Capítulo 13

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𝐴𝑛𝑛𝑖𝑘𝑎 𝐻𝑎𝑟𝑑𝑒𝑛 ⸙

  As horas passaram rapidamente diante do papel sobre a madeira da minha nova mesa. Tive tempo o suficiente para terminar parte do desenho que tinha em mente e só parei quando Amélie bateu à porta, chamando-me para almoçar. Guardei o papel dentro da gaveta da escrivaninha desta vez e desci. Damian não protestou quando aleguei que preferia comer junto com os outros funcionários, mas pela sua cara, pude notar que não ficou satisfeito.

  Segundo Daniel, o almoço foi em minha homenagem, me contou que Damian pediu para que fizessem feijoada. Fiquei surpresa, mas feliz o suficiente para comer dois pratos montanhosos.

  Após o almoço, voltei para o meu quarto e comecei a polir o desenho que comecei de manhã, tratando de abrir de uma vez uma das caixas que me foi dada, já que ficaram jogadas num canto sem nunca terem sido tocadas. Abri uma delas com força bruta, me chocando com a quantidade de canetas coloridas de marca cara, esse homem só pode ser louco. Não conseguiria comprar metade delas nem com um ano de salário no meu país.

  Peguei as canetas necessárias e voltei ao desenho.

  Com o passar das horas, minha mesa se encontrava coberta de pedaços de borracha e o chão com algumas canetas que rolaram e eu não tive coragem de me inclinar para buscá-las. Varri a mesa com as mãos para jogar toda a borracha para longe e olhei sorridente para a minha arte, sentindo que cada hora de frente para esse papel tinha valido a pena.

  O vento gelado adentrou meu quarto, balançando as cortinas e eu me inclinei na cadeira para olhar a janela aberta. O céu amarelado sinalizava o pôr do sol no Oeste e eu sequer me dei conta disso.

  Hoje o dia passou mais rápido que o normal.

  Apesar de estar acordada desde as quatro da manhã, não me sinto tão cansada, acredito que a conversa que tive com Damian deixou meu cérebro trabalhando por tempo demais. O pequeno momento que tivemos à beira da piscina me fez ter vontade de conversar mais com ele para entendê-lo, pois ao invés de sanar minhas dúvidas, criou mais perguntas sobre quem é e o que aconteceu em sua vida.

  Com o turbilhão de pensamentos, me vi incapaz de deitar e tirar um cochilo que fosse. Descontei toda a hiperatividade num pedaço de papel.

  Batidas na porta me fizeram pegar o desenho e jogá-lo dentro da gaveta desajeitadamente. Virei para trás, e Damian entrou em meu quarto sem esperar que eu dissesse se poderia ou não.

— O jantar está quase pronto, quando terminar de comer, suba e não desça mais, entendido? — Ele entrou, me bombardeando com suas palavras ríspidas. Franzi o cenho, confusa com seu tom levemente grosseiro, e então me lembrei de que esse é o seu estado normal.

  Na piscina foi apenas um lapso.

— Por quê? — Questionei.

— Porque eu estou mandando. Coma, suba e não desça. — Dado seu aviso, ele se retirou.

  Ri de mim mesma por acreditar que ele fosse decente, fingiu direitinho esse filho da puta. Ele vai ser sempre um escroto do caralho e eu espero que ele seja atropelado por um carro quando estiver indo para o trabalho na segunda feira, praguejei-o sem pena.

  Levantei-me da cadeira e saí do quarto batendo a porta para quem quisesse ouvir e corri para o andar de baixo.

  Fui até a biblioteca, encontrando-a vazia. Fiz a madeira bater contra a parede propositalmente e fui até o escritório, vendo-o sentado em sua poltrona, organizando alguns papéis. Empurrei a porta contra o batente fazendo o barulho estrondoso ecoar, ele ergueu os olhos diante das papeladas, arqueando uma sobrancelha para mim.

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