Emy estava a caminho do trabalho, presa em pensamentos vagos e longe de sua realidade. Foi quando ela topou com uma pedra na calçada, que 'acordou' para a vida, seus olhos cansados e confusos vagaram pela rua fria com pessoas cansadas de seus trabalhos e suas vidas. Deprimente.
Foi quando ela notou o hospital com uma placa enorme escrita: "Precisa-se de médicos!" Não era novidade, já que alguns dias atrás ela havia visto isso num jornal que lhe foi entregue. Até tinha pensado em ir, mas a incerteza ainda estava presente em seu coração. Emy nem estava disposta, desde a vez que chorou na frente de Francis que estava daquela forma.
Noites mal dormidas, mal falava com Francis, sua mente confusa lhe arrastando para longe. Emy estava fora de órbita.
— Eu adoraria ser seu paciente – uma voz grave e áspera se fez presente atrás da mulher. Seu corpo se arrepiou por inteiro e seu estômago se embrulhou no mesmo instante. Mesmo que não o conhecesse, seus encontros inconvenientes com aquele homem lhe deixavam atordoada e apreensiva, odiava a sensação que ele trazia sobre ela. Sempre lhe intimidava, tanto com o físico como a horrorosa personalidade asquerosa, esse era... Louis.
— Por que você está aqui? Saia de perto de mim – a voz dela tremulou assim como seu corpo que se agarrava a si mesma.
— Por que você está com medo querida? Senhora Emy.. não me diga, nunca lhe fiz mal algum – respondeu Louis de maneira cínica e irritante.
A morena já estava assustada e irritada com a presença daquele homem. Louis era tão cínico quanto transparecia, como era capaz de se deliciar com o medo e o desespero dela? Que tipo de pessoa era ele que sentia prazer em deixá-la perturbada?
— se não sair de perto de mim.. eu vou gritar – ameaçou.
— Grite.
— Estou falando sério, eu vou gritar
— Então grite, não estou lhe impedindo, sou todo ouvidos
Louis é de longe e de perto, o homem mais ridiculamente cínico e imbecil que Emy pudera conhecer. Seu estômago se revirava, sua vista ficava torta e suas mãos suavam, ela odiava aquela sensação que ele lhe trazia. Seus pés cabalearam para trás se afastando dele.
— Já vai?
Emy apenas saiu andando rápido sem olhar para ele mas foi capaz de ouvir uma risada sair dos lábios dele. Ela não sabia oque ele poderia fazê-la, e com o medo lhe atormentado, ela passou a correr até o prédio onde trabalhava entrando rapidamente dentro da cabine assustando James. Seu colega.
— N-não me mate!! – gritou o ruivo assustado se escondendo com o jornal. A mulher não respondeu, apenas o olhou com desdém e indignação enquanto se escorava na porta atrás de si, ofegante. — James.. sou eu – ela disse.
James por sua vez, abaixou o jornal do rosto e olhou Emy de cima a baixo, incrédulo.
— Por que entrou assim?! Parece até que viu fantasma caramba! – reclamou, se endireitando na cadeira. — Achei até que eu iria dessa pra melhor... cruzes
Emy bufou, passando a mão pelo rosto enquanto suspirava baixinho.
— Oque aconteceu com você ein? Tá com uma cara de quem não dorme a semanas.. brigou com o Francis? Ele te fez algo? Se ele fez..
— James, ele não fez nada – interrompeu — Só estou um pouco cansada, nada demais.. agora você pode ir pra sua casa, obrigada – continuou Emy, puxando o rapaz da cadeira. — Bom, tudo bem então, tenha um bom turno e se cuide ok Emyzinha? Não quero cumprir seus dias doente... – sorriu James de forma sacana.
Emy apenas revirou os olhos e se jogou sob a cadeira, pegando alguns documentos sob a mesa completamente bagunçado. James.. A mulher ficou na cabine fazendo seu serviço por longas três horas até se deparar com Francis.
A garganta dela se fez em um nó e seu corpo ficou tenso, a feição de Francis estava mais séria que o normal. E aquilo lhe deixava um pouco tensa.
— Boa tarde.. – ela sussurrou.
— Você está bem querida?
— Ah.. estou e você?
— Um pouco cansado do serviço, vou descansar um pouco para mais tarde, posso entrar aí?
Emy apenas concordou com a cabeça e abriu a porta de sua cabine para que ele entrasse, Francis por sua vez abraçou-a com carinho lhe beijando a testa.
— Se cuide, ok?
E sob a simplicidade de um beijo no rosto ele sorriu e se retirou, caminhando para o interior do prédio. Deixando-a em seu horário.
20 de maio de 1955. 02:47PM
A madrugada já havia começado assim como o plantão noturno de Emy. A mulher estava jogada sob a cadeira, ocupada com suas dores, Francis já havia saído para atuar em um outro emprego noturno. Alguns moradores já haviam voltado e outros saído para seus tristes serviços noturnos.Emy Laurent
Meu corpo havia entrado em total colapso desde algumas semanas. Tão de repente todas as minhas energias evaporaram. Sentia-me desorientada e alucinando acordada. Havia duas ou quatro noites seguidas em que eu não conseguia dormir e já estava entrando em uma crise nervosa. Não fazia ideia de como tinha chegado a este ponto tão rápido. Apenas havia caído em um completo estado de insônia. Uma pequena e sombria voz dentro da minha cabeça estava a me perturbar o tempo todo.
Provocando-me a cair em delírios. Eu sempre me cuidei, mantinha uma alimentação saudável e uma rotina estável, não havia motivos para que eu adoecesse assim. Porém, não sentia como se isso afetasse somente o meu estado físico, contudo, o meu psicológico e, de alguma forma, espiritual.
Eu estava agonizando dentro do meu próprio corpo e temia estar à beira da loucura. Francis pareceu ter notado a condição em que eu estava, mas não transpareci a gravidade, afinal, ele poderia acreditar que estou assim desde a última noite quando não consegui continuar com o sexo e que isso seria consequentemente sua culpa. Apenas saí da cabine quando já não havia mais sinal de pessoas na entrada do prédio, pois não queria lidar com algum morador neste momento.
Cansada de estar no banco da cabine minúscula, fiz o esforço que pude para me por de pé e saí me arrastando como um drogado qualquer até o lado de fora. Estava tão fora de mim que acabei tropeçando em meus próprios pés. — Merda! — Apoiei o corpo na parede ao sentir uma enorme pressão me puxar para baixo. Alonguei os ombros, os girando para trás e estiquei o pescoço para os lados. Me recusava a cair, porém, me sentia cada vez mais fraca ao lutar. Meu estômago estava frágil e minhas pálpebras pesavam. Eu não conseguia dormir, mas também não sabia como me manter desperta. Estava atordoada com um amontoado de pensamentos desconexos na cabeça que não conseguiam se encaixar e esse sentimento me rasgava por dentro.
Minha mente adoecida me trouxe à farmácia. Nem mesmo prestei atenção ao caminho que estava seguindo, apenas "acordei" quando um vento frio atingiu meu corpo tão frágil. Durante 10 minutos seguidos, me vi parada ao lado de fora, encarando o local, sem conseguir enxergar nada com precisão. Estava no modo automático quando saí. Não fazia a menor ideia do que estava fazendo, parecia uma bêbada ambulante, sem o menor controle de si. Me segurava em capô por capô de cada carro por onde passava, seguindo em direção a entrada. A sensação de desmaio me dominava e minhas pernas fraquejavam. Estava tão exausta que só queria fechar os olhos e cair.
Continua...
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𝑀𝑖𝑙𝑘𝑚𝑎𝑛, 𝑚𝑦 ℎ𝑜𝑛𝑒𝑦.
FanfictionAonde nossa porteira querida cujo nome é Emy, se encontra numa enrascada por culpa do inquilino suspeito do prédio onde trabalha, Francis. Um homem alto, misterioso e com olhos cansados e penetrantes, por que ele estaria fazendo esse auê todo tão si...