Capítulo 4: O Cerco dos Mortos
*Meia Noite*
O horror que tomava conta do meu coração enquanto assistia Cassiana se transformar diante de mim era indescritível. Seu corpo se contorcia, seus olhos agora vazios e sem vida, um sorriso grotesco e macabro se formando em seus lábios. "Meia Noite," ela murmurou com uma voz que não era a sua. "Eu sou agora Asag, e você nunca escapará."
Eu cambaleei para trás, batendo contra a mesa e derrubando o toca-fitas. Precisava sair dali, mas minhas pernas pareciam feitas de chumbo. Lá fora, os zumbis se aproximavam lentamente, suas formas grotescas visíveis pela janela. O som de arranhões e gemidos ecoava pelo ar, uma sinfonia de morte e desespero.
"Meia Noite," a voz de Cassiana, ou melhor, de Asag, me tirou do meu transe. "Você libertou o mal, e agora será punido."
Desesperado, olhei ao redor, procurando uma saída. A porta estava bloqueada pela presença imponente de Asag. Precisava pensar rápido. Atrás de mim, uma janela estava semiaberta. Era arriscado, mas não tinha outra escolha.
Com um último olhar para Cassiana, ou o que restava dela, corri para a janela e me joguei para fora, aterrissando pesadamente no chão. A dor percorreu meu corpo, mas ignorei. Levantei-me rapidamente e comecei a correr pela floresta, os sons dos zumbis se aproximando cada vez mais.
A floresta estava envolta em uma escuridão quase total, apenas a luz fraca da lua iluminando meu caminho. Tropecei em raízes e galhos, mas continuei correndo, meu coração martelando no peito. Atrás de mim, podia ouvir os gemidos dos mortos-vivos e os passos pesados de Asag.
Enquanto corria, lembrei-me do meu poppet, o boneco vodu que sempre carregava comigo. Se havia uma chance de controlar os zumbis ou exorcizar Cassiana, seria agora. Parando por um momento, tirei o boneco do bolso e comecei a murmurar encantamentos, tentando canalizar minha energia para dominar os mortos-vivos.
"Obedeçam-me, criaturas da noite," sussurrei, sentindo o poder fluindo através de mim. Apontei o poppet na direção dos zumbis que se aproximavam, mas eles continuaram avançando, indiferentes aos meus comandos.
O desespero aumentou, mas não desisti. Mudei meu foco para Cassiana, agora possuída por Asag. "Cassiana, lute contra isso," implorei, apertando o poppet com força. "Volte para mim!"
Seus olhos vazios piscaram por um momento, e por um segundo, pensei ter visto um brilho de reconhecimento. Mas então Asag tomou controle novamente, rindo de maneira cruel. "Ela está perdida para você, Meia Noite. Aceite seu destino."
Minha tentativa de exorcismo falhou, e a realidade de minha situação caiu sobre mim como uma marreta. Sem outras opções, voltei a correr, buscando qualquer forma de escapar deste pesadelo. Finalmente, cheguei a uma clareira onde uma velha cabana de madeira se erguia.
Entrei correndo e fechei a porta atrás de mim, usando uma velha viga para trancá-la. Lá dentro, o cheiro de mofo e podridão era avassalador. Vasculhei o lugar, procurando algo que pudesse usar como arma. Encontrei uma velha espingarda em um canto e algumas balas espalhadas. Não tinha certeza se funcionaria, mas era melhor que nada.
Enquanto carregava a espingarda, ouvi um som vindo do andar de cima. Com cuidado, subi as escadas, cada rangido sob meus pés parecendo um alarme. No topo, encontrei uma sala cheia de símbolos e runas antigas. No centro, um grande espelho negro.
Aproximei-me do espelho, lembrando das palavras de Luna no meu pesadelo. "Lucifer virá por você, Meia Noite." Toquei a superfície fria do espelho, sentindo uma estranha energia emanando dele.
Antes que pudesse processar o que estava acontecendo, ouvi o som da porta da cabana sendo arrombada. Os zumbis e Asag estavam chegando. Precisava agir rápido. Lembrei-me de um antigo encantamento que havia aprendido anos atrás, algo que poderia, talvez, prender Asag novamente.
Comecei a recitar as palavras, minha voz tremendo. O espelho começou a brilhar, a superfície ondulando como água. Os passos se aproximavam cada vez mais. Terminei o encantamento e, de repente, uma força poderosa me empurrou para trás.
Asag entrou na sala, seus olhos vazios fixos em mim. "Você não pode me parar, Meia Noite," ela riu, avançando lentamente.
"Veremos," murmurei, levantando a espingarda. Atirei no espelho, quebrando-o em mil pedaços. Uma explosão de luz e energia encheu a sala, e Asag soltou um grito ensurdecedor.
Quando a luz finalmente se dissipou, a sala estava em silêncio. Asag havia desaparecido, mas o perigo estava longe de acabar. Do lado de fora, os zumbis ainda se aproximavam.
Peguei a espingarda e desci as escadas, pronto para lutar pela minha vida. A cabana estava cercada, e sabia que minhas chances eram poucas. Mas não iria desistir sem lutar. Precisava encontrar um jeito de sobreviver e, talvez, salvar Cassiana do destino horrível que a aguardava.
VOCÊ ESTÁ LENDO
SOMBRAS & SEGREDOS 2: As Sombras de Pazuzu
Horror"SOMBRAS E SEGREDOS: As Sombras de Pazuzu" Em "As Sombras de Pazuzu," o houngan voodoo Meia Noite, atormentado pelo remorso da morte de uma maga wicca, busca refúgio em uma cabana isolada com sua namorada, Cassiana. No entanto, forças malignas desp...