Acordei um pouco depois. Ao olhar pela janela, percebi que o dia estava amanhecendo. Meu cabelo estava preso com um de meus prendedores que eu deixava no banheiro, e eu estava sem camiseta. Olhei ao redor, e Louis estava sentado em sua cama, com as pernas cruzadas me observando, pude perceber que ele estava preocupado.
-Você está parecendo um maníaco me observando desse jeito enquanto eu durmo. - Tento sorrir, mas a queimação na garganta por ter vomitado faz com que eu esboce uma careta.
-Você desmaiou. - Sua voz era baixa, e ainda estava rouca.
- Me desculpe, isso acontece de vez em quando. - Era verdade. Sempre que Luke me tirava do sério, eu ficava ansioso, e com raiva, e triste. Eu sentia tudo, e frequentemente vomitava, e suava frio, e meu coração batia mais rápido do que deveria, então quando eu atingia o maior nível de pânico e ansiedade, e quando todos os meus neurônios queimavam de ódio, eu desmaiava.
-Você me assustou, Styles. - Ele se levantou e me entregou uma garrafinha de água, eu bebi um gole, ainda sentindo a minha garganta arranhando violentamente. - E você é pesado pra caralho, por sinal.
-Auch! - Dou risada e me sento na cama. - Cadê minha camiseta?
-A sua camiseta estava fedendo a vômito. Tive que tirar. - Vi que ele estava envergonhado, e ri com a sua inocência.
-Obrigado, Louis. De verdade. - Sorri para ele, mas ele desviou o olhar e murmurou um "por nada".
-Vai me contar o que aconteceu? - Ele pergunta depois de alguns minutos de silêncio, e eu sinto meu estomago afundar novamente só de pensar no que aconteceu.
-Prefiro esquecer isso. - Bebo mais um gole de água. - Se é que isso é possível.
-Eu gostei da sua tatuagem, o que significa? - Olho para baixo para ver a minha própria tatuagem, uma mariposa tatuada no meu estômago. Sorrio com o seu elogio.
-Significa que eu tatuei uma mariposa gigante na barriga.
-Styles, você está cheio de gracinha para alguém que acabou de passar duas horas desmaiado.
-Não tem um significado. Queria fazer uma tatuagem e se precisava ter algum significado, escolhi o meu sentimento favorito.
-Borboletas no estômago. - Louis concluiu e eu assenti com a cabeça.
-Eu amo o sentimento de estar me apaixonando por alguém. Quando tudo é perfeito e você só consegue pensar como você espera para ver aquela pessoa. Quando tudo que ela faz parece fazer sentido. Quando você se arruma de mais para chamar a atenção daquela pessoa. Eu amo a animação, a excitação e a paixão do começo de um novo amor, onde as coisas são fáceis e tudo se encaixa perfeitamente. - Suspiro triste. - Bom, eu amava, quando fiz a tatuagem. Eu amava as borboletas no estomago.
-Caralho. Isso foi profundo. - Louis tenta descontrair o clima pesado, mas eu estou seriamente afetado com tudo que aconteceu. E lembro da época que eu me apaixonei por Luke, do dia que eu fiz essa tatuagem, e de repente eu só queria sumir. O silencio toma conta do quarto de novo.
-Vamos fazer um jogo de perguntas. - Percebo que ele está tentando me distrair, e eu aprecio o gesto, me sentando na cama e ficando de frente para ele.
-Um jogo de perguntas?
-Sim, eu pergunto e você responde. Espero que não seja tão difícil para o seu intelecto. - Ele brinca e eu dou risada.
-Manda a ver.
-Qual a pessoa mais famosa que você já conheceu na sua vida? - Louis se senta de frente para mim e começa o interrogatório.
-Hmm... - Penso por um instante. - Não sei, Brad Pitt, Tom Cruise, Justin Bieber... - Começo a listar mas sou interrompido por Louis.
-Não é assim que funciona, você só pode responder uma pessoa! - Ele diz frustrado, o que me faz rir.
-Certo. Brad Pitt então.
-Quem é seu melhor amigo?
-Essas perguntas são difíceis! Eu não tenho um melhor amigo. - Reclamo frustrado e Louis me olha com censura, com quem diz "impossível você não ter um melhor amigo" - Okay... Shawn Mendes.
- Quem é sua melhor amiga?
-Kendall Jenner.
-Qual foi a pessoa mais famosa que você já transou. Seu ex não conta.
- É serio isso? - Rio com a sua audácia e ele me encara sério.
-Pareço estar brincando?
- Kylie Jenner eu acho.
-Uma mulher? Não esperava por essa. - Louis me olha surpreso e eu dou risada. Aquele jogo de perguntas estava funcionando, eu não estava pensando em mais nenhuma das merdas que aconteceram.
-Todos temos nossos fantasmas do passado. Não me orgulho, mas aconteceu.
Nós dois demos risada, e Louis me fez contar essa história, de um dia que estávamos todos bêbados na minha casa em Malibu, e eu decidi questionar a minha sexualidade e transar com Kylie. E como nós rimos disso por meses depois.
Passamos as próximas horas conversando, ele me perguntava coisas sobre a minha vida Hollywoodiana e eu respondia, contando muitas histórias que deixaram Louis chocado. Rimos muito, e quando percebemos, o sol já iluminava todo o quarto e estávamos atrasados para a aula.
Percebi que sai do banho sorrindo, por que depois de muito tempo fingindo ser outra pessoa em Los Angeles, ali na Inglaterra, em um quarto de quarenta metros quadrados e com um garoto que eu mal conhecia, eu pude ser eu mesmo. Eu estava ainda com vergonha da situação que Louis me viu de madrugada. Chorando, gritando, vomitando e desmaiando. Mas ele não pareceu ligar pra nada disso, ele só estava preocupado em me fazer esquecer tudo aquilo, mesmo que ele nunca fosse admitir isso, eu vi que o preocupei. Isso era novo, por que as pessoas não costumavam se preocupar comigo, elas se preocupavam com o que eu aparentava ser na frente das câmeras, na mídia, ou com a minha reputação. Ele me fez rir, e esquecer totalmente sobre Luke. E não me julgou quando eu disse tudo que eu aprontei nas after partys dos Oscar's, nem quando eu falei mal de metade dos famosos que eu conhecia. Eu fiz ele rir com as minhas histórias e vi ele gargalhar pela primeira vez, e eu adorei esse som.
Quando saímos do quarto para tomar café de manhã eu senti algo incomodando o meu estômago.
Borboletas.
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Boarding School | L.S
FanfictionHarry vivia muito sem sentir nada, Louis sentia muito sem viver. O destino os colocou como colegas de quarto em um colégio interno em Londres. Eram diferentes de mais, mas eram igualmente quebrados. E eles tentaram consertar um ao outro, mesmo que...