Throw up your pain

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Nota da autora: Esse capítulo contém cenas fortes, de um relacionamento abusivo.

Eram 3 da manhã e eu fui acordado com uma ligação no meu celular, de Luke. Revirei os olhos e desliguei, tentando dormir novamente. Ele sempre fazia isso, sempre ficava bebado e me ligava pra proclamar seu amor por mim, e eu sempre mandava ele se foder. Quando eu estava quase dormindo, meu celular começou a vibrar novamente, não olhei quem era, por que provavelmente era Luke de novo, e desliguei a ligação, mas ele tocou de novo, e eu olhei o visor irritado, vendo que quem me ligava agora era Kendall. Atendi a ligação.

-São três da manhã no reino unido Kendall, para de encher meu saco. - Sussurrei para não acordar Louis.

-Harry? Porra que merda, não to te escutando. - Ela gritava do outro lado do telefone, estava em um lugar muito barulhento, provavelmente em alguma festa. Uma pontada de inveja me atingiu. - Não desliga, espera aí.

Esperei impaciente e o barulho foi diminuindo, ouvi uma porta se fechar na ligação e o barulho cessou.

-Pronto...Harry, fodeu. - Ela falou alto, e eu me desesperei um pouco.

-O que aconteceu? - Tentei falar o mais baixo que pude, mas vi Louis se remexendo na cama.

-Estamos em uma festa, todo mundo...Eu, minha irmã, Cara, Taylor..

-Eu sei quem é todo mundo, me ligou para esfregar isso na minha cara? - A cortei impaciente e percebi que Louis mandava eu desligar o celular por que eram 3 horas da manhã e ele queria dormir.

-E Luke, Harry. - Senti meu corpo se enrijecer, e meu coração parou por um instante. - Ele fez merda, de novo.

-C-como assim? - Eu sinceramente já imaginava o pior. Senti minhas pernas enfraquecerem só de ouvir aquele nome. Minha cabeça girou.

-Desliga isso, Styles. - Louis me olhou bravo, mas naquele momento eu já estava cagando pra o barulho, e cagando pra Louis.

Ok, agora fodeu.

-Ele bebeu pra caralho, e tá drogado. Ele começou a falar de você pro Ashton, e ficou muito, muito bravo com você por que você não atendeu a ligação dele. - Senti meus dedos tremerem e meus olhos esquentarem. - Ele vazou uma foto sua, fumando um baseado em uma festa.

Realmente fodeu. Sou uma pessoa morta.

-Harry?? Ta ai? - Kendall gritava do outro lado da ligação e percebi que ela estava levemente alterada, mas eu não conseguia responder, nao conseguia reagir ao que ela tinha acabado de falar. - Você se matou? Me responde!

-Não me matei mas estou pensando em formas de fazer isso antes que meus pais façam. - Desliguei o telefone, e senti meu rosto ferver de raiva. Procurei o número de Luke, e começou a chamar. Minhas mão tremiam e eu já sentia as lágrimas quentes escorrerem pelo meu rosto.

-Oi, meu amor.. - Sua voz estava arrastada, e eu senti muito, muito nojo.

-Vai se foder Luke! Vai pra casa do caralho! - Comecei a gritar e vi Louis se assustar. Ele ia me repreender por estar gritando, mas viu que eu estava chorando e decidiu não falar nada.- Eu não atendo uma porra de ligação e você vaza foto minha. Você ficou louco?

-Hazz... Você sabe que eu sou louco, por você. - Senti vontade de jogar o celular na parede. E me jogar contra a parede. E bater a cabeça na parede até a porra da parede quebrar. - E não foi por que você não atendeu a minha ligação.

-Por que então, Luke? Onde voce tá com a porra da cabeça? - Eu andava nervosamente pelo quarto puxando meus cabelos com certa força.

-Você não atendeu as minhas ligações, e não respondeu minhas mensagens a semana toda. - Ele ainda continuava a falar em um tom muito calmo, e com a voz arrastada. Estava completamente bebado. - Você me desobedeceu, Hazz. Eu disse que ia te foder se você não me obedecesse, e eu mandei você atender minhas ligações.

Não sabia nem o que falar, apenas comecei a chorar alto, e me perguntei o que eu tinha feito de tao ruim nas minhas vidas passadas pra merecer isso.

-Não chora, meu amor. Você sabe que eu não gosto quando você chora. - Senti um enjoo no estômago, minha garganta começou a queimar. - Agora seja um bom menino e me atenda quando eu ligar. Preciso ir. Te amo, meu cacheado.

-Vai se foder! Me deixa em paz! - Gritei pro telefone, e cai no chão, sem força pra nada.

-Não faz assim Harryzinho, ou quer que eu piore sua situação? - Eu podia sentir o sorriso em seu rosto, de quem estava ganhando, de novo. Ou melhor, era o sorriso de quem nunca perdia, e eu conhecia muito bem esse sorriso. - Diga que me ama.

-P-por favor, Luke... - Supliquei em voz baixa.

-Você acha que eu to brincando porra? - Quem gritava agora era ele. - Fala que me ama, antes que eu foda de verdade com a sua vidinha de merda.

-E-eu te amo. - Falei baixo, contra a minha vontade e senti mais enjoo ainda.

-Eu tambem te amo, Hazz. Tenho que ir agora, se comporta.. - Ele desligou o telefone, e eu fui correndo para o banheiro.

Não consegui nem fechar a porta, me ajoelhei na frente da privada e vomitei tudo que tinha no meu corpo. Sentia os calafrios, o suor escorrendo pela minha testa, as lágrimas saindo do meu rosto, e sentia muito, muito nojo.

Nojo de mim, por ter falado que o amava. E nojo dele, por ter me obrigado mais uma vez a fazer algo que eu não queria.

Eu me culpei muito, por muitas coisas. Me culpei por ser fraco, e manipulável. Me culpei por ter aceitado tanto, e me culpei por ter o amado. Eu amei como ele fazia com que eu me sentisse incrível, eu amei como ele me tocou, e eu amei muitas coisas nele. Amei, no passado, por que agora só sobrou o ódio. Tudo que ele fez foi me quebrar aos poucos. Ele me diminuiu a átomos, até não sobrar nada.
E então eu parei de me culpar, por que a culpa é toda dele, e isso me dá mais nojo ainda.

Nesse momento eu não estava nem pensando no que meus pais fariam comigo assim que vissem essa foto, eu só conseguia me sentir sujo, e sozinho, como sempre.

Mas ai eu senti uma mão pequena afastando o meu cabelo do rosto enquanto eu vomitava, e outra pequena mão fazendo carinho em minhas costas, e foi bom, por que geralmente quando eu vomitava de nojo de Luke, eu tinha que prender os cabelos, mas pela primeira vez tinha alguém os segurando.

A ultima coisa que eu me lembro antes de desmaiar completamente foi da voz de Louis, dizendo que ia ficar tudo bem. Senti que pela primeira vez na vida, talvez realmente tudo ficaria bem.

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