Uma história engraçada

23 1 0
                                    

Todas as vezes que vivemos essa mesma situação, o que eu mais gosto de fazer para ajudar a passar o tédio é lembrar das incontáveis festas que Martin e eu já fomos, e como esse momento era sempre de puro êxtase e animação. Sempre estávamos com a cara cheia de cerveja rindo feito dois otários. Porém, hoje eu tinha optado por usar uma outra metodologia. Desta vez, tentei buscar em minha memória a primeira vez em que Martin, Lucas e eu estivemos juntos neste carro, os três. E só depois de tanto revirar, percebi que isso nunca tinha acontecido antes.

Talvez o Lucas não tenha gostado muito de saber que as meninas iriam à festa com a gente. Ele pareceu um pouco surpreso quando o Martin avisou para ele antes de entrarmos no carro. Desde então ele não tem falado muito.

Percebi que ele olhava para o que o irmão digitava, provavelmente querendo saber quando finalmente íamos partir. De fato, já estávamos muito atrasados para a festa da Olivia, e mesmo assim ele não disse nada, apenas ficou ali esperando na dele. Quando as meninas finalmente apareceram na porta da casa, saí rápido para deixar o lugar para Elena. Estava um pouco frio aquela noite, e tudo o que eu estava vestindo por cima era o meu pullover verde.

Quando entrei no carro novamente, o calor do corpo do Lucas me abraçou de uma forma inexplicável. Dafine veio e se sentou do meu lado, e Elena ao lado do Martin, na frente. O Lucas continuou ali, quietinho no canto dele. Eu não saberia dizer se ele estaria indo para a festa com a gente agora caso outra pessoa tivesse oferecido carona para ele.

Provavelmente não.

Na festa entramos juntos, ele estava com a gente. Depois de darmos uma olhada na casa e pegarmos bebida para todos, algo deve ter finalmente o convencido de que ele precisava encontrar Olivia. Ele levantou o copo para mim sinalizando que estava indo dar uma volta. Meus olhos o acompanharam enquanto ele atravessou a sala rumo ao lado esquerdo da passarela.

Dafine já tinha começado a dançar com Elena perto da mesinha de centro enquanto Martin fazia um vídeo das duas. Vendo que eu a observava, Dafine me pegou por um dos braços e me trouxe mais para perto de si. Eu ainda não estava pronto para revelar a ela o que tinha aprendido. Então tudo o que fiz foi dar um gole na minha cerveja e ficar ali com ela, mexendo os pés de um lado para o outro tentando seguir o ritmo, como o Lucas tinha ensinado em uma de nossas primeiras aulas.

Mais tarde eu estava sentado no sofá mexendo no meu celular com Dafine em meu colo. Conversávamos sobre o Sullivan, das aulas de geografia, sobre como ela o achava extremamente inteligente e sobre como ela descobriu que ele estava querendo ficar com a Mariana naquela noite.

— Mas a Mariana não está tendo algo com o Marc? – Perguntei, surpreso por ter lembrado de tal informação.

— Quem é Marc? – Ela retrucou.

— Amigo do Lucas. Parece que ele e a Mariana estão flertando ou algo assim. Acho que ouvi o Lucas comentando um dia desses.

Eu tenho passado muito tempo com o Lucas. Confesso que logo depois de voltar da casa da minha avó, comecei a frequentar a casa do Martin com mais frequência. Isso tem sido ótimo, pois o Martin tem se mostrado um grande amigo. Ouso inclusive considerá-lo um irmão, ele está sempre lá por mim me dando apoio. Mas aí é que está a questão, porque consequentemente comecei a ter mais contato com o Lucas desde então. Ele estava sempre por algum canto da casa fazendo uma coisa bem típica de Lucas.

Teve uma vez que Martin e eu fomos buscar um bolo para o parabéns surpresa da mãe deles e quando chegamos em casa o Lucas tinha enchido a sala com desenhos e pinturas que ele mesmo tinha feito da mãe e da família juntos. Algumas das molduras também tinha sido ele mesmo quem fez. Lembro do quão incrédulo fiquei ao saber disso. Em uma outra vez estávamos jogados no sofá da sala conversando pelo celular, Martin e eu, quando Lucas chegou e ligou a TV. Minutos depois ele tinha arrumado um jeito de colocar a poltrona do pai dele no meio da sala para poder ficar de frente para a televisão. Ele apenas pediu desculpas pelo som do aparelho e nem se importou da gente estar ali.

Dança ComigoOnde histórias criam vida. Descubra agora