Capítulo 3

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(Luke)

- Chefe, a senhora Lewis ligou dizendo que viu um carro estranho ir para a propriedade da prefeita. - minha secretária me grita de fora do meu escritório - Você pode ir checar?

Passo as minhas mãos pelo o meu rosto e respiro fundo tentando não me irritar. Senhora Lewis está sempre buscando algum motivo para ligar para a delegacia e me pedir para averiguar uma ameaça iminente. É sempre a mesma tática, ou ela viu um carro estranho, ou ouviu um barulho estranho e algumas vezes até mesmo descobriu um animal estranho. Ela é uma mulher viúva e bonita, e já tentei diversas vezes recusá-la de maneira educada, mas ela não desiste. Parece que desde que o marido morreu, sua única meta é se casar novamente, e o objetivo da vez sou eu. Apenas a minha fodida sorte.

Sei que sou um alvo suculento para as solteiras da cidade. Não estou sendo convencido, é só a realidade. Sendo um ex SEAL eu vi e fiz muita merda perigosa nos meus dias na elite da marinha, mas também construí um corpo invejável para muitos atletas. Com os meus quase dois metros de altura, os meus olhos azuis que segundo a minha avó "hipnotizam as garotas" e o meu jeito silencioso, acabo sendo um mistério para as mulheres das redondezas. Até mesmo a minha barba grande e o jeito que tenho usado o meu cabelo escuro um pouco maior tem sido tópico de fofoca entre as solteiras, todas muito animadas com a perspectiva de ser a primeira a me domar. Por isso, muitas vezes o mais seguro é me esconder no meu escritório dentro da delegacia.

Desde que voltei para a cidade há cinco anos atrás, assumi a delegacia. Foi natural seguir com o legado do meu avô, que foi chefe de polícia por quase trinta anos. Tenho muito orgulho do meu trabalho na cidade que nasci e fui criado, mas muitas vezes é um pé no saco. Ainda mais quando sou obrigado a ir em casas como a da senhora Lewis. Juro por Deus, se eu relatasse em documento todas as vezes que cheguei na casa de senhoras solteiras e elas estavam de lingerie tentando me seduzir, já teríamos um grande caso de assédio sexual.

Eu não namoro com ninguém da cidade, simples assim. Squamish é uma cidade linda, e jamais sairia daqui, mas a população geral é de pouco mais de dezenove mil habitantes. É comum você namorar uma menina e depois a amiga dela, então a prima e por fim a irmã. Isso não cai bem para mim nem fodendo. O dia em que eu achar a minha mulher, não quero que ela tenha que encontrar a cada esquina com as mulheres que me relacionei no passado. Nunca tive uma mulher para mim, mas sei que quando a única chegar vou ser um filho da puta ciumento. Me enlouqueceria ter que encontrar com algum ex dela pela cidade.

E é por isso que nunca namorei aqui, nem mesmo na escola. Na adolescência tinha acabado de perder os meus pais e estava muito ocupado sofrendo e cuidando do meu irmão mais novo para pensar em meninas. Então, pouco depois dos meus dezoito anos saí para a marinha, e nas vezes que voltei para casa, quando queria algum tipo de alívio, sempre ia para as cidades vizinhas. Hoje, no alto dos meus trinta e cinco anos, acho que cansei de casos de uma noite só. Às vezes ainda vou para a cidade vizinha com o meu irmão e amigos, mas está cada vez mais raro. Talvez só esteja velho demais para essas merdas.

- Janine, a Hope não alugou a propriedade dela para alguém de fora? - pergunto sem paciência - Avisa a senhora Lewis que é apenas o novo morador da cidade.

Minha secretária aparece na porta do meu escritório com uma carranca.

- Acha que já não tentei? Ela disse que foi até a casa da Hope - ela faz aspas com os dedos quando diz a próxima palavra - investigar quem era, mas que a música está tão alta que teve medo de bater na porta. Ela está receosa que possa ser - Janine coloca os seus óculos cravejados de pérolas, pega a sua prancheta com as anotações que ela provavelmente fez durante a ligação e lê - algum forasteiro que faz farra regada a drogas e músicas eletrônicas. Seja lá que merda isso quer dizer.

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