Capítulo 10

208 33 13
                                    


  Ela me olhou assustada, com os olhos arregalados para o meu pedido. Passei as mãos pelo meu cabelo e o prendi, sentindo meu corpo começar a esquentar de suor. Ela apenas ficou me observando, imagino que para ela, eu pareça completamente descontrolada. Tentei organizar na minha cabeça uma explicação minimamente válida, que não parecesse delírio, mas nada veio à mente a não ser a mais pura verdade.

— Qual o seu nome? — Perguntei.

— É Ana.

— Olha, Ana, eu não sou daqui. Eu fui sequestrada por aquele homem que está lá fora, eu não tenho celular, muito menos uma forma de pedir ajuda. Você é minha única saída. — Falei em completo desespero, bombardeando-a com palavras.

— Senhorita, fique calma, eu vou chamá-lo para lhe ajudar. — Ela disse e fez menção de sair, e no impulso eu a empurrei contra a parede, fazendo ela se encolher.

— Não! Não faça isso, por favor. — Supliquei — Só chame a polícia, ninguém saberá que foi você quem chamou, é a única coisa que eu lhe peço!

  Ela me olhou, atordoada, mas balançou a cabeça positivamente. Lentamente, ela escorregou pela parede até a porta do provador e saiu depressa. Senti que minhas chances se resumiram a zero nesse momento, ela não vai me ajudar, merda! Chutei a parede do provador, tremendo em desespero.

  Respirei e expirei, tentando voltar a apatia de antes. Me encarei no espelho e sequei as lágrimas teimosas.

  Me despi — ficando com o short que estava por baixo do meu vestido — e catei o vestido preto com colar para vestir. Se meu pedido de ajuda não resultar em nada, preciso ao menos fingir que nada ocorreu nesse meio tempo. O vestido é bem simples e não ficou tão ruim quanto imaginei que ficaria em mim, caiu bem em meu corpo.

  Saí do provador e caminhei de volta para a loja, Damian estava sentado em um dos sofás com as pernas cruzadas, apenas aguardando por mim. Quando percebeu a minha presença, ele me encarou por longos segundos, me deixando envergonhada. Enquanto ele tecia elogios ao vestido, me alienei por um tempo a procura da menina que pedi por ajuda, e ela não estava em lugar nenhuma da loja.

— O que você achou dele? Quer levá-lo? — Dei de ombros para a pergunta e o mesmo revirou os olhos, insatisfeito. — Vai experimentar os outros. — Ordenou e eu voltei para o provador.

  Tirei o vestido rápido e peguei um marrom, bem feio diga-se de passagem, não gostei dele nem no manequim. O vesti e voltei depressa para o lado de fora dos provadores, Damian torceu o nariz quando me viu no vestido.

  Sondei o lugar com os olhos e quando encontrei a menina, ela estava saindo dos fundos da loja. Ana me olhou e balançou a cabeça discretamente, senti vontade de gritar de felicidade ao saber que atendeu ao meu pedido. Corri de volta para o provador, agora só preciso enrolar tempo o suficiente até a chegada da polícia.

  Dei pulinhos de felicidade, controlando-me para não berrar em plenos pulmões. Tirei o vestido horroroso de cor marrom e coloquei o preto na qual vim vestida e esperei.

  E esperei.

  Vários minutos se passaram, e a aflição me tomou novamente, com medo de que eu tivesse entendido erroneamente o aceno de cabeça de Ana. Mas como um sinal vindo do céu, leves batidinhas foram dadas na porta e eu abri, dando de cara com ela.

— A polícia está aqui, senhora. — Ela informou, e eu corri para fora do provador, ela caminhou ao meu lado o mais rápido que pôde.

  No meio da loja, dois policiais conversavam com as atendentes que mostrava uma nítida confusão com a entrada deles ali, pois nenhuma delas haviam acionado o serviço policial. Damian, sentado no sofá tinha metade do seu corpo virado para trás, encarando a cena e virou-se, olhando-me nos olhos. Ele sacou na hora o que estava acontecendo, lançou-me um sorriso sombrio e continuou sentado, como uma estátua.

Comprada Pelo BilionárioOnde histórias criam vida. Descubra agora