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Capítulo 3: O Segredo da Cabana

*MEIA NOITE*

A noite caiu quando finalmente nos instalamos na cabana. Cassiana, sempre prática e organizada, já tinha desfeito as malas e arrumado tudo. Eu, por outro lado, estava mais interessado em explorar o lugar. Havia algo de antigo e misterioso na cabana que me atraía.

Enquanto Cassiana preparava algo na cozinha, eu me aventurei pelo corredor estreito e mal iluminado. As paredes de madeira rangiam sob meus passos, como se a própria casa estivesse sussurrando segredos antigos. Passei por vários quartos até chegar a um pequeno escritório no fundo.

Algo estranho me chamou a atenção ao longo do caminho. Em um dos quartos, vi uma pilha de roupas e malas deixadas para trás, como se os últimos visitantes tivessem saído às pressas. Franzi a testa, achando a cena perturbadora. Por que alguém deixaria tantas coisas para trás?

Decidindo investigar mais tarde, continuei até o escritório. Dentro, encontrei uma estante cheia de livros empoeirados e uma mesa antiga. Mas o que realmente chamou minha atenção foi uma fita de áudio abandonada sobre a mesa, com uma etiqueta que dizia apenas "Elias". A curiosidade me consumiu. Peguei a fita e olhei ao redor, procurando um aparelho para tocá-la.

"Cassiana, vem ver isso aqui," chamei, meu tom carregado de sarcasmo. "Acho que encontrei o equivalente vodu de um diário de adolescente."

Ela apareceu na porta, seus olhos brilhando de interesse. "O que é isso?"

"Uma fita de áudio," respondi, girando-a entre meus dedos. "Provavelmente deixada por algum professor entediado que se achava o Indiana Jones das ciências ocultas."

Cassiana riu, aproximando-se de mim. "Vamos ouvir?"

"Claro," eu disse, encontrando um velho toca-fitas em um canto empoeirado da sala. Coloquei a fita e apertei o play. A voz do professor Elias começou a ecoar pela sala, entoando encantamentos da Tábua de Esmeralda, um texto antigo atribuído ao deus Seth.

No início, as palavras pareciam inofensivas, apenas um amontoado de frases sem sentido. Mas à medida que a voz continuava, senti algo mudar no ar ao nosso redor. Cassiana franziu a testa, parecendo inquieta.

"Isso não soa bem," ela murmurou, apertando minha mão.

De repente, a voz na fita se intensificou, os encantamentos ganhando uma cadência hipnótica. As sombras nas paredes pareceram se alongar e tomar vida própria. Um vento frio soprou pela sala, levantando poeira e fazendo os cabelos de Cassiana esvoaçarem.

Foi então que ouvimos os primeiros sons de algo se movendo lá fora. Olhei pela janela e vi silhuetas sombrias se arrastando entre as árvores, movendo-se lentamente em nossa direção. O horror tomou conta de mim enquanto percebia o que havíamos despertado.

"Cassiana, precisamos sair daqui," sussurrei, desligando o toca-fitas.

Ela assentiu, seus olhos arregalados de medo. "Vamos agora."

Mas quando nos viramos para sair do escritório, a porta se fechou com um estrondo. Cassiana gritou e se agarrou a mim, seus dedos cravando-se em meu braço.

As criaturas lá fora agora estavam visíveis nas janelas, seus corpos em decomposição e olhos vazios fixos em nós. Eram zumbis, movendo-se lentamente, mas com uma determinação implacável.

"O que diabos fizemos?" murmurei, mais para mim mesmo do que para Cassiana.

Antes que pudéssemos reagir, o chão começou a tremer, e uma figura familiar apareceu na porta. Era Luna, ou melhor, algo que parecia ser ela, mas com os olhos vazios e o pescoço cortado, o sangue ainda gotejando.

"Lucifer virá por você, Meia Noite," ela sussurrou, sua voz um eco aterrorizante do meu pesadelo.

Cassiana gritou novamente, e senti um frio gelado percorrer minha espinha. Estávamos cercados pelo mal, e a promessa de um refúgio seguro se transformara em um pesadelo vivo.

De repente, Cassiana soltou um gemido estranho e se afastou de mim. Seus olhos reviraram e seu corpo começou a se contorcer de maneira antinatural. "Cassiana, o que está acontecendo?" perguntei, tentando alcançá-la.

Ela se virou para mim, seus olhos agora vazios e sem vida, um sorriso grotesco se formando em seus lábios. "Meia Noite," ela murmurou com uma voz que não era a sua. "Cassiana não tá no momento quer deixar um recado?" A voz dela se tornou cavernosa, em meio a suas gargalhadas "Eu sou agora Asag."

O horror tomou conta de mim enquanto via Cassiana se transformar diante dos meus olhos, seu corpo assumindo uma forma monstruosa e podre. O amor da minha vida havia se tornado uma entidade zumbi, e eu estava preso no pesadelo que eu mesmo havia criado.(De novo)

SOMBRAS & SEGREDOS 2: As Sombras de Pazuzu Onde histórias criam vida. Descubra agora