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*Roberto*

Eu dirigia pela estrada sinuosa, o coração martelando no peito e o suor escorrendo pela testa. Cada quilômetro me afastava mais da cabana amaldiçoada, e meu alívio aumentava a cada segundo. Porém, o que mais me incomodava não era o terror que deixei para trás, mas a culpa que me corroía por dentro. Eu sabia que tinha abandonado meus amigos. Eu sabia que tinha deixado Edgar para morrer.

O carro entrou na primeira cidade ao amanhecer, e o alívio foi substituído pelo pânico quando vi as luzes azuis e vermelhas de uma viatura policial piscando no retrovisor. Encostei o carro, minhas mãos tremendo tanto que mal conseguia segurar o volante.

Um policial alto e corpulento se aproximou. "Desça do carro, senhor," ele ordenou, sua voz firme. Quando saí, o policial olhou para o carro e seus olhos se arregalaram. "Jesus Cristo, o que aconteceu aqui?"

Olhei para trás e vi a pintura vermelha e viscosa que cobria o carro. Era o sangue de Edgar. Meu estômago revirou, e tentei explicar, mas as palavras saíam atropeladas. "Eu... eu... foi um acidente... não foi o que parece..."

O policial não pareceu convencido. "Precisamos que você nos acompanhe até a delegacia."

Fui algemado e levado para a delegacia, onde tentei mentir, inventando uma história sobre um acidente na estrada. Mas era inútil. Os policiais não acreditaram em uma palavra e decidiram investigar a origem do sangue. Eles me colocaram de volta no carro e dirigiram na direção da cabana.

"Não, por favor, não me levem de volta lá," implorei, sentindo o terror tomar conta de mim novamente. "Vocês não entendem, é um lugar amaldiçoado! Não podemos voltar!"

Os policiais não deram ouvidos aos meus protestos. "Senhor, precisamos verificar essa cabana. Se o que você diz é verdade, precisamos ver com nossos próprios olhos."

Quando chegamos à cabana, eu estava tremendo incontrolavelmente. Minhas pernas pareciam feitas de gelatina, e me vi incapaz de dar um passo. Os policiais me empurraram para a frente, e cada passo em direção à cabana aumentava meu terror.

"Por favor, não entrem," supliquei, já sentindo umidade escorrendo pelas pernas. "É um lugar maldito. Não devemos entrar."

Os policiais me ignoraram e empurraram a porta da cabana. No instante em que cruzamos o limiar, a porta se fechou com um estrondo. O som ecoou pela cabana, e senti o frio do terror se espalhar pelo meu corpo.

Os policiais começaram a investigar, mas eu sabia que era tarde demais. A cabana estava viva com o mal que nela residia. Olhei ao redor, e minha visão ficou turva quando percebi que não havia escapatória. O mal nos tinha em suas garras.

"Por favor, não!" gritei, minha voz se transformando em um uivo de desespero. "Por favor, não!"

O riso sombrio e cruel de uma entidade invisível ecoou pela cabana, e eu soube que nosso destino estava selado. As sombras começaram a se mover, e o ar ficou denso com a presença do mal.

Os gritos dos policiais foram abafados, e eu senti o frio gelado das mãos invisíveis me agarrando. A última coisa que vi antes de ser engolido pela escuridão foi o sorriso maligno de um demônio que sabia que seu jogo estava apenas começando.

Fim.

SOMBRAS & SEGREDOS 2: As Sombras de Pazuzu Onde histórias criam vida. Descubra agora