CAPÍTULO 07 - MINHA PESSOA FAVORITA

760 51 12
                                    

MIKE

Depois do flagra no meu quarto, tenho torcido para não esbarrar com Alexei e por sorte ele não apareceu no apartamento nos dias que se seguiram. Pouco me importa sua ausência, ficaria feliz se descobrisse que foi abduzido da face da terra para sempre, mas vaso ruim não quebra fácil e duvido que ele esteja a sete palmos do chão. Ter que lidar com um homem que me odeia e despreza não está no topo da minha lista, então, que continue ausente. Não é como se estivesse fazendo falta. Hoje é quarta-feira e não posso dizer que estou ansiosa por encontrá-lo na sexta como o de costume, na verdade desejo o oposto, se possível, que nunca mais o veja na minha frente para que eu não precise lidar com a vergonha de tudo que foi dito e feito no meu quarto em nosso último encontro.

Alastair e eu estamos trabalhando juntos na investigação do roubo da carga dos italianos, não que Alexei confie em mim o bastante para deixar eu fuçar seus assuntos ilegais, até então eu só ajudava Ally com os negócios que estão dentro da lei, todavia, Nikolaev incumbiu o amigo de ajudá-lo, porque confia em Ally de olhos fechados e como Ally confia em mim estamos aqui, contragosto do Alexei, exaustos, revisando mais uma vez as filmagens do local em que a investida aconteceu, um depósito de armazenamento. Nada. As câmeras foram desativadas durante o ato e reativadas assim que terminou. Estamos andando em círculos e por mais que eu não dê a mínima para Alexei e seus negócios, não gosto da ideia de fracassar, tampouco decepcionar Ally.

— A pessoa no comando desse roubo teve acesso ao sistema das câmeras. Provavelmente foi um hacker muito foda e não vamos encontrar os rastros. — Alastair me encara surpreso e o repreendo cruzando os braços. — Quê? Até uma criança deduziria isso. — Desvio o olhar para o relógio na parede que marca duas da manhã, estamos nessa desde o início da noite e minha cabeça lateja por perder horas sagradas de sono. Volto minha atenção para Alastair e seu notebook de última geração, equipado para auxiliá-lo em investigações como essa. Estamos na mesa da sala de estar, a lua nos observando pela janela de vidro enquanto queimamos nossos preciosos neurônios.

— Meu palpite é alguma gangue local. Não seria a primeira vez. — Noto desânimo na sua voz e franzo o cenho.

— E aí? Como fazemos para confirmar sua suspeita? Sem câmeras, sem testemunhas. Até mesmo as filmagens das câmeras de rua foram apagadas. Vocês estão muito fodidos se continuarem a roubar os clientes do Alexei. Vão começar a pensar que ele mesmo está por trás disso, pegando a mercadoria vendida de volta para revender e lucrar duas vezes. — Debruço meus braços sobre a mesa e meu olhar cruza com o de Alastair. — A gente não só precisa descobrir quem está por trás disso, como evitar que aconteça novamente. Não quero que algo de ruim aconteça a você como retaliação.

— Não se preocupe comigo, Nighean. Amanhã vou fazer uma visita à gangue latina no sul. O último roubo foi de autoria deles. — Suspira forte, exaustão transparecendo em seu rosto de traços tão marcantes. — Pensei que tivessem aprendido a porra da lição.

— Eu vou com você. — Disparo decidida.

— Nem pensar, vou com alguns mercenários e a merda vai feder por lá. Domingo você foi com Alexei ao Nefastus e já viu o suficiente. Você pode me ajudar aqui, revendo filmagens e o que mais eu encontrar. Irei contatar a inteligência novamente e tentar encontrar algo que possamos ter deixado passar.

— Tudo bem. — Encolho os ombros desanimando. — Mas você sabe que eles vão negar.

— Ah, e você os faria confessar? — O olhar divertido que Alastair me lança ao cruzar os braços me instiga a desafiá-lo e me esforço para conter o sorriso convencido.

— Homens são facilmente manipuláveis quando pensam com a cabeça debaixo. — Dou uma piscadinha e ele revira os olhos enojado. — Eu poderia me infiltrar em algum local em que o chefe ou o segundo em comando frequenta, me passar por stripper ou coisa assim. Aposto que eu conseguiria tirar dele o que vocês querem sem derramamento de sangue e se eu não conseguisse, poderíamos colocar em prática algum plano de evacuação. Acho que você não precisa de dor de cabeça agora. Precisa?

DISRUPTIVE - Um dark romance de Stephanie HopperOnde histórias criam vida. Descubra agora