Capítulo 20

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  𝐴𝑛𝑛𝑖𝑘𝑎 𝐻𝑎𝑟𝑑𝑒𝑛 

  Não disse nada durante o que restou do dia. Quando Damian disse para Heron se recolher por um tempo em alguma casa no interior da França o meu mundo desabou, como se milhões de cacos se estilhaçassem ao chão. Imediatamente me senti suja como nunca antes.

  Damian se manteve ocupado com suas reuniões e eu fiquei aliviada por não ter que olhar para ele por muito mais tempo. Ele não apareceu dentro da sala durante horas e quando o céu começou a escurecer, Cécilie entrou para avisar que Damian demoraria ainda mais, pois uma reunião foi marcada de última hora e que Maurice estava esperando lá embaixo para me buscar.

  Eu estava tão em choque que me levantei e caminhei para fora da sala a passos robóticos.

  E agora, dentro do carro em média velocidade na pista molhada, as lágrimas de desespero escorrem pelo meu rosto sem nenhum pudor, sequer me importo com os olhares de Maurice para mim pelo retrovisor. Damian conseguiu provar que de fato não é um monstro, ele é muito pior que isso.

  E pensar que meu coração acelerou por ele.

  Dei um sorriso irônico, com raiva de mim mesma.

  Ao chegar no destino final, desci do carro e entrei na casa, incapaz de sequer dar uma boa-noite a Maurice. Trombei com Daniel nas escadas e o ignorei, não estou com estômago para abrir a boca, se tentar falar provavelmente vou vomitar. Vaguei pelo corredor e adentrei meu quarto, sentei na cama e encarei um ponto fixo até que minha visão ficasse destorcida pelas lágrimas teimosas.

  Os minutos passaram e eu não saí da posição em que estava. Não mexi um músculo sequer e posso contar a quantidade de vezes em que pisquei, estou magoada e não sei como reagir.

  A porta se abriu, interrompendo os longos minutos que passei imersa ao silêncio do ambiente e presa no barulho da minha mente, sequei minhas lágrimas discretamente. Não virei o rosto para saber de quem se tratava, sequer preciso disso, o cheiro do perfume e o som dos passos já denuncia que Damian adentra o meu quarto sem pedir licença.

  Seu rosto chegou perto do meu na intenção de um beijo, mas eu desviei. Enojada, minha cara com certeza estava entregando a repulsa que sinto.

— Você está bem? — Ele perguntou.

  Ergueu a mão para tocar o meu rosto e mais uma vez meu estômago embrulhou.

— Estou com um pouco de cólica, apenas isso. — Inventei, tentando evita-lo.

— Vou pegar um remédio pra você. — Ele disse e o som dos seus passos se afastaram até que ficassem inaudíveis.

  Como ele pode agir tão naturalmente depois do que ele ouviu de Heron? Como ele pode se disponibilizar para ajudá-lo? Estou tão indignada e irritada que não sei o que fazer.

— Aqui, vai te fazer bem. — Sua voz me deu um belo susto, sequer o ouvi entrar por estar tão distraída. Forcei um sorriso e peguei da mão dele o copo e o remédio, os encarando sem muito ânimo. — Vou tomar um banho para jantarmos, te vejo na mesa.

  Ele depositou um beijo no topo da minha cabeça e caminhou para fora do quarto. Encarei a porta até que se fechasse por completo.

  Suspirei e me levantei para deixar o comprimido e o copo sobre a minha penteadeira. Me sentei na cadeira em frente a ela e me inclinei para desabotoar meus sapatos, ficando livre do seu aperto. Levantei-me e rumei ao banheiro, preciso de um banho para relaxar, hoje aconteceram coisas demais pra minha cabeça.

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