Capítulo 1

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(Sofia)

Olho pela janela do meu carro e vejo as montanhas cobertas de neve. A vista é tão linda, que decido parar na estrada e sair do carro para poder apreciar a paisagem. Nunca vi um lugar tão lindo e mágico como essa cidade, e as fotos não a fizeram justiça. Parece que estou dentro de um cartão postal, e não sei se é o fascínio do lugar, mas pela primeira vez a perspectiva de recomeçar me dá esperança e não medo. Estou ansiosa com a completa reviravolta da minha vida, mas de um jeito bom. Quero essa novidade, essa mudança. Quero recomeçar e finalmente ser a protagonista da minha vida e não o coadjuvante da vida dos outros.

Volto para o meu carro e vejo o meu celular tocar pela terceira vez. Quando disse a Gregory que poderíamos ser amigos não era isso que esperava. Nunca vou conseguir simplesmente esquecer que Gregory fez parte da minha vida, não só porque ele me salvou de muitas formas, como por também ser eternamente grata a ele. Se não fosse por ele, hoje eu não teria nada. Talvez minha melhor chance seria ter virado uma striper em alguma boate obscura, ou coisa pior.

Muitas pessoas acham que há limites para o que se deveria fazer por dinheiro, e concordo. Porém, quando é uma questão de sobrevivência, há poucas coisas que um ser humano não faria no desespero. E foi em um desses momentos que conheci o Gregory. Tinha acabado de fazer dezoito anos, recém expulsa da casa dos meus pais adotivos e sem um centavo no bolso. No começo tentei procurar emprego de qualquer coisa, mas não há muitas oportunidades em Los Angeles para uma adolescente sozinha e sem endereço fixo.

Bom na verdade até há algumas. Muitas vezes quando me viam entrando em um restaurante ou lanchonete para pedir um emprego, os homens me olhavam de cima abaixo e viam uma presa fácil. Sei que sou uma mulher atraente, muitas vezes tive que dormir com um olho aberto nas casas que me acolheram porque via como os pais ou os irmãos me olhavam. Não sou burra quanto ao meu apelo ao sexo oposto. Eles viam o meu longo cabelo escuro, os meus olhos castanhos claros assustados e o meu corpo curvilíneo e só podiam pensar em um coisa: sexo. Não cheguei a estar tão desesperada a ponto de aceitar um daqueles homens nojentos, principalmente porque tive a sorte de encontrar coisa melhor. Não julgo as meninas que precisam pegar qualquer oferta, não somos diferentes, eu só tive mais sorte de encontrar uma boa pessoa para me ajudar.

Então, um dia, morando na rua com fome e frio, vi um homem bem vestido andando pela Boulevard. Comecei a segui-lo, não sabia muito o porquê de início, mas logo imaginei que se tivesse a oportunidade eu o roubaria. Claro que não era o melhor plano possível, já que nunca havia roubado um lápis em toda a minha vida. E quando o homem parou para atravessar a rua, rapidamente fui pega por ele tentando furtar a sua carteira. Quando ele prendeu o seu frio olhar azul em mim, achei que estava acabada. Pensei, é isso. Como dizem, tudo pode piorar, e agora vou ser fichada como ladra. O que não esperava de jeito nenhum era encontrar bondade e aceitação nos braços desse desconhecido.

Gregory me acolheu no mesmo dia. Contei toda a minha história chorando para ele, e Gregory secou as minhas lágrimas e me segurou apertado em seu abraço. Em pouco tempo ele mudou a minha vida, e de sem teto passei a morar em uma cobertura de quatro quartos e vestir apenas alta costura. Ele me ajudou a entrar na faculdade, pagou por tudo e me deu qualquer coisa que meu coração sonhasse. Foi praticamente impossível não me apaixonar por ele. Nos meus dezoito anos de vida nunca tinha tido ninguém para cuidar de mim. Com apenas quatro anos fui parar no sistema, e desde então pulei de casa em casa com inúmeras famílias adotivas que não davam uma merda para mim.

Eu olhava para aquele homem lindo, bem sucedido e gentil e via o meu cavaleiro salvador. Não me importava que ele era vinte e cinco anos mais velho do que eu. Para mim não existia homem melhor do que ele.

E o nosso relacionamento foi bonito. Apesar da balança claramente desfavorável para mim, Gregory nunca me fez sentir em dívida com ele ou um fardo na sua vida. Muito pelo contrário, ele sempre fez questão de me dizer que o amor e carinho que dava a ele era muito mais valioso que qualquer bem material que ele pudesse me dar.

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