Péssima peça

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• Minji point of view •

Na minha cabeça, só se passavam uma coisa: lutar.

Acabei passando tanto tempo como mulher aranha que, esqueci que também vivia como Kim Minji. Isso talvez tenha me prejudicado com coisas simples como: amizades, interações sociais.

Quando estou trajada, me sinto outra pessoa, e tomo outras atitudes que nunca faria como Minji. Em lutas, me sinto mais alegre, mais extrovertida, não mais calada e esquisita.

Só tenho dois amigos, três se contar com minha irmã caçula.

Hyein sempre me apoiou em tudo e é a única que sabe da minha identidade. Então, como a boa irmã que ela é, me fez uma lista de afazeres para me ajudar com minha crise anti-social. São cinco coisas que eu tenho que fazer em uma semana, se não, reprovo em seu teste.

1. Conversar com pessoas
2. Ajudar alguém (de qualquer forma)
3. Elogiar alguém
4. Fazer alguma atividade que envolva mais pessoas
5. Se revolver com aquela garota.

Sim, eu contei da Hanni pra ela. Eu conto quase tudo pra ela. O único problema é que: eu simplesmente não consigo falar com ela sem estar com meus trajes.

Tenho a sensação de que ela odeia a Kim Minji — vulgo eu — então é impossível falar com ela sem a estressar, sendo que eu faço isso até com o traje.

Eu acho ela bem legal, e queria a ter como amiga, mas isso soa tão... Estranho?

Já pensei várias vezes em revelar a minha identidade a ela, porém tenho medo que ela me odeie. Sei lá, vai que ela não gosta, ou não esperava que eu fosse a menina que ela odeia.

Parti para a escola pensativa, em como faria tudo isso sem causar uma discórdia interna e externa.

Chegando, queria concluir minha primeira missão antes do primeiro sinal tocar. Passei alguns minutos procurando por alguém que... Precisasse de ajuda?

Enquanto subia as escadas, percebi que uma garota de franja e um óculos de nerd meio torto tinha tropessado, e derrubou todos seus papeis no chão.

Perfeito.

A ajudei, pegando os papeis e quando olhei para ela, tive um déjà vu. Lembrei instantaneamente de quando vi Hanni pela primeira vez. Eu estava tão brava que acabei sendo grossa com ela, tadinha.

Enfim, devolvi os papéis e ela parecia bem grata.

— Obrigado! — Sorriu.

Observando os papéis na mão dela, percebo que é um tipo de roteiro. Mais uma boa chance de cumprir mais uma missão.

— De nada. Esses roteiros parecem ser bem feitos, foi você quem fez? — A elogiei.

— Sim! — Ela ficou pensativa — Você tem interesse em me ajudar em uma peça? Já temos o número certo de atores, só que uma menina da produção desistiu por quê está com covid.

— Isso ainda existe? — Foi uma pergunta genuína, mas em um tom engraçado que a fez rir.

— Com certeza — Disse em meio a sua risada — Mas, vai querer ou não?

— Pode ser.

Bingo! Matei três coelhos com uma cajadada só! Ajudar, elogiar e atividade em que envolva pessoas.

— Meu nome é Haerin, sou a diretora da obra. E o seu?

— Kim Minji — O sinal ensurdecedor tocou.

— Okay. Te espero depois da última aula no clube de teatro, Kim Minji.

Ela saindo andando de um jeito apressado, bem fofinho.

Nem sempre eu fui tão sozinha assim. Antes de me mudar para Seul, eu morava em outra cidade um pouco menor, e tinha muitos amigos legais lá. Porém, quando meu tio morreu, minha tia decidiu vir recomeçar a vida aqui, então, como eu moro com ela tive que vir também.

Depois das cansativas aulas, fui até o clube de teatro, aonde percebi que continha bastante gente.

Rolei meus olhos em busca da garota que tinha visto mais cedo, e a achei um pouco mais afastada, revisando os papéis. Quando me viu, abriu um sorriso e puxou para perto.

— Oi! Que bom que você veio — Me deu um papel — Você irá interpretar a mãe da Julia Greta.

— Que tipo de nome é esse? — Não foi para ser uma pergunta ofensiva, mas para a loira infelizmente soou como uma.

— Sem questionamentos! — Ela rapidamente procurou alguém — Vá até Hanni e pergunte suas dúvidas sobre a peça.

Antes mesmo de eu conseguir falar algo, ela foi embora me deixando muito nervosa. Não um nervosa de brava, mas um nervoso de ansiedade mesmo.

É capaz dela me dar um coice se eu chegar perto, como vou perguntar algo?

Caminhei em passos pesados até a Pham, que estava animada e conversando com sua amiga.

— Com licença, a Haerin disse pra mim perguntar as coisas da peça pra você — Disse com dificuldade e gaguejando. Que vergonha.

Hanni fechou a cara assim que me viu.

— De todo mundo aqui, por que justamente eu?! — Exclamou irritada.

— Ué, não sei. Pergunte isso a Haerin.

Ela me ignorou e começou a resumir muito rápido tudo o quê era preciso pra mim.

— Pronto, agora some! — Ela voltou a conversar com a Marsh.

Eu não entendi nada do quê ela disse, que dor.

Sentei em um banco largado pelos cantos e tentei decorar minhas falas. Até que ouvi um grito agudo de negação.

— O QUÊ? — Hanni gritou em cima do palco.

Logo fui mais perto pra entender o quê tinha acontecido.

— Ou, o quê rolou? — Perguntei para um garoto ao meu lado.

— Acho que a Hanni não sabia que iria ter que beijar o príncipe... — Ele respondeu.

— Hanni, é só um beijo técnico! Não tem nada demais nisso. Você consegue — Haerin tentava aconselhar.

— Eu vou morrer de vergonha — Ela choramingou.

Eu até ficaria com dó, mas ela me tratou muito mal hoje, então não vou ter piedade.

Ri em alto e bom som, e Pham lançou um olhar mortal pra mim.

Até quando você vai me olhar assim?

Spider Girl | BbangsazOnde histórias criam vida. Descubra agora