☆DESASTROSO ANIVERSÁRIO☆

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(28/03/2018)                                       (18:17)

— Não, não, querida — Seline me adverte. — Vermelho deixa suas olheiras mais aparentes — pega um lenço umedecido e começa a retirar o batom da minha boca.

Ela procura, com os olhos, um batom rosa - que nem dentro das minhas opções estava.

— Pensei que eu poderia escolher isso também — murmuro. Ela pega meu queixo.

— É necessário que você esteja perfeita hoje — explica enquanto delineia meus lábios. — Tem que parecer pura para a imprensa e para todos presentes hoje. Não vamos estragar tudo apenas por uma simples cor de batom, vamos?

Seline muda seu olhar para meus olhos.

— Não — respondo sem importância.

— Ótimo!

Ela fecha o recipiente do batom e analisa cada pedacinho de mim. Espero o julgamento por meu ganho de peso ou até mesmo uma mudança em todo o meu visual por uma simples peça que não encaixou bem, mas o que recebo é:

— Esplêndida!

Faço um som gutural, confusa com a reação da mais velha.

— Verdade? — pergunto como uma criança.

— Até que esse cabelo rosa te ressaltou. Pensei que ele destruiria com tudo e deixaria você com uma aparência horrível. Mas, pelo que vejo, não foi o caso — começou. — Ray foi ótimo adaptando sua paleta de cores.

— É.

Levanto e pego o vestido do cabideiro basculante. Enquanto me visto, com a ajuda de Seline, aproveito para admirar a beleza daquilo que eu mesma havia desenhado. Parece que a Sakura de quatorze anos, dentro de mim, se sente realizada, penso.

Viro-me para Seline e mostro um sorriso.

— Muito obrigada mesmo, mãe... — duas batidas na porta interrompem meu agradecimento.

— Senhoras — Kazuki, meu pai, cumprimenta ao abrir a porta. Ele nos olha de cima a baixo, analisando cada uma de nós milimetricamente. — Seline, poderia sair para que eu possa conversar com nossa filha? — pede.

— Mas é claro, querido.

Ele abre espaço para que ela se dirija à saída do quarto, dando a ela um último olhar e fechando a porta.

Kazuki pode ser meu pai, mas nada me deixa tão nervosa quanto uma "conversa" com ele. Abaixo o olhar para não ter de encará-lo, enquanto o mesmo se aproxima.

— Já deve saber sobre o que será a nossa conversa — com um movimento de cabeça, digo que sim. — A celebração da vovó Sayori foi um fiasco e você sabe muito bem de quem foi a culpa — me mantenho calada o vendo ir de um lado para o outro. — Tive que pagar uma fortuna para que tudo o que foi filmado daquele seu surto de histeria não fosse parar em cada site de notícias no dia seguinte. Não que dinheiro seja um problema — é claro. — Mas, todas as pessoas do alto escalão que estavam na festa pensam que a filha mais nova do Senhor Haruno tem problemas mentais — ele se aproxima mais de mim. — Te chamam de louca.

— Não sou louca — franzo a testa ao responder.

— Não foi o que pareceu ser.

Fico incrédula e finalmente colo meus olhos aos seus.

— Se sou louca é porque tenho pais tão loucos quanto — sorrio. — Não é à toa que você, com toda essa marra de poderoso chefão, não é nada além de um drogado.

MEU PESADELO EM FORMA DE VIDAOnde histórias criam vida. Descubra agora