Capítulo 8

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(Sofia)

Acordo em um sobressalto, sentando na cama sem entender o que diabos perturbou o meu sossego. Por um momento olho ao redor do meu quarto confusa, até que a minha visão foca e eu saio do estado de sono profundo que estava. Alcanço o meu celular na mesinha de cabeceira e vejo que já passam das onze, e no entanto, eu certamente poderia dormir mais umas duas horas. Não consegui pregar o olho essa noite. Desde que me despedi de Lucas Tatum na porta do restaurante, ele tem sido o meu único pensamento. Passei a noite imaginando como seria beijar a sua boca, tocar o seu corpo e ser apenas dele.

Se o seu plano ao me perseguir até o restaurante era me deixar louca por ele, foi definitivamente bem sucedido.

Fiquei repassando a noite na minha cabeça, maravilhada em como me senti confortável ao lado dele. Disse coisas sobre o meu passado que apenas Matt e Greg sabem, coisas que tenho vergonha e receio de compartilhar, mas que com Luke falei naturalmente. Quando ele me disse sobre os seus pais, meu coração se quebrou por ele e vi que temos mais em comum do que julgava ser possível.

Não vi pena ou repulsa quando contei sobre a minha infância em lares temporários, pelo contrário, ele se mostrou interessado e empático. Mesmo assim não consegui falar mais, e para a minha surpresa, ele também não pressionou e seguimos a noite. Esse homem pode ser de muitas formas insuportável, mas sem dúvida é especial.

Uma forte batida na porta da frente me assusta interrompendo os meus devaneios, e finalmente entendo de onde vinha o barulho que me acordou. Que merda. Odeio visitas inesperadas e não estou nem um pouco pronta para socializar. Quase considero não atender, então penso que pode ser Luke, e com uma rapidez incomum para o meu estado sonolento, pulo da cama e corro pela casa. Nada patética.

Abro a porta com um sorriso que rapidamente vira uma expressão de puro choque ao ver de quem se trata.

Parado com o que deve ser a sua concepção de "roupa de campo", está o meu melhor amigo. Sua calça jeans tem alguns desgastes que claramente são propositais, e a sua camisa de flanela ainda deve ter a etiqueta da grife onde ele comprou. Para completar, ele está usando uma bota de couro novinha que tenho certeza que deve estar apertando o seu pé. Não que ele vá reclamar, já que o seu comprometimento com a moda é maior do que qualquer dor.

- Poxa, não está feliz em me ver? - Matthew me dá um olhar aguçado fazendo um biquinho - Isso que é recepção!

- Claro que estou! - me recupero puxando-o para um forte abraço - Só não acredito que você está mesmo aqui.

O aperto contra o meu corpo quase chorando de alegria em vê-lo. Apesar de serem poucos dias, foram anos grudados um no outro e não estamos acostumados a ficar tanto tempo fisicamente longe. Só de sentir o perfume do meu amigo já sinto aquela sensação de lar que só temos perto de quem amamos.

Nos afastamos e ele entra na minha casa arrastando duas malas enormes. Sua atenção passa por toda a sala, e de braços cruzados, ele começa a criticar o que acha simples demais e elogiar com relutância as coisas que não há como ele negar que gosta. Sei que ele quer odiar tudo só para me convencer a voltar para LA, mas nós dois sabemos que não vai funcionar. Por mais que eu sinta falta do meu amigo com verdadeira loucura, cada minuto que passo aqui fica mais claro que essa cidade é o meu novo lar. Ainda mais agora.

Não posso em sã consciência considerar relevante a presença daquele policial desbocado para a minha permanência ou não na cidade.

De jeito nenhum isso passou pela minha cabeça.

- Está me escutando, linda? - Matt se joga no sofá e coloca as suas longas pernas cruzadas em cima da mesinha de centro - Onde a sua mente está?

- Em lugar nenhum. - reviro os meus olhos sentando ao lado dele e me inclinando no seu ombro quando ele passa o seu braço atrás de mim no sofá - Acabei de acordar, ainda estou sonolenta. - viro a minha cabeça para encará-lo dando um sorriso feliz - Estou tão feliz que está aqui, mas como já conseguiu folga? Achei que ia esperar um pouco até a saudade apertar.

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