Capítulo 8

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  Acordei sentindo dores por todo o meu corpo, acabei adormecendo no chão do quarto, bloqueando a passagem da porta. Resmunguei e me espreguicei, sentindo minha coluna e meus braços estalarem. Apoiei a palma das mãos no chão e me levantei, tonta pela velocidade cambaleei até onde pudesse me apoiar. Mirei os olhos na janela e o sol começava a nascer no horizonte, sem nenhum relógio ou celular para me orientar das horas, deduzi que poderia ser entre cinco e seis da manhã.

  Fui para o banheiro e escovei os dentes, encarando a maldita coleira no meu pescoço. Segurei a escova entre os lábios e enfiei meus dedos indicadores entre o objeto e o meu pescoço, tentando tirá-lo na força bruta, mas pareceu apertá-la ainda mais. Que merda! Desisti dela ao perceber que seria em vão continuar puxando, mas agora me incomodava mais do que nunca. Cuspi a pasta na pia do banheiro e tirei minhas roupas para tomar um banho rápido.

  Não me demorei muito no boxe.

  Peguei a toalha branca e me enrolei, rumando em direção ao armário do quarto. Arrastei os cabides, procurando algo que coubesse. Um vestido amarelo florido chamou a minha atenção, tirei-o imediatamente do cabide, segurando-o pela alça para olhá-lo melhor, deve servir, pensei. Joguei a toalha molhada na cama e vesti a roupa, tendo dificuldade na hora de passar a minha bunda por ele ser um pouco menor que meu corpo. Me encarei no espelho, não está de todo o mal. Fiquei satisfeita com o vestido batendo um pouco abaixo dos meus joelhos. Vesti um short para substituir a calcinha e saí do quarto.

  Caminhei pelo corredor até chegar as escadas.

  O silêncio se fazia presente como no dia anterior, como se seus empregados fossem desprovidos do dom da fala. Abri a porta da sala, procurando por qualquer pessoa, mas a encontrei vazia, fui até a cozinha, e a mesma estava igualmente deserta e silenciosa. Olhei o relógio preso na parede ao lado do armário, cinco e meia da manhã.

  Fiz o caminho de volta para o hall de entrada e abri as portas da casa, finalmente sentindo o vento do lado de fora. A parte externa só não mais silenciosa que o lado de dentro por conta do barulho dos passarinhos e dos dois cachorros, fechei os olhos e respirei profundamente, sentindo meus pulmões serem preenchidos com o cheiro da grama.

  Isso aqui seria o paraíso se eu não fosse prisioneira

  Desci os degraus da entrada, sentindo o chão gelado contra meus pés descalços e olhei em volta, analisando o que meus olhos alcançavam no jardim, um dos seus cachorros andava de um lado para o outro, mas devidamente acorrentado em sua casa. Senti um arrepio ao vê-lo e fui para o lado oposto. Segui até a área próxima à piscina e avistei um senhor sentado em frente aos arbustos com uma tesoura de jardineiro em mãos.

  Me aproximei dele.

— Olá. — Falei, chamando sua atenção, parecendo assustá-lo, imaginei que estivesse distraído demais para notar a minha presença. Suavizou sua expressão assustada deixando o sorriso simpático tomar conta. — Você... Fala inglês? — Perguntei envergonhada.

— Um pouco, menina. — Ele disse, levantando-se de seu banquinho de madeira e retirando suas luvas para me cumprimentar. — Quem seria você? Nova namorada do senhor Damian? — Perguntou sorridente. Engasguei-me com a suposição.

— Não, não, não. Definitivamente, não. — Falei, quase que desesperada, dando um sorriso nervoso para esconder o meu constrangimento para a pergunta. — Eu sou Annika, prazer.

— Que falta de educação a minha, sou Vincent. — Sorriu novamente.

— Eu acordei agora a pouco, andei pela casa, mas não encontrei ninguém. — Falei o sondando para saber se ele poderia me dizer alguma coisa sobre a ausência de pessoas.

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