29-A verdade

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 Demônio...?

 Como ela sabe dessas coisas?

 Isso não faz sentido!

 Entro em estado de choque, paralisado, encarando os olhos azuis encararem o fundo da minha alma como quem exigia uma resposta imediata...O silêncio preencheu a sala e a unica coisa que podia se ouvir era minha respiração ofegante. Para cima e para baixo, tentava puxar o ar para que meu cérebro funcionasse.

 Oque iria acontecer se eu contasse para ela? Ela caçaria o Rui? Ela contaria a alguém? Chamaria a policia? Afinal, como ela sabe que eu fui atacado por um demônio? Tantas perguntas...Nenhuma resposta!

 Eu não quero colocar a vida de Rui em risco...Mas e se ala souber de algo extramente importante? Se ela pudesse me curar? Não há sentido em mentir para ela.. Seu olhar parece convencido, oque caralhos eu respondo para essa garota?

 ...

 Ela suspira, percebendo meu nervosismo. A mesma vai até uma caixa de primeiro socorros perfeitamente colocada numa estante, pega duas luvas de látex e um pano limpo e volta até mim, soltando sua voz em um quase sussurro:

 -Sabe Tsukasa...Sempre senti essa aura demoníaca em você, era difícil não notar o ar carregado de tanta energia em sua volta, porém nunca pude confirmar nada- Vestiu as duas luvas-  Eu queria poder conversar com você antes, mas nunca tive a oportunidade...Também não acho que você tenha cara de alguém que invoque demônios, mas posso sempre estar errada, correto?

 Sinto meu rosto esquentar no momento que sinto as mãos frias tocarem meu estômago dolorido, que magicamente parece começar a para de doer...

 -E-Eu não invoquei demônio algum!

 -Então alguém que conhece invocou?

 Bingo!

 Queria poder responder sua adivinhação rápida, mas algo tira minha atenção, como um flash: O buraco perfurado na minha barriga doía cada vez menos.

 Na verdade...Onde foi parar a dor? Olho para baixo e quase não acredito noque vejo...

 A ferida se fechava lentamente a medida que Honami mexia para lá e para cá com os dedos, fechando cada lacuna, instaurando a pele como se fosse nova! Meu queixo caiu a medida que aquela confusão enorme se reduziu a uma pequena cicatriz, logo abaixo do umbigo:

 -Isso deve ser o suficiente por agora! Tenha certeza de não ser atacado novamente nessa região, causaria um dano dez vezes pior que antes- Pegou o paninho e começou a limpar o sangue quase seco, que agora não mais escorria- Eu acho que levará umas duas semanas até estar tudo certo e a ferida se fechar por-

 -Como?

 A garota então volta a olhar ao meu rosto, parando completamente, dando algumas piscadelas e um sorriso meio duvidoso, claramente estava confusa:

 -Como o que?

 -Como sabe de tudo isso?

 -Eu...?

 Honami abaixa a cabeça, fixando os olhos no chão marcado por pequenas gotas do liquido vermelho, seu sorriso se fecha completamente e por certa vez parece até estar chateada.

 Esta é a vez dela ficar em silêncio. Agora sei como é estar do outro lado, esperando pela uma resposta, ansioso, porem não posso negar o quão difícil é responder assim tão desprevenido. Estamos quites agora.

 O barulho do ponteiro do relógio marcava os segundos num tique taque agonizante: De repente se passaram dez, quinze, vinte...Trinta? Quarenta e cinco? Cinquenta...Um minuto e nem sequer uma palavra.

☆"Querido" Demônio | Ruikasa☆Onde histórias criam vida. Descubra agora