Davina acordou tarde, estava um pouco cansada por conta da madrugada, mas ainda assim envergonhada em pensar que talvez veria Law após tocá-la pela primeira vez.
Ela levantou e seguiu até o banheiro, foi andando devagar e, após fazer as higienes, retornou para o quarto. Ainda sentia que a própria essência estava vazando pelos poros e, com isso, se apressou em tomar os últimos comprimidos que tinha. Vasculhou a bolsa com cuidado até encontrá-los e os engoliu a seco. Depois, seguiu para o quarto, onde prendeu os cabelos e procurou por uma roupa. O corpo ainda estava dolorido pelo ocorrido. O tornozelo estava um pouco melhor, mas a costela ainda doía; entretanto, conseguiria caminhar calmamente.
— Aquele era o meu melhor vestido — fez um beicinho, juntando os lábios em tristeza ao pensar que ficaria sem ele e não pôde deixar de lembrar de Dressrosa.
Doflamingo andava de um lado para o outro, a pequena garota estava em seus braços, os alfaiates em polvorosa por cada escolha da princesa.
— Fu-Fu-Fu, eu quero mais babados e muito cor de rosa. Coloquem enfeites de ouro também — ela ainda não entendia muito bem, era pequena demais.
— Querido, menos. A nossa filha não é um bibelô.
— Ela é sim, uma princesa, e aí de quem tocar em um fio — riu de sua maneira peculiar antes de voltarem às compras. Doflamingo poderia ser um crápula, mas dentro dos limites do castelo ao qual Davina morava com sua mãe e não tinha participação ou convivia com o bando do rei, ele era um excelente pai. No entanto, o mundo cor de rosa da garota desabou. Primeiro com a perda de seu amado tio, e depois a partida do garoto que, por mais que a odiasse, era com quem conversava secretamente, e por fim, a rainha que morreu junto ao irmão no parto. Davina ficou à mercê do pai que, anos depois, foi preso.
Ela passou a viver sozinha até ser pega e levada para o leilão e ali conheceu um novo tipo de algoz e a profunda desimportância sobre a vida humana.
Foi quando Kid foi até aquele local atrás de mais betas para seu trabalho em sua ilha que a viu. Olhos brilhantes de desespero, um estouro no cais, treze bandos piratas na ilha e um monarca de merda sendo espancado. Eustass simplesmente a olhou e desviou em direção ao próprio barco. Se ela quisesse viver, por assim dizer, iria com ele. E bom... ela foi.
Eustass, capitão Kid, um homem bruto e meio ignorante, a tratava como um filhote. Davina sempre foi baixinha em relação aos alfas, outra condição fixa de um ômega, e para ele isso era ótimo, uma vez que adorava tê-la sentada em seu colo, roçando assim o nariz abaixo do lóbulo direito, bem na curvatura do pescoço onde o cheiro era mais forte.
Eustass não se sentia fraco ou sequer a via como um motivo para o pôr em perigo. Ela era sua porque queria ser, e a partir do momento que lhe desse um não, continuaria sendo tripulante, mas não estaria na presença intensa e solene do capitão. Era uma relação confusa, porém proveitosa para ambos, onde Davina se sentia bem e confortável, mas também confusa por não ter sentimentos românticos por aquele que a salvou.
Agora, devidamente vestida, optou por adiantar os comprimidos. Na sua pequena mesa de trabalho, tinha tubos de ensaio, um "fogão" e outros recipientes úteis o suficiente para cozinhar os inibidores sem fazer sujeira. A garota então separou os itens por etapas: primeiro, os brotos que foram lavados e embebidos em uma mistura de água do mar fervida e as gotas do incenso; depois, as sementes; e, por último, as flores. Cada broto foi cozido e as sementes trituradas e unidas a um líquido viscoso. Depois, as inúmeras formas foram preenchidas com a mistura de coloração roxa intensa e colocadas sobre a cama.
— Bom, essas remessas são para o Kid. Comprimidos para alfas dão sempre mais trabalho. Agora os meus — voltou para a mesa e continuou os procedimentos. Cada comprimido levava o triplo do efeito dos inibidores normais, e esse era mais um problema de ser ômega, que possui um alfa com quem se tem o imprinting e, ao mesmo tempo, é rejeitada. Tudo se torna mais intenso, pois o lado ômega tende a chamar por ele, graças à ligação.
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Instinto | LAW
RandomO instinto é algo primitivo e cruel, nos faz agir antes de pensar. Podemos matar por ele, salvar por ele e até mesmo destruir aquilo que deveria ser belo e genuíno. ABO Law X OC | +18 #1 Eustasskid 08.09.24