12| Hereditário.

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“ algumas verdades devem permanecer escondidas, por que apenas a menção delas faria sua mente colapsar.
E apenas eu tenho esse poder.”

Zyan

Quando Abby saiu da sala do delegado senti que havia algo diferente em seu olhar, algo como no dia em que ela matou aquele policial, algo como dor.

Então ela piscou e seu olhar se tornou sombrio como o meu, aquele brilho de sempre havia morrido, ela estava parada diante da porta e não olhava para mim, busquei seu olhar para entender o que estava acontecendo e me senti desesperado.

Me aproximei e fiquei ao seu lado, o delegado saiu da sala então meus olhos foram para  sua mesa e mesmo de longe pude vê uma foto com o rosto tão familiar de Eshiley ou Hadley, não lembro bem seu nome mais se Abby viu essas fotos deve saber que eu as matei.

E deve achar que fiz isso por que estava a procurando. De certa forma é verdade, mas eu nem mesmo sabia sobre ela quando matei essas garotas, tudo o que eu fazia era o que a voz me mandava.
Mais é claro que depois da terceira vítima eu percebi que havia um padrão, e que a garota que ele queria tinha que ser como aquelas que não sobreviveram.

— Eu a aconselho a ficar por perto, senhorita Lysander, caso seja perseguida de novo ou haja algum atentado contra sua vida — o delegado disse olhando diretamente para ela.

Abby se aproximou de mim rolando o casaco nos braços.

— Obrigado, mais eu prefiro voltar para casa com Zyan.

O delegado concordou então olhou para algo atrás de nós.
Me virei junto com Abby que estremeceu ao ver Robert sendo trazido por uma enfermeira.
Segurei sua mão que estava gelada então senti ela apertar a minha de volta.
Abby não demonstrava medo ou susto, ela estava calma.

— Abby, filha... — ele se aproximou rapidamente sorrindo e com lágrimas nos olhos.
Ela olhou para mim e depois para o delegado como se buscasse entender quem era aquele senhor.

— É o Robert o senhor que te criou — disse baixinho mais alto suficiente para o delegado ouvir e continuar acreditando que Abby não se lembrava de nada.

— Abby, meu bem como você está? — ele chorou estendendo os braços.

Ela se abaixou lentamente sem tirar os olhos dos dele, foram apenas alguns segundos, mais foram suficientes para que ele entendesse que não devia contar sobre a visita dela no domingo.

— O que há de errado? — ele questionou tocando no rosto dela.

— Ela não se lembra de nada — disse e vi ele a olhar de novo.

O senhor abriu a boca para dizer algo então a fechou abraçando de novo Abby.

— Meu Deus.... — ele chorou como se fosse a primeira vez que estivesse vendo ela e então se afastou — Então, não se lembra de quem eu sou?

Ela negou lentamente abaixando os olhos.

— É uma doença? Ela vai se lembrar de novo? — perguntou entrando no jogo.

— Não sabemos — afirmei então o delegado deu um passo a frente.

— Eu sugeri que ela realizasse alguns exames no hospital e apenas o resultado pode nos dizer ao certo, quando e se ela vai recuperar a memória.

Olhei para Abby perguntando com o olhar o que aquilo significava? Ela moveu os olhos pros lados.
Claro, ela não faria nenhum exame.

— E agora, você ficará aqui na delegacia? — Robert perguntou aflito.

Profano 01  Onde histórias criam vida. Descubra agora