Eu quero me esquecer de você

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Sete horas da manhã foi o horário em que Satoru chegou na casa do namorado. Ele tinha as roupas amassadas, sujas por bebida, o cabelo branco bagunçado e uma expressão de desordem em sua face. Por sua vez, Suguru já estava acordado, na verdade, ele teve uma péssima noite de sono.

Quando se deparou com Satoru, houve um clima acusatório entre eles. O silêncio prevaleceu, até que Satoru andasse a diante. Tudo o que ele se lembrava é que havia misturado aqueles remédios com bebida, como consequência, perdeu a noção da realidade.

Na festa, Satoru enxergava apenas vultos e a música soava distorcida, como se sua cabeça fosse afundada em um tanque de água fria. Além disso, ele chegou a alucinar algumas vezes. Isso certamente foi perigoso e colocou a sua vida em risco, mas naquele momento ele só precisava de algo que o deixasse longe dos problemas que o assombravam.

Satoru tinha apenas alguns fragmentos de memória, entre eles, infelizmente se recordava que havia beijado uma pessoa. Não apenas uma, outras também o tocaram nos lábios. Por isso, Satoru se sentia terrivelmente mal, sabia que o que tinha feito foi errado, mas, naquele instante, não conseguia controlar o próprio corpo. Ele ria para qualquer um, tocava, abraçava e beijava qualquer pessoa desconhecida. Mas a verdade é que, mesmo tendo a desculpa de que não estava em seu melhor estado psicológico, sabia que tinha culpa, pois nunca devia ter tomado tantos comprimidos daquele remédio, e, se estivesse fazendo terapia, assim como Suguru tanto insistiu para que ele fizesse, não teria tido uma crise tão forte como aquela.

De qualquer forma, Suguru o encarava como se já soubesse de tudo. Bom, ele tinha o direito de estar magoado.

— Suguru, eu... — ele tentou dizer, mas a mente estava em branco. Nada do que dissesse seria o suficiente. — Me desculpe. Eu devia ter voltado para casa, fiz coisas ruins naquela festa... Me desculpe de verdade, porra, eu sou a pior pessoa do mundo.

— Eu já sei de tudo, Satoru. Vi um vídeo seu beijando outra pessoa — Suguru comentou, calmamente, sentado no sofá. Porém, essa era uma falsa calmaria, por dentro, tudo estava desmoronando.

Ao ouvir essas palavras, o rosto de Satoru se tornou pálido. Ele abriu a boca para se explicar, mas logo a fechou. Foi nesse momento que um pensamento pertinente o deixou emudecido, pois reconhecia o quanto era culpado. Satoru sabia que o seu namorado estava ao seu lado desde a adolescência, e foi apenas com o amor dele que pode se tornar alguém melhor. Além disso, foi graças a Suguru ter cuidado dele durante o pior período de sua vida, que hoje Satoru estava vivo. Parando para pensar, Suguru sempre foi tudo para ele. O moreno foi o seu maior amor, trazendo o significado de sentimentos verdadeiros, foi o seu melhor amigo, a sua melhor companhia, o homem que ele podia compartilhar os seus medos, segredos e sonhos.

Mesmo assim, Satoru foi tão imprudente a ponto de traí-lo. De fato, Suguru não merecia isso. Mas a verdade é que Satoru sempre se sentiu um fardo para ele, afinal, Suguru era muito bonito e jovem, poderia estar aproveitando a vida com alguém que o tratasse melhor. Mesmo assim, estava perdendo tempo com Satoru. Era isso que o albino começou a pensar, que o namorado desperdiçava os seus dias de vida ao lado de um homem que não valia a pena.

Então, Satoru começou a imaginar que talvez fosse melhor se terminassem. Ele era uma pessoa sem salvação, tinha o psicológico destruído e agora arruinou também o de outra pessoa. Por que Suguru tinha que ficar ao lado de um homem que definhava por causa da depressão?

— Eu vou entender se você quiser terminar comigo — foi tudo o que ele disse. Mesmo se narrasse todos os acontecimentos daquela noite, pensava que Suguru não iria perdoá-lo, pois ele mesmo não se perdoava.

Assim, Suguru desviou o olhar e abaixou a cabeça, observando as próprias mãos no colo. Havia uma expressão entristecida em sua face, pois passou a noite toda imaginando que Satoru iria se explicar e que tudo seria resolvido da melhor forma possível, porém, Satoru estava simplesmente assumindo a culpa. Então, ele realmente o atraiu intencionalmente?

E foi assim que tudo entre nós acabouOnde histórias criam vida. Descubra agora