09| As luzes da cidade

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“Nenhum lugar no mundo se compara aos seus braços, calorosos e com cheiro de lar.
Sinto muito Zyan, mais não estava falando de você”

ZYAN
24/ Setembro
2023


Estou correndo pela floresta, a escuridão toma conta do ambiente, mais é tudo tão familiar que meus olhos enxergam tão bem quanto a luz do dia, minha mão se aperta ao redor do cabo da faca, minhas veias pulsam assim como meu sangue que parece mais quente que o normal, ouço gritos. De todas as minhas vítimas.
Sempre pedindo," por favor", "socorro", " eu não quero morrer", então tudo fica silêncio, exceto pelo grunhido de alguém que se engasga com o próprio sangue.
Olho para baixo onde minha faca está encravada.

No pescoço de Abby.

Meus olhos se arregalam e uma dor que eu não sentia há anos invade meu peito.
Uma lágrima escorre junto com o medo em seus olhos.
Ela me olha cheia de dor enquanto mais e mais sangue escorre por sua garganta, então tudo para.

Ela não se move ou respira.

Por que ela estava morta.

Seus olhos ainda estavam abertos, olhando para min com tristeza.
Minha respiração falha quando olho para baixo onde sua mão está pousada.
Caio pra trás me arrastando na lama, Abby estava grávida!

E eu a matei.

Sento na cama em um único movimento, suor escorre por minha testa e eu me vejo respirando rapidamente.

Porra de pesadelo.

Olho para os lados percebendo que o dia já está claro lá fora, levanto da cama e saio do quarto, Abby não estava na sala ou na cozinha, muito menos no banheiro.
Ando pelo cômodo da casa quase desesperado, meu coração acelera só com a ideia dela ter ido embora.

Será que ela realmente foi?

Volto para o banheiro e jogo um pouco de água em meu rosto.
Só a ideia dela indo embora me deixa angustiado, por que eu tinha que sentir isso?

Suspiro pegando a toalha e enxugando meu rosto, volto para a sala então vejo a porta meia aberta.
Saio da casa, sendo atingido pelo calor do sol quente.
Uma onda de alívio me invade quando a vejo ao longe no meio do campo, ela se ergue e seu vestido balança com o vento, Abby caminha de volta olhando ao redor, admirando a paisagem e os pássaros que voam de um lado para o outro.

— Oi... — ela sobe na varanda e esfrega o rosto corado pelo sol — Eu só fui pegar umas flores para colocar no vaso.

Ela balança o pequeno buquê nas mãos e suspira.

— Tudo bem — toco seu cabelo aliviado por ela não ter ido embora.

— Fiz panquecas para o café — anuncia dando um leve sorriso.

— Perfeito — ela passa por mim entrando na casa.

Entro atrás dela deixando a porta aberta, Abby deixa o buquê em cima do balcão e vai até a pia lavar as mãos.

— Eu pensei em irmos até a cidade vê o Robert...— ela comenta ajeitando os pratos na mesa — É que hoje é domingo e ele sempre vai a missa então pensei que...

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