Capítulo 10 - A floresta
O solo explodiu, o que uma vez foi a mulher de Meia Noite, agora um grotesco zumbi.
O ar estava impregnado com o cheiro de morte e decadência dela enquanto Meia Noite lutava para concluir o ritual. O suor escorria por seu rosto, e eu podia ver a tensão nos seus olhos enquanto ele murmurava palavras em um idioma antigo, tentando quebrar a maldição.
Cassiana, que havia sido transformada em uma entidade monstruosa, começou a voltar ao normal. Seus olhos, antes vazios e inumanos, começaram a recuperar a vida. "Cassiana!" Meia Noite gritou
Sentindo uma onda de alívio ao vê-la voltando para nós.
Mas o alívio foi breve. Algo estava errado. O mal ainda persistia no ar, uma presença sinistra que parecia rir de nossa tentativa de escapar.
De repente, Cassiana se virou para Meia Noite, seus olhos cheios de um brilho maligno. "Meia Noite, por favor, pare," ela disse, sua voz suave, mas cheia de uma falsa doçura.
Meia Noite olhou para ela, sua expressão endurecendo. "Você não é Cassiana," ele disse friamente. "Eu posso sentir que não é mais ela."
O demônio, percebendo que sua farsa havia sido descoberta, deixou escapar uma risada maléfica. "Muito esperto, Meia Noite. Mas é tarde demais." Com um movimento rápido ela colocou a mão envolvida do rosto, e cruelmente, o demônio quebrou o pescoço de Cassiana, sua gargalhada ecoando pela cabana enquanto ela caía ao chão, sem vida.
O horror da cena me paralisou por um momento, mas Meia Noite agiu rapidamente. "Temos que sair daqui agora!" Ele me puxou pela mão, e juntos corremos para fora da cabana, deixando para trás a cena de morte e desespero.
A floresta maligna nos envolveu em uma escuridão opressiva enquanto fugíamos. Os galhos das árvores pareciam ter vida própria, estendendo-se para nos agarrar, rasgando nossas roupas e arranhando nossa pele.
"Não olhe para trás, apenas continue correndo!" Meia Noite ordenou, sua voz cheia de Medo.
Corremos como se nossas vidas dependessem disso, e de fato dependiam. O pântano surgiu diante de nós, suas águas turvas e traiçoeiras prometendo um desafio mortal. Sem hesitar, mergulhamos, nadando desesperadamente enquanto os sussurros dos zumbis ecoavam ao nosso redor, prometendo nossa condenação.
"Vamos, Sofia! Não pare!" Meia Noite gritou, sua voz sendo a única âncora de sanidade em meio ao caos.
Os zumbis estavam próximos, seus gemidos grotescos e passos arrastados nos perseguindo implacavelmente. Cada respiração era uma batalha, cada movimento um desafio contra as forças que nos queriam mortos.
A cada passo que dávamos, a floresta parecia conspirar contra nós. As árvores, retorcidas e cheias de malevolência, estendiam seus galhos como braços esqueléticos tentando nos capturar. Um galho especialmente espinhoso rasgou minha blusa, subiu e meu olho esquerdo se perderá, deixando um corte profundo em meu rosto.
"Merda!" gritei, sentindo a dor e a urgência crescendo em mim. Meia Noite, ao meu lado, puxou-me com força, ajudando-me a me libertar das garras vegetais.
A densa vegetação dificultava nossa passagem, e cada vez que nos libertávamos de um galho, outro parecia surgir, mais agressivo e determinado a nos deter. "Essas malditas árvores estão vivas!" eu disse, a voz cheia de desespero.
"Não vamos deixar que elas nos parem," respondeu Meia Noite, com a mesma determinação feroz. "Precisamos continuar."
Atravessamos o pântano, suas águas frias e escuras nos sugando para baixo, nos engolindo vivos. O lodo espesso dificultava cada movimento, e a sensação de afundar era aterrorizante.
"Nade, Sofia! Não pare de nadar!" Meia Noite gritou, sua voz soando abafada pela água e pelo pânico.
Ouvíamos os sussurros dos zumbis, seus gemidos ameaçadores parecendo se aproximar cada vez mais. Era como se a própria floresta estivesse viva e conspirando contra nossa fuga.
"Vamos, estamos quase lá!" Meia Noite puxou-me para fora do pântano, suas mãos firmes e seguras, ele não me abandonou, nem quando minha mão vacilou e soltou, ele rapidamente a buscou e a segurou.
A corrida através da floresta parecia interminável. A cada passa deixando trilhas de sangue nas árvores. Os espinhos nos arranhavam, mas a dor era um lembrete constante de que estávamos vivos e lutando por nossa sobrevivência.
Finalmente, depois do que pareceu uma eternidade, a primeira luz do amanhecer começou a romper a escuridão. As sombras recuaram, e a floresta maligna começou a perder seu poder. O sol nascente banhou-nos em sua luz, prometendo um novo começo, um alívio do pesadelo que havíamos vivido.
Emergimos da floresta, exaustos e feridos, mas vivos. O sol nascente banhou-nos em sua luz, prometendo um novo começo, um alívio do pesadelo que havíamos vivido.
Eu olhei para Meia Noite, nossos olhares compartilhando um entendimento silencioso. Tínhamos sobrevivido, mas às custas de muitos. Cassiana, Edgar, Vanessa e Roberto... todos se foram, vítimas do mal que havíamos enfrentado.
"Prometo que nunca mais voltarei aqui," eu disse, minha voz fraca, mas firme.
"Cassiana!!!" Meia Noite respondeu, sua voz carregada de uma tristeza profunda. "Haaaa!"
E assim, com o sol nascendo nas nossas costas, deixamos para trás a floresta maligna, determinados a nunca mais olhar para trás.
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SOMBRAS & SEGREDOS 2: As Sombras de Pazuzu
Horror"SOMBRAS E SEGREDOS: As Sombras de Pazuzu" Em "As Sombras de Pazuzu," o houngan voodoo Meia Noite, atormentado pelo remorso da morte de uma maga wicca, busca refúgio em uma cabana isolada com sua namorada, Cassiana. No entanto, forças malignas desp...