrar sua tensão.

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