Capítulo 3

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𝐴𝑛𝑛𝑖𝑘𝑎 𝐻𝑎𝑟𝑑𝑒𝑛

  Minha noite fora um tormento.

  Assim que peguei no sono, fui inundada por pesadelos sem fundamentos do meu subconsciente louco, os cenários mudavam tão rápido que eu fui incapaz de acompanhar cada detalhe das monstruosidades que estavam presentes nele. Acordei diversas vezes durante a madrugada, suada e tremendo. Me perguntei se gritei em algum momento, pois minha garganta doía como se tivesse sido estrangulada.

  E foi esse tormento até as sete da manhã, horário em que eu desisti de dormir e decidi me levantar para tomar um café forte o suficiente para me manter acordada por três dias. Apesar de eu não ser uma fã assídua da bebida, era a única coisa que eu tinha em mente para espantar o sono naquele momento; as oito e meia organizei a cozinha e tomei um banho rápido para depois vestir minhas roupas.

  Organizei todos os meus documentos dentro da minha bolsa e meu portfolio, me certificando de não esquecer nada que pudesse me prejudicar hoje. As nove horas chamei um Uber, e aguardei ansiosamente na porta de casa. Verifiquei minha bolsa novamente, certificando-me de que estava com tudo dentro dela.

  O carro que me levará ao meu destino chegou finalmente.

  Minhas pernas tremiam no acento traseiro do carro, o motorista me ofereceu uma água ao me ver nitidamente aflita. Não deveria, mas aceitei, o calor terrível e o meu nervosismo me fez pingar em suor. Ainda bem que passei desodorante, pensei comigo.

  Minha entrevista é no centro da cidade, então levamos mais ou menos trinta minutos para chegarmos em meu destino final. Dei o valor da passagem ao Uber e saltei para fora do carro. Coloquei a mão sobre a testa, tapando o sol e dei uma boa olhada para a cena diante de mim.

  O prédio menor do que imaginei, com árvores tomando o caminho até a entrada de vidro fumê. Respirei fundo e caminhei até a porta, abrindo-a e sendo recebida pelo ar gelado do ar-condicionado e o cheiro forte de desinfetante. Olhei para o balcão da recepção completamente vazio e me vi perdida. Girei em meu eixo, caçando ao redor algo — ou alguém — que pudesse me auxiliar, mas não há ninguém no meu campo de visão. Caminhei até o balcão, e me debrucei, me certificando se não havia alguém ali embaixo mexendo em alguma coisa. E nada.

  Bufei, frustrada. Talvez eu esteja no prédio errado, pensei. Mas é impossível, o endereço é exatamente este. Será que cheguei cedo demais?

  O barulho de saltos batendo contra o piso roubou a minha atenção e ao mesmo tempo aliviou minha aflição de ter cometido algum erro. Uma mulher alta e esbelta se aproximou de mim a passos graciosos, segurando uma prancheta e com um sorriso encantador estampado nos lábios, estendeu sua mão para mim e eu, desajeitadamente, a segurei em um breve cumprimento.

— Bom dia. Você deve ser Annika, correto? Me chamo Beatrice. — Perguntou sorridente, ainda segurando minha mão. Assenti a pergunta, sendo tomada pelo nervosismo imediato.

— Sim, sou eu. — Respondi.

— Sua entrevista é agora. Serei responsável por ela, tudo bem pra você? — Sua beleza e simpatia me deixaram um pouco perdida, então apenas assenti, mesmo não tendo prestado muita a atenção no que ela havia acabado de dizer.

  Ela me guiou pelo térreo até chegarmos nos elevadores. Como de costume, segurei na alça da minha bolsa, como se isso fosse me ajudar ou proteger de alguma coisa. Entramos no elevador, e o clima pareceu pesar. Meus olhos se tornaram perdidos, sem saber para onde mirar. Se olhasse para ela, ficaria constrangida. Então mantive minha cabeça baixa, encarando meus tênis. Meu olhar caiu brevemente sobre seus saltos pretos abertos na parte da frente e notei suas unhas bem-feitas e delicadas. 

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