08. Echoes of Vulnerability

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Jenna

Eu ignorei o comentário de Emma e comecei a desempacotar minhas coisas, tentando esconder a surpresa que aquelas palavras causaram em mim. Não queria parecer vulnerável, nem dar a impressão de que aquilo mexia comigo. Mas, na verdade, mexia. Muito.

As horas passaram lentamente naquela noite. Conversamos pouco, trocando apenas o necessário, e depois de um tempo, decidi ir tomar um banho. Precisava de um momento para mim, longe da presença desconcertante de Emma.

Fiquei no banheiro mais tempo do que o necessário, tentando organizar meus pensamentos. Quando finalmente saí, pronta para enfrentar mais uma noite difícil, me deparei com uma cena inesperada.

Emma estava de pé no meio do quarto, sem roupas, seus olhos fixos em mim com uma mistura de determinação e vulnerabilidade. Meu coração acelerou, e por um momento, não soube como reagir. Ela parecia tão exposta, tão aberta (😈), e aquelas palavras de mais cedo ecoavam na minha mente: "Eu sinto sua falta."

- Jenna, por favor... me dê uma chance - pediu ela, sua voz baixa, quase um sussurro, mas carregada de emoção.

Olhei para ela, tentando processar tudo aquilo. A Emma que eu conhecia nunca havia se mostrado tão vulnerável, e vê-la assim mexia comigo de maneiras que eu não conseguia explicar. Mas, ao mesmo tempo, a dor de tudo o que aconteceu ainda estava presente, como uma sombra entre nós.

Sem dizer uma palavra, me dirigi ao banheiro novamente. Precisava de um tempo para pensar, para entender o que eu realmente sentia. Ouvi um suspiro de decepção vindo de Emma, mas não olhei para trás. Entrei no banheiro e fechei a porta, deixando-a sozinha no quarto.

No banho, a água quente tentou aliviar a tensão em meus ombros, mas minha mente estava um turbilhão. Eu queria confiar em Emma, queria acreditar que as coisas poderiam voltar ao que eram antes, mas o medo de me machucar novamente era grande demais.

Quando finalmente saí, Emma estava deitada na cama, os olhos vermelhos, evidência de que tinha chorado. A visão dela assim partia meu coração, mas eu não sabia como lidar com aquilo.

- Emma... - comecei, mas a voz falhou, e eu não consegui continuar.

Ela olhou para mim, a dor evidente em seus olhos. - Eu só queria que as coisas fossem como antes, Jenna. Queria ter coragem de dizer o quanto você significa para mim.

Fiquei ali, parada, sem saber o que dizer. As palavras estavam presas na minha garganta, e eu sentia uma mistura de emoções conflitantes. Sentia falta dela, sentia raiva, sentia medo, mas, acima de tudo, sentia amor. E era isso que me deixava mais assustada.

Ela assentiu, compreensiva, embora visivelmente desapontada. - Eu entendo. Vou esperar o tempo que for preciso, Jenna. Só quero que saiba que estou aqui, e que sinto muito por tudo.

Deitei na cama, tentando encontrar uma posição confortável, mas a presença de Emma fazia tudo parecer estranho. O peso das suas palavras e a visão da sua vulnerabilidade permaneciam comigo, como um eco constante. Fechei os olhos, tentando acalmar meus pensamentos e finalmente deixar o sono me levar.

...

Na manhã seguinte, acordei cedo, a luz suave do sol entrando pelas frestas da cortina. Emma ainda dormia, seu rosto sereno, como se a tensão da noite anterior tivesse desaparecido. Levantei-me com cuidado, querendo evitar qualquer confrontação antes do café da manhã.

Desci as escadas e encontrei Bianca na cozinha, já preparando algo para comer. Sorri para ela, tentando parecer mais tranquila do que me sentia.

- Bom dia, Bianca.

- Bom dia, Jenna! Dormiu bem? - perguntou ela, animada.

- Mais ou menos - respondi, dando de ombros. - Mas nada que um bom café não resolva.

Enquanto tomávamos café, a Sra. Watson apareceu, parecendo revigorada e cheia de energia.

- Bom dia, meninas! Estava pensando que poderíamos passar o dia na praia. O que acham?

Bianca pulou de alegria, e eu sorri, concordando com a cabeça. Uma ida à praia parecia uma boa ideia para aliviar a tensão e talvez trazer um pouco de normalidade para a situação. Emma apareceu logo depois, parecendo um pouco hesitante, mas concordou com a proposta.

Pouco tempo depois, estávamos todas prontas, vestidas em nossos biquínis, com as toalhas e protetores solares em mãos. A praia ficava logo à frente da casa.

Ao chegarmos, escolhemos um lugar tranquilo e montamos nosso pequeno acampamento. Bianca correu imediatamente para a água, a Sra. Watson a seguiu logo depois, deixando Emma e eu para trás. Olhei para Emma, que estava ocupada ajustando sua toalha na areia. Senti um aperto no peito, mas me forcei a sorrir.

- Vamos nadar? - perguntei, tentando quebrar o gelo.

Ela me olhou surpresa, mas assentiu com um pequeno sorriso. Caminhamos até a beira da água e, ao sentir a primeira onda tocar meus pés, uma sensação de alívio percorreu meu corpo. Entramos na água juntas, e por alguns momentos, tudo parecia normal novamente. Rimos, jogamos água uma na outra, e a tensão entre nós parecia se dissolver, mesmo que temporariamente.

Depois de um tempo, saí da água e me deitei na toalha para pegar um pouco de sol. Fechei os olhos, deixando a sensação quente da areia e o som das ondas me envolverem. Abri os olhos ocasionalmente e percebi que Emma estava me observando de longe, seus olhos fixos em mim com uma intensidade que era difícil de ignorar.

Tentei não pensar muito nisso, concentrando-me em relaxar e aproveitar o momento. No entanto, a presença constante de seu olhar me fez sentir uma mistura de desconforto e algo mais que eu não conseguia identificar. Era como se cada vez que eu fechasse os olhos, pudesse sentir o peso de sua atenção em mim.

O dia passou rapidamente, e logo o sol começou a se pôr, tingindo o céu com tons de laranja e rosa. Recolhemos nossas coisas e começamos a caminhar de volta para a casa. Bianca e a Sra. Watson conversavam animadamente à frente, enquanto Emma e eu seguíamos em silêncio um pouco mais atrás.

Quando chegamos em casa, o cansaço do dia na praia começou a pesar. Tomamos banhos rápidos e nos preparamos para o jantar. A atmosfera estava mais leve, e as conversas fluíam mais naturalmente. Emma parecia mais relaxada, e eu sentia que talvez estivéssemos, aos poucos, encontrando nosso caminho de volta uma para a outra. Mas eu não iria ceder facilmente.

Naquela noite, deitamos mais cedo. O silêncio no quarto era confortável, diferente do que havia sido na noite anterior.

- Boa noite, Jenna - sussurrou Emma, quebrando o silêncio.

- Boa noite, Emma - respondi, sentindo um leve sorriso se formar em meus lábios.

Enquanto o sono me envolvia, pensei na praia, no olhar de Emma, e em tudo que estava acontecendo, não demorando para adormecer.

- Thay-lá, pessoal! Se cuidem e não se esqueçam de levar um sorriso no rosto e uma pitada de sarcasmo no coração. Beijos da Thay!

Aromas do Passado - JemmaOnde histórias criam vida. Descubra agora