CAPÍTULO 10 - DOWNIEVILLE'S HELLHOUNDS PARTE 1

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MIKE

Meu nariz está torcido, entre resmungos, há exata uma hora de viagem em que estou sendo obrigada a segurar a cintura do Alexei para não cair da Ruby durante todo o trajeto. Nunca andei de moto. Sim, a Ruby é a porra de uma moto, e estou me borrando de medo, me sentindo envergonhada e uma verdadeira idiota por ter exigido direitos iguais quando na verdade a Ruby nunca nem sequer foi uma mulher, não que Alexei esteja certo em me impedir de me relacionar com alguém em primeiro lugar. Já perdi o número de vezes em que enterrei o nariz na jaqueta de couro na minha frente, apertando os olhos bem forte, e se isso não é humilhante, não sei mais do que pode ser chamado. Estamos sendo seguidos por mais cinco motos barulhentas, homens armados até os dentes, incluindo esse a que estou me agarrando com força. Posso sentir a volumosa pistola enfiada no cós da sua calça, junto a sua lombar, toda vez que remexo os quadris para arranjar uma posição mais confortável e já apalpei sua jaqueta com a desculpa de que estou insegura aqui em cima, só por curiosidade. Há mais duas menores, uma em cada lado. Um homem prevenido vale por dois, mas Alexei leva o ditado um pouquinho mais além. Então, pela quantidade de homens e pelo tanto que está equipado, está preocupado com um possível ataque. Alexei é homem que está acostumado a até mesmo andar sozinho por aí, inclusive Alastair vive dando esporros nele quanto a isso, algo mudou ou está prestes a mudar, uma tempestade está se aproximando e ele não quer abrir a maldita boca... Será que tem o dedo do meu pai nisso?

Chegamos à Palmdale, uma cidade desértica que parece ter saído direto de um filme. Adentramos em um terreno florestal, até nos aproximarmos de algumas motos estacionadas. Avisto um grande lago, apesar da escuridão, e uma enorme fogueira a sua margem. As pessoas estão conversando enquanto bebem suas cervejas e ouvem música. Estreito os olhos. Desço da moto, uma clássica Harley Davidson, e em seguida Alexei faz o mesmo. Os homens do Nikolaev estacionam e mantêm distância, aguardando os comandos do chefe e eu espero de braços cruzados, aproveitando para mapear a área. É noite, há árvores de troncos esguios esquisitas pra cacete, animais que desconheço à espreita, homens enchendo a cara e aparentemente apenas eu do sexo oposto. O ambiente não é nada favorável para mim hoje e essa fogueira arrepia cada pelinho do meu corpo. Não quero ficar perto dela.

— Vamos. — Alexei entrelaça nossos dedos demonstrando dominância em uma retesada de ombros e eu franzo o cenho estranhando sua atitude.

— Vamos? — Indago fincando os pés na terra e criando raízes feito essas árvores horrendas. — Que isso? — Ergo nossas mãos e ele sorri, exibindo seus dentes perfeitos.

— Você é a minha garota e preciso deixar isso bem claro, ou pensa que vou te jogar na cova para ser devorada pelos leões? Esqueceu que sou egoísta e tudo mais, Ninfetinha? E não estou em posição de arrumar problemas com aliados hoje, se algum filho da puta encosta em você, não interessa quem é, vai para o saco aqui mesmo. — Alexei sacoleja nossas mãos no ar. — Então sim, demarcarei o território como um cão. Vá se acostumando, querida. — Ele gruda os lábios macios sobre os meus dedos, sobe o olhar e os cantos dos lábios ao afastá-los preguiçosamente. Bufo e aceito, porque a ideia de algum macho idiota tocando em mim é insuportável. Já basta esse que segura minha mão.

Caminhamos juntos escoltados pelos os homens que estrategicamente escondem suas armas até um grupo que conversa entre si, precisando aumentar o tom da voz por causa do rock que toca ao fundo para se escutarem. Eles vestem jaquetas de couro com a mesma insígnia de um cão diabólico em chamas, escrito ao redor em letras gritantes e legíveis "Downieville's hellhounds". Deve ser o nome do motoclube de que fazem parte. Na jaqueta do Alexei não há sinais da insígnia ou qualquer outro que indique que ele é um membro, apesar de parecer à vontade com o ambiente.

DISRUPTIVE - Um dark romance de Stephanie HopperOnde histórias criam vida. Descubra agora