Depois daquele beijo, Suguru tentou ocupar a cabeça com outras coisas.
Ele estava sempre focado no trabalho, quando ia para casa, tentava se concentrar em uma tarefa doméstica. Mas a verdade é que não conseguia se esquecer daquele dia. Ele sentia tanta falta de Satoru, de seus beijos e de seu corpo, que naquele momento não queria ter o empurrado de verdade. Pelo contrário, tudo o que desejava era estar livre para aproveitar um pouco mais.
O fato é que Suguru se sentia preso ao relacionamento que tinha com Haibara, mas era ele mesmo que se forçava a isso. Por que não terminava? Tudo seria infinitamente mais simples e poderia voltar para Satoru.
Nesse instante, Suguru estava caminhando no fim da tarde, com roupas mais largas e simples. Porém, ele parou por alguns minutos em busca de recuperar o fôlego e, quando olhou para o celular, percebeu que tinha uma mensagem de Nanako.
"O papai descobriu que a Mimiko estava falando com você e pegou o celular dela. Ele não sabe que tenho o seu número também".
Ao ler isso, Suguru voltou a se entristecer.
"Por que ele fez isso?"
Nanako digitou:
"Porque contaram para ele que você está morando na mesma casa que um homem. Então, ele ficou muito bravo, e disse de novo que você não é uma boa influência para nós".
Suguru engoliu em seco, pois isso o fazia se recordar de momentos do passado. Quando ainda morava com aquele homem, ele sempre acusava o filho de ser homossexual, desde a infância, e o ofendia mesmo sem ter a confirmação. O pai de Suguru o xingava de muitos nomes ruins, dizia que ele era uma aberração, e que preferia que o filho estivesse morto, do que ter alguém que não performava a masculinidade que ele esperava. Uma vez, aquele homem chegou até mesmo a agredi-lo.
"Como ele está tratando vocês duas agora?", Suguru perguntou, ao mesmo tempo que estava incerto se queria saber a verdade sempre tão dolorosa.
Demorou alguns segundos, mas Nanako respondeu.
"Ele está maltratando a gente todos os dias. Ele não bate em nós, mas sempre ameaça fazer isso. Ele disse que odeia a Mimiko e eu. Eu não consigo amar ele, só queria ter um pai como o de todos os outros".
Suguru exibiu um sorriso miserável, quando era mais novo, ele pensava exatamente assim. Na verdade, esse foi um pensamento que alimentou a vida inteira, de que, mais do que qualquer outra coisa no mundo, ele queria ter um pai amoroso como o de todas as outras pessoas. Por que ele teve que ser amaldiçoado com um pai assim? Por que suas irmãs também tinham que sofrer? Pobres crianças que nunca fizeram mal a ninguém.
Depois dessa conversa, Suguru estava voltando para casa quando, no momento em que se aproximou daquela rua, avistou Haibara na calçada. Para sua surpresa, ele estava acompanhado de Nanami.
Assim, Suguru diminuiu os passos e se escondeu para observá-los.
Foi então que os dois se despediram, e Nanami simplesmente deixou um beijo na boca de Haibara.
Com os olhos bem abertos, incapaz de acreditar naquela cena, Suguru continuou no mesmo lugar.
Seu rosto se tornando pálido.
Isso poderia ser considerado como mais um tipo de traição em sua vida? Haibara, o rapaz sempre tão inocente, gentil e que batalhou para ter uma chance com Suguru, simplesmente o traiu? E o que significava todas aquelas palavras bonitas que esse homem disse quando viajaram juntos? E as lembranças que construíram nessa casa? O pedido de namoro, os planos para um casamento e a troca de alianças?
VOCÊ ESTÁ LENDO
E foi assim que tudo entre nós acabou
RomansaSuguru e Satoru tinham um relacionamento estabelecido, mas esse namoro não era tão feliz assim. Satoru sofria em meio ao trauma de ter perdido a sua família, e Suguru se fechava em meio a problemas com o pai. Porém, quando algo ruim e inesperado aco...