Capítulo 4

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𝐴𝑛𝑛𝑖𝑘𝑎 𝐻𝑎𝑟𝑑𝑒𝑛

  Às cinco horas da manhã fui acordada pela música irritante do despertador da Samsung ecoando por todo o meu quarto. Catei o celular embaixo do travesseiro e, sonolenta, parei a música.

  Resmunguei em protesto, mas logo me lembrei o motivo dele estar tocando e saltei para fora da cama. Com os olhos semicerrados, desbloqueei o celular, procurando por alguma mensagem sobre meu passaporte, mas nenhum sinal da empresa. Tentei não pensar muito para não ficar ansiosa, e fui me preparar para uma longa viagem. Já havia deixado as roupas separadas ontem, então não precisei perder tempo procurando por elas.

  Tomei banho com calma e aproveitei para lavar o cabelo, esta parte fiz de forma mais agilizada.

  Terminado, penteei meu cabelo o prendendo num rabo de cavalo baixo, e deixando-o sem creme nas pontas para que ficasse cheio mais tarde. É o tipo de penteado perfeito para quem visa praticidade e beleza. Não passei nada no rosto além de um corretivo para esconder as olheiras e peguei minhas malas, andando para fora do quarto.

  Fui para a cozinha e preparei um café para tomar, forte como sempre.

  Olhei o relógio, cinco e meia da manhã, meu voo sai as sete. Com medo de atrasos, chamei um Uber. O valor da viagem se mostrou extremamente salgado, mas decidi abrir essa exceção, apenas um dia não fará mal, ainda mais para as circunstâncias de hoje.

  Caminhei pela casa, me certificando de que todas as janelas estivessem trancadas e saí. Tranquei a porta e caminhei até o carro parado em frente ao meu portão. O motorista me ajudou a colocar minha mala no porta-malas, e a mochila preferi que ficasse comigo dentro do veículo.

  Assim, nós partimos em direção ao aeroporto.

  Fiquei entretida com a paisagem à medida que o carro passava por ruas que jamais pisei. Prédios residenciais caríssimos e casas a beira da praia. Pessoas passeavam com seus cachorros pelas calçadas, usando roupas despojadas e óculos escuros, o sol começava postar-se quente no céu.

  Às seis e meia cheguei no aeroporto, paguei o valor de duzentos reais ao motorista e agradeci a ele quando me ajudou novamente com as malas. Olhei em volta, admirada com o tamanho do lugar e adentrei o aeroporto, um pouco perdida para onde ir e o que fazer. Beatrice havia me dito que alguém me encontraria aqui, mas não especificou quem.

  Caminhei até os bancos de espera e peguei meu celular, ansiando pelo contato deles comigo. Minhas mãos começaram a ficar trêmulas à medida que os minutos passavam, e nada acontecia. Será que fui enganada? Mordi a parte interior da minha bochecha com o pensamento pessimista. Bom, seriam quatrocentos reais de passagem de Uber jogados no lixo, pois ainda precisaria pagar mais duzentos para voltar para casa.

  Encarei o lugar, nervosa.

Como um sinal divino, uma mulher segurando uma placa com o meu nome, parecendo procurar por alguém, - melhor, por mim - surgiu em meu campo de visão. Imediatamente me levantei, e praticamente corri em sua direção.

— Bom dia, eu sou Annika. — Falei. Franzi a sobrancelha ao reconhecer aquele rosto. É a mulher  da loja, rica com sotaque francês. — Angélique? — Imediatamente, recordei-me de seu nome.

— Minha querida, você seguiu os meus conselhos! — Disse animada, e me puxou para dar dois beijos na minha bochecha. — Aqui, o seu passaporte. Quando chegares na França, irão te buscar, okay? — Ela falou, e eu assenti.

  Segurei no passaporte incrédula, olhando cada detalhe dele. Eles de fato conseguiram fazer um para mim em vinte e quatro horas. Quantos contatos influentes essas pessoas devem ter para fazer algo assim, em tão pouco tempo?

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