Capítulo 3-Recaída

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Chegamos na casa do Lucas e a tipo Clara estava na porta a nossa espera. A tia Clara sempre me deu conselhos quando precisei, ela é muito especial pra mim, ela fez o papel de mãe quando a minha próprio mãe não o fez.
M. Clara: Que bom que voltou minha querida-disse enquanto me abraçava. Oi filho
Lucas: tudo bem mãe?
Carol: Senti sua falta. Como está essa princesa? -perguntei olhando para a sua barriga, não devia ter mais de cinco meses.
M. Clara: Está bem, obrigada, vem vamos entrar, preparei um lanche.
Carol: Trouxe um presentinho pra baby, espero que goste.
M. Clara: Não precisava se incomodar menina
Carol: Não foi nada, abre
M. Clara: São todos lindos, esse macacão branco ela vai usar pra sair da maternidade
Carol: Que bom que gostou. Está de quantos meses?
M.Clara: cinco meses.
Ficamos conversando sobre a bebê por um bom tempo.
Lucas: Acho melhor irmos embora, já são sete horas, não quero que a sua mãe brigue com você Carol.
M.Clara : Que isso Lucas, tá expulsando a menina!
Carol: Não, é verdade e vocês duas tem que descansar. Prometo que volto outro dia.
M.Clara: Volte mesmo, se quiser, pode vir comigo á próxima consulta.
Carol: Claro, tchau tia Clara.
O Lucas me deixou correndo em casa com medo da minha mãe brigar, ele é um das três pessoas que sabe.
Carol: Não quer entrar?
Lucas: Não, tenho uns assuntos pra resolver.
Carol: Ta bom então, tchau-dei um abraço nele
Lucas: Tchau e se cuida- me deu um beijo na testa e saiu.
Cheguei dentro de casa e vi minha mãe sentada no sofá com uma cara nada boa, eu não acredito que vai começar tudo de novo.
Maya: Mal chegou e já tá malocando por aí, não mudou nada mesmo.
Carol: Eu fui ver a tia Clara.
Maya: Sei, você foi ver a Maria Clara e aproveitou pra se pegar com o filho dela.
Carol: Somos só amigos!
Maya: Sei que tipo de amigos vocês são, só não me apareça daqui a nove meses com uma criança pra mim cuidar.
Carol: Você não sabe de nada!
Maya: Abaixa esse tom de voz comigo, eu sou sua mãe garota!
Carol: Ah, na hora de jogar as coisas na minha cara você é minha mãe, mas quando eu preciso o papel de mãe desaparece. Que bela mãe você é!
Senti a sua mão ir contra o meu rosto.
Carol: A verdade dói né, vem, bate mais!
Maya: Sai já da minha frente sua merdinha, é isso que você é, uma fraca! Incapaz!
Carol: Não diga coisas que você não sabe
Maya: Vai falar que é mentira? És tão fraca, não duvido nada que logo irá recair novamente!
Carol: Você não sabe nada sobre mim! Não sou obrigada a ouvir isso.

Subi correndo para o meu quarto, tranquei a porta e comecei a chorar.
Porque a minha mãe me despreza tanto, ela sabe o quanto as palavras dela me machucam, parece até que gosta de me ver sofrer. Desde quando eu era criança ela era assim. Ela me fazia passar vergonha na frente dos meus amigos, falava mentiras sobre mim para as amigas dela, ela chegou a falar pro meu pai que eu havia batido e xingado ela, inventou que os professores falam mau de mim. Na frente das pessoas ela finge ser a melhor mãe do mundo, mas apenas eu, o Lucas, a Julieta e a Charlotte sabem o que ela faz comigo. No aeroporto, quando ela perguntou se eu não tinha saudades dela, até achei que ela tinha se arrependido, que havia mudado, mas pelo visto me enganei. Ela faz com que todos se afastem de mim, até a minha família, por causa dela só tenho três amigos. A única coisa que eu sinto por ela é dó, pena e raiva.
Esse sentimento de raiva me tomou, comecei a destruir o meu quarto pra tentar descontar a minha raiva. Comecei a gritar enquanto revirava o banheiro.
EU TENHO RAIVA DE VOCÊ! NOJO! EU TE ODEIO!
Quebrei o espelho e revirei o banheiro até achar uma caixinha, sei bem o que tem dentro da caixa, a minha querida amiga lâmina. Sim, eu me corto desde que tinha 13 anos, é uma forma de aliviar a dor e a tristeza que sinto e nesse momento eu sinto isso. Pego aquele pequena objeto prateado e o coloco sobre o pulso, faço um pequeno corte e olho o sangue escorrer. Faço um corte maior e mais profundo, o sangue flui cada vez mais, formando uma poça, faço outro corte por impulso, sem me importar com as consequências ou com a promessa que fiz de nunca mais me cortar, só quero me livrar da dor, ter paz. Continuo observando o sangue e lembro de todas as palavras da minha mãe. Sinto uma tontura, meu corpo fica mol, a minha visão fica turva e sou levada para as profundezas da escuridão.

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