Capítulo 7

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—————— [Nome] Mizu ——————

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—————— [Nome] Mizu ——————

     Era insuportável olhar para ele nessa droga de palco, caminhar até ele, saltando em pontas como se estivesse feliz, receber seu toque, encenar um amor confuso e morrer. Para então vê-lo se fazer de infeliz e desesperado e dar fim a peça. Seu amor e desespero de cuidado era o que eu mais desejava em nosso relacionamento, mas recebi apenas confusão e violência, aceitando de tudo enquanto me prendia ao imaginário, às migalhas que minha mente criou dele.

     Suguru Geto. Esse é o rosto que eu não suporto mais ver.

     A peça de inverno. Essa é a peça que eu já sei de cor e salteado.

     Teatro Irena Sendler. Minha casa em todas as tardes há pelo menos dez anos...

     Eu já confiei em Geto, de uma forma quase louca, mas, como tudo que é perfeito, ele também era delírio.

     Senti um verdadeiro alívio quando pude fazer a reverência de agradecimento ao final da peça, mesmo sem enxergar Satoru ali. Meus pés sofriam a pressão do tempo que passei sobre as sapatilhas de ponta, o clima estava frio o que parecia congelar as minhas juntas, mas era nostálgico e tão familiar que me trazia conforto. Mesmo que eu deteste o frio.

     Todos suspiraram de satisfação pelo camarim estar um pouco mais quente, por ser menor e comportar tantos bailarinos correndo de um lado para o outro ficava ainda mais confortável. Até mesmo o barulho e as conversas aleatórias eram familiares.

     — Eu estou exausta, queria que não houvesse mais nada essa semana para ficar de pernas para cima.

     — Raya, vai sair depois daqui?

     — Não suporto mais vocês. Passamos o mês inteiro grudadas, por mim, eu passava o resto do ano sem ver nenhuma de vocês.

      Acabei por rir enquanto as assistia do espelho, retirando o gliter da minha pele e a maquiagem. Vi uma sombra pelo canto do reflexo e encontrei os olhos de Geto em mim, fixos e franzidos. Dando as costas ele sumiu entre os outros homens.

     Por trás da cortina, enquanto tirava o figurino, me distraia com algo totalmente fora do ambiente. Foi quando uma pontada aguda no lado direito da omeoplata me fez ficar sem ar.

     Tampei a boca com as mãos trêmulas, dando as costas para o espelho e olhando o que tinha acontecido. Uma taxinha presa em minha roupa acabara de entrar ali. Aquilo me assustava de um modo absurdo.

     Soltando os meus cabelos, calcei saltos sem mover o tronco e saí.

     Cada abraço com pequenas batidas nas minhas costas me faziam alucinar de dor. Quase chorar, mas há muito tempo, eu só conseguia fazer isso na frente daquele maldito platinado.

     — Senhorita, eu sempre digo a mesma coisa, mas a sua atuação me faz chorar todos os anos. No dia que precisarem mudar o elenco, eu não sentirei mais prazer de ver essa peça — senhora Margot disse ao lado do marido.

Pelos Seus Olhos - Satoru GojoOnde histórias criam vida. Descubra agora