CAPÍTULO 12 - O ACORDO

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MIKE

Nunca vi tantas pessoas elegantes e tão bem vestidas reunidas. Estou perdida em meio a incansáveis sorrisos congelados e elogios frívolos, sendo arrastada por Alexei que se esforça para ser agradável com essa gente. Forço simpatia, o que não tem sido fácil desde que chegamos. É sufocante. Não suporto estar nesse mar de gente, engolida por egos gigantescos e falsidade. Esse é o mundo do homem ao meu lado, não o meu. Puxo ar e afago meu peito me perguntando quando iremos chegar à nossa mesa. O salão é amplo, luxuoso e repleto de mesas, a maioria vazia enquanto o evento não começa. Os convidados estão aproveitando para circular por aí, encontrar conhecidos e jogar conversa fora. Alexei veio para prospectar clientes. Essa foi a desculpinha dele.

— Por que mesmo me arrastou para esse lugar? — Bufo mal contendo a queimação na boca do estômago. Odeio ficar ansiosa e me sentir à beira de um colapso. Não aguento mais tanto burburinho. Sei que estão comentando sobre mim e minha aparência. Não é esse vestido de grife caríssimo que vai operar um milagre em mim, por mais que realce minhas curvas e seja realmente uma joia em forma de tecido.

— Porque você é o acessório mais valioso que eu poderia usar hoje. — Franzo o cenho e puxo Alexei para mais perto. Ainda mais. Estamos de braços dados.

— E o que isso quer dizer? — Jogo as sobrancelhas para o alto, não segurando a língua. O olhar divertido que ele me lança relaxa meus ombros. Parece que Alexei está mais receptivo à minha dose diária de veneno e não posso negar que me sinto mais tranquila quando não estamos nos estranhando feito dois animaizinhos selvagens. Tenho medo do seu temperamento volátil e das diferentes maneiras nada prudentes que posso reaponder a ele. Mais ainda do resultado da nossa colisão.

— Que nem a joia mais cara se compara a ter uma mulher tão bela ao meu lado. — O sorriso de canto de boca sinaliza a ironia. Reviro os olhos e continuo meus passos vagarosos, torcendo para que a próxima mesa seja a nossa.

— Sem mais gracinhas por hoje. — Aponto o indicador próximo ao seu rosto e em resposta Alexei envolve sua mão em meu punho e o traz para sua boca. Arregalo os olhos assistindo-o deslizar o dedo para dentro dela, chupando-o vagarosamente ao manter o olhar fixo no meu. Acabei de ficar de pau duro e eu nem tenho pau, cacete! — As pessoas... Estão olhando... — Murmuro ofegante.

— Quero que elas se fodam. — Ele afrouxa um sorriso e se apruma, continuando nosso caminho como se não tivesse acabado de protagonizar um ato obsceno na frente de todos. Meu rosto está em chamas, bem, não só o rosto. Preciso me recompor. Abaixo a cabeça envergonhada com a consciência de que Alexei está pleno e confiante. Não é possível que apenas eu esteja afetada. O que tem acontecido comigo nos últimos dias? Por quê... Por que tenho que achá-lo tão tentador assim?

Andamos mais um pouco, encontramos conhecidos do Alexei e finalmente sentamos à mesa. Ela é bem espaçosa e rodeada por alguns lugares vazios, por isso acredito que teremos companhia. Não aguento mais ser simpática com tantos estranhos, ainda mais por saber que tipo de gente são. Estamos em um leilão de obras de artes. Um leilão clandestino  no subsolo de um hotel cinco estrelas, vale ressaltar. Esse é o habitat do Alexei, um que eu faço parte agora e preciso me adaptar para sobreviver.

— Você pretende arrematar alguma coisa? — Dou um gole no champanhe que preenche minha taça. Espero estar segurando-a do jeito certo. Ally me ensinou algumas regras de etiqueta antes de virmos para cá, acho que aprendi a maior parte. Estou me esforçando para não fazer feio e chamar mais a atenção das pessoas.

— Sim. — Responde entediado, focando o olhar em seu horizonte.

— O quê? — Puxo assunto, porque estou apreensiva nesse lugar e conversar vai me ajudar a aliviar a tensão. 

DISRUPTIVE - Um dark romance de Stephanie HopperOnde histórias criam vida. Descubra agora