22. Revelations

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O consultório do médico estava silencioso, o som do ar-condicionado zumbindo suavemente ao fundo. Emma, Bianca e Johnna estavam ao meu lado, cada uma tentando esconder a preocupação nos olhos. O médico, Dr. Ribeiro, sentou-se à nossa frente, com uma expressão séria, mas empática.

- Jenna, os resultados dos seus exames mostraram algo que precisamos discutir com cuidado - começou ele, olhando diretamente para mim. - Infelizmente, os exames revelaram que você tem um tipo de tumor cerebral chamado glioma.

Senti o chão desaparecer sob meus pés. Emma apertou minha mão, e eu olhei para ela, vendo a mesma mistura de medo e determinação em seus olhos. Respirei fundo, tentando me preparar para o que viria a seguir.

- O que exatamente é um glioma? - perguntei, tentando manter a voz firme.

Dr. Ribeiro assentiu, compreensivo.

- Gliomas são tumores que se originam nas células gliais do cérebro ou da medula espinhal. As células gliais são responsáveis por apoiar e proteger os neurônios, que são as células que transmitem impulsos nervosos. Existem vários tipos de gliomas, que variam de acordo com a célula de origem e a agressividade do tumor. Eles podem ser classificados em graus, de um a quatro, sendo os de grau quatro os mais agressivos.

Ele fez uma pausa, deixando que as informações se acomodassem.

- E o meu caso? - perguntei, a voz mais fraca do que gostaria.

- Com base na ressonância magnética e outros testes, parece que seu glioma é de grau três, também conhecido como glioma anaplásico. Isso significa que ele é mais agressivo do que os de grau um e dois, mas menos do que um glioblastoma, que é de grau quatro.

- E isso tem cura? - perguntou Bianca, a voz carregada de esperança e preocupação.

Dr. Ribeiro suspirou levemente, escolhendo as palavras com cuidado.

- Os gliomas de grau três são tratados de forma agressiva para tentar controlar o crescimento do tumor e prolongar a vida do paciente. Infelizmente, a cura completa é rara. O tratamento geralmente envolve uma combinação de cirurgia, radioterapia e quimioterapia para tentar remover o máximo possível do tumor e controlar o seu crescimento.

Senti um nó se formar na garganta, e Emma apertou minha mão com mais força, como se quisesse transferir toda sua força para mim.

- E como é o tratamento? - perguntei, tentando entender melhor o que estava por vir. - Preciso de cirurgia? Quais são os riscos?

- O primeiro passo geralmente é a cirurgia para remover o máximo possível do tumor - explicou Dr. Ribeiro. - No entanto, como os gliomas infiltram no tecido cerebral saudável, é impossível remover tudo sem causar danos significativos. Após a cirurgia, você provavelmente precisará de radioterapia e quimioterapia para atacar as células tumorais restantes.

Ele fez uma pausa, observando minha reação antes de continuar.

- Os riscos da cirurgia incluem danos ao tecido cerebral saudável, o que pode resultar em déficits neurológicos. Isso pode afetar funções como a fala, o movimento e a memória, dependendo da localização do tumor. A radioterapia e a quimioterapia também têm seus próprios efeitos colaterais, como fadiga, náusea e risco de infecção devido à diminuição das células sanguíneas.

O peso das suas palavras se abateu sobre nós como uma nuvem negra. Eu podia sentir a tensão no ar, cada uma de nós lidando com a notícia à sua maneira.

- Então, mesmo com todo esse tratamento, não há garantia de que o tumor será completamente removido? - perguntou Emma, a voz trêmula.

- Infelizmente, não - respondeu Dr. Ribeiro, com uma expressão triste. - Mas o objetivo é controlar o tumor e melhorar a qualidade de vida. Cada caso é único, e alguns pacientes respondem melhor ao tratamento do que outros. É importante manter uma atitude positiva e seguir todas as recomendações médicas.

Eu assenti lentamente, tentando absorver tudo o que ele havia dito. Era muita informação para processar de uma vez só, e o futuro parecia incerto e assustador.

- Vamos fazer tudo o que for necessário - disse Emma, sua voz firme, mas os olhos brilhando com lágrimas contidas. - Estamos com você, Jenna, não importa o que aconteça.

Bianca e Johnna assentiram, cada uma colocando uma mão no meu ombro, em um gesto de apoio silencioso. Eu senti uma onda de gratidão e amor por elas, sabendo que, apesar do medo e da incerteza, não estava sozinha nessa luta.

Dr. Ribeiro nos deu algum tempo para absorver a informação e responder às nossas perguntas adicionais. Quando finalmente deixamos o consultório, estávamos todas abaladas, mas determinadas a enfrentar o que viesse pela frente.

...

O caminho de volta para casa foi silencioso, cada uma de nós perdida em seus próprios pensamentos. Quando chegamos, Emma me ajudou a entrar, e nos sentamos juntas no sofá. Bianca e Johnna se juntaram a nós, criando um círculo de apoio e conforto.

- Sei que isso é assustador - disse Emma suavemente, acariciando meu cabelo. - Mas vamos enfrentar isso juntas. Não importa o que aconteça, estamos aqui para você.

Eu olhei para ela, vendo a determinação e o amor em seus olhos. Sentia-me assustada e vulnerável, mas também sabia que tinha um suporte incrível ao meu lado.

- Obrigada, meninas - murmurei, sentindo as lágrimas escorrerem pelo rosto. - Não sei o que faria sem vocês.

Bianca me puxou para um abraço, seguido por Johnna. Ficamos assim, abraçadas, buscando conforto e força uma na outra.

- Vamos superar isso, Jenna - disse Johnna, com uma firmeza que me deu um pouco de esperança. - Um passo de cada vez, e vamos encontrar uma maneira de seguir em frente.

Senti-me um pouco mais forte, pronta para enfrentar o que viesse a seguir, com minhas amigas e Emma ao meu lado. A jornada seria difícil, mas com elas, eu sabia que tinha uma chance de lutar.

...

- Jenna, você já pensou sobre quando vamos marcar a consulta com o Dr. Ribeiro para discutir a cirurgia? - Emma perguntou, com receio sobre tudo.

- Eu estava pensando nisso, mas estou com tanto medo de ouvir mais sobre o que vem pela frente. - Respondi respondeu com voz tristonha.

- É compreensível, mas quanto mais cedo marcarmos, melhor. Assim podemos nos preparar. - Bianca respondeu.

- E lembre-se, estamos aqui para te apoiar. Não importa o que ele disser, você não está sozinha. - Johnna entrou na conversa, tentando passar confiança.

- Exatamente! Podemos ir juntas. O que você acha de marcar para esta semana? - Emma perguntou, nervosa.

- Sim, acho que preciso enfrentar isso. Só quero que tudo dê certo. - Respondi, com a voz ainda tristonha soltando um suspiro em seguida.

- Vamos focar no que podemos controlar. Depois da consulta, podemos planejar o que fazer a seguir. - Bianca tentou nos confortar.

- E se precisar de tempo para descansar antes da cirurgia, o médico pode recomendar isso. O importante é cuidar de você. - Johnna completou, dando um leve sorriso.

- Isso faz sentido. Se me prepararem antes, pode ser mais fácil. - Tentei ser positiva

- Então, vamos ligar para o consultório agora e marcar essa consulta. Estamos com você, Jenna! - Emma falou, sorrindo e acariciando meu rosto.

- Obrigada, meninas. Isso realmente me ajuda. - Agradeci, com um pouco mais de esperança.

-Thay-lá, pessoal! Se cuidem e não se esqueçam de levar um sorriso no rosto e uma pitada de sarcasmo no coração. Beijos da Thay!

Aromas do Passado - JemmaOnde histórias criam vida. Descubra agora