BHERETH
Acordou sobressaltado com sons estridentes e repetitivos vindo do cômodo ao lado. Sentia cada parte de seu corpo rígida e dolorida por ter dormido desajeitado no chão do chalé de madeira. Seus ferimentos abertos haviam estancado e o sangue coagulado misturado com terra ainda estava em seu corpo. Sua mente estava confusa e seus pensamentos pareciam obscuros, errôneos e sem sentido.
— Levante logo e vá se limpar, criatura. Você tá imprestável! — A voz estridente da mulher veio de longe, atingindo seus tímpanos — Inclusive, vai ter que limpar o meu chão também. Tá imundo! Consigo sentir o cheiro de morte de longe.
O rapaz fez uma careta de dor ao sentir uma pontada sua têmpora. Ele tentou erguer seus braços vagarosamente a fim de se apoiar no chão e se sentar. Seu braço esquerdo ainda doía demasiadamente e decidiu que o deixaria parado. Ergueu sua mão direita até seu rosto e passos seus dedos pelos olhos, tentando fazer com que a dor amenizasse.
A mulher chegou até ele com passos ágeis.
— Vamos, vamos, se mexa! Saia daqui e faça algo útil — Ela cutucou as costelas dele com as pontas dos dedos dos pés.
Aquele toque sutil o fez gemer de aflição. A cada movimento que ele fazia, sentia como se pingos de gelo derretessem por seus ossos e cortassem sua pele lentamente. Ele se sentou, praguejando baixinho.
— Eu... Eu já vou, caramba — Sua voz saia estranha e irreconhecível para seus ouvidos. Estava rouca, baixa e principalmente fraca. Era como se ele tivesse acabado de aprender a falar — Eu preciso me recuperar, não consegue perceber? — Respondeu em tom agudo e irritado, gesticulando para seu corpo, demonstrando a maneira da qual ele se encontrava.
— Ah, eu consigo, sim — Ela ergueu mais uma vez seu pé direito indo em direção às costelas dele — Seu cheiro me irrita! Sua presença me irrita!
— Caramba — Ele tentou se esquivar dela — Eu não pedi pra estar aqui.
— É assim que me agradece? — Ela cruzou os braços e franziu o cenho em baixo de todo o carvão exposto em seu rosto — Por te trazer de volta à vida.
— Des... Desculpa — Sua voz saiu falhada — E obrigado. Eu acho.
— É bom mesmo! — Sibilou a mulher — Você não tem ideia de quão difícil foi lembrar de todas as coisas que eu precisava pra esse maldito ritual! E conseguir fazer ele corretamente pra você chegar aqui e simplesmente capotar no meu chão e fazer nada de útil! — Proferiu irritada. Deu meia volta bruscamente, indo em direção à seus livros.
— Droga! Eu estava morto, caramba. Morto! — Conseguiu ergueu a voz — E eu vim até aqui caminhando, você sabe o quão longe era? Eu sei lá quantos dias demorou pra eu chegar até aqui. E machucado! Com fome, caramba. Eu tô morrendo de fome...
— Pouco me importo. Se tivesse feito seu trabalho direito, não teria morrido — Um baque seco se deu quando ela, irritada, abriu bruscamente um dos livros grossos em cima da mesa — Que estúpido! Pode me contar, por gentileza, como você conseguiu essa proeza?
— Eu... — Ele desviou os olhos castanhos para um ponto qualquer, tentando esconder o constrangimento — Eu me apaixonei.
A risada estridente da mulher preencheu todo o recinto. Ele sentiu como se cada pelo de seu corpo se arrepiasse e seu estômago embrulhou instantaneamente. Ele podia jurar que alguns pássaros ergueram voo com o som do timbre da voz dela.
— Ah, que homem tolo. Humano tolo — Ela terminou a frase rindo.
— Como se você não fosse humana também — Cuspiu as palavras, revirando os olhos.
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Perdida, Nunca Encontrada
Fantasy*EM BREVE EM E-BOOK* Sempre somos rodeados de indagações e muitas vezes não possuímos respostas e a inquietude de não tê-las nos faz sempre querer mais. Até onde você iria para ter respostas e conseguir viver em paz e tranquilidade? Denna, em meio a...