Você ainda sente algo por mim?

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Quando Suguru chegou na casa de Satoru, o abraçou com força e com muito carinho. Satoru tremia em seus braços, como uma criança assustada. A partir disso, Suguru tentou fazer com que o ex-namorado se acalmasse, pediu para que ele respirasse fundo e, sentados lado a lado no sofá, Suguru nunca soltava as mãos de Satoru, deixando que aquele homem chorasse, até que todo o sentimento ruim fosse embora.

Suguru conversou com Satoru e não saiu de seu lado nem por um instante, fazendo com que o albino se sentisse seguro, embora continuasse chorando tanto que todo o seu rosto estava vermelho e agora apenas soluçava.

Satoru contou que estava deixando de tomar a medicação, é claro que Suguru deu uma bronca nele e o fez engolir os comprimidos. Depois disso, preparou um pouco de chá e deixou Satoru enrolado em uma coberta no sofá.

Agora ele estava mais calmo, bebendo aquele chá em uma caneca, enquanto Suguru o olhava com preocupação. Antes de sair de casa, avisou Haibara que Satoru estava tendo uma crise e partiu para encontrar esse homem. Suguru não pensou duas vezes e dirigiu rapidamente para a casa do ex-namorado. Mesmo que não tivessem mais um relacionamento, ele nunca iria deixar Satoru sozinho.

— Desculpe por dar trabalho para você — Satoru estava visivelmente abatido. — Eu acho que continuo sendo um fardo.

Suguru balançou a cabeça em sinal negativo.

— Você nunca será um fardo para mim, Satoru. Eu realmente me preocupo com você e quero o seu melhor. Mas, por favor, não deixe de tomar os seus remédios. Essas atitudes imprudentes te prejudicam.

Satoru olhou para o líquido esverdeado na caneca.

— Eu não queria ser fraco.

— Quem te disse uma bobagem dessas? Você não é fraco por tomar remédios. A medicação vai ajudá-lo a se sentir melhor e, quem sabe, no futuro, nem vai precisar mais disso.

Ao ouvi-lo, Satoru sorriu amargamente.

— Eu não acredito nisso. Acho que o trauma sempre vai me acompanhar. Eu penso que, se estivesse em casa quando aquilo aconteceu, poderia ter salvado os meus pais.

— Se você estivesse lá, provavelmente teria sido morto também. E eu estaria sozinho agora, sem o meu melhor amigo.

Então, Satoru ergueu os olhos azuis em direção ao moreno.

— Quer dizer que você me perdoa?

— Eu disse isso no dia em que você foi na minha casa. Eu já te perdoei, Satoru — Suguru murmurou. — Só tenho receio de me aproximar de você novamente porque ainda sinto amor por você.

Satoru levou uma mão até a de Suguru, o tocando gentilmente. Para a sua surpresa, o moreno não recuou.

— Eu também tenho sentimentos por você.

Em silêncio, eles se observaram. Olhos que desciam em direção a suas bocas e mãos que se tocavam timidamente. Porém, Suguru se lembrou de Haibara, e no quanto ele foi compreensível quando o namorado disse que iria na casa do ex. Ele não podia simplesmente traí-lo.

— Você quer se deitar? Vou te acompanhar até o quarto.

Assim, Satoru se levantou, ainda oculto pela coberta, como um fantasma, apenas com o rosto para fora do tecido quentinho. Suguru retirou a caneca das mãos do outro, deixando isso na pia. Em seguida, caminhou com o albino até no quarto, onde se sentaram no colchão.

— Eu sinto tanta saudade de dormir com você — Satoru comentou com uma expressão miserável em sua face.

Suguru também sentia saudade disso. Com frequência, ele resgatava em sua mente a lembrança de todas as noites que dormiu abraçado com o albino, com esse homem o apertando em seus braços ou com uma perna por cima de seu corpo, quase o empurrando para fora da cama. Mesmo assim, era reconfortante. Suguru se sentia em paz e verdadeiramente amado. Como se os problemas não importassem.

E foi assim que tudo entre nós acabouOnde histórias criam vida. Descubra agora