Mas eis a hora de partir: eu para morte, vós para a vida. Quem de nós segue o melhor rumo ninguém o sabe, exceto os deuses. - SócratesO resto dos meus dias foram os mais tediosos, Tom não apareceu mais e eu obviamente tive que me contentar com isso, afinal o que mais eu iria fazer? Não sou nada além de uma mulher comum, passo os dedos pela xícara de café em minhas mãos, estava esperando um fornecedor novamente, lembrei-me de uma poção a qual chamam de 'sorte líquida', se não me engano seu nome correto é Felix Felicis, ou algo do tipo, mesmo sabendo que ele não iria voltar a me procurar não sou uma pessoa que desiste tão fácil, principalmente de uma paixão.
Acredito que são as paixões que regem nossa pobre vida, ou grande parte dela pelo menos, afinal somos eternos apaixonados, seja pela vida, prazeres, amores, ou qualquer outra coisa que se tenha uma paixão. É diferente do amor, a dopamina gerada por uma paixão é ridiculamente maior, mas é passageira; sentimentos assim são bem complexos, em grande parte das vezes nós dificilmente entendemos metade do que sentimos.
- Eliza?- Olho para a pessoa de pé em frente a minha mesa, finalmente o meu fornecedor chegou.
- Sim...- Me levanto para o cumprimentar. - Sente-se...- Ofereço com um gesto de mão mas ele imediatamente balança a cabeça em negação.
- Perdão senhorita, infelizmente não tenho tempo hoje, mas trouxe o que me pediu.- Vejo ele me entregar uma pequena caixa de bolso, seguro em minhas mãos e concordo com a cabeça.
- Certo, obrigada...- Tiro a jóia de rubis e ouro branco da minha bolsa de mão com delicadeza. - Aqui o pagamento.- O entrego e ele sorri.
- Sempre bom fazer negócios com a senhorita!- Tirando seu chapéu ele me dá uma reverência e sai do café, eu não uso meu primeiro nome, e acredito que nem Garlet usa o dele, novamente ele saiu apressado, me pergunto o porquê disso. Meu pagamentos são sempre feito com joias, ou outras coisas de valor que Garlet possa vender no mundo bruxo, já que nós não usamos a moeda dos bruxos.Depois de ponderar um pouco eu tomo a tal poção, em primeiro momento não sinto nada muito anormal, apenas uma sensação de bem-estar, é o que você espera quando pensa em sorte, caminho por entre os becos sinuosos, paro em algumas lojas comprando algumas coisas. Por fim depois de mais ou menos uma hora eu chego em casa, comprei mais do que deveria, as rosas aqui nem estão murchas ainda, porém a florista disse que tinha chegado rosas vermelhas e eu não resisti, elas ficaram lindas nos vasos da escada.
- Oh...- Vejo uma das rosas fora do lugar, coloco meus dedos entre os caules tentando ajeitar, claramente não era uma ideia boa, os espinhos obviamente rasgaram a minha pele, mas eu continuo arrumando, enfim consigo ajeitar as flores deixando tudo perfeito, tudo exceto minha mão, que sangrava. - Preciso cuidar disso...- Murmuro para mim mesma indo até o banheiro, abro a torneira e começo a lavar minha mão, a deixo em baixo da torneira na água corrente enquanto com a outra mão abro o armário pegando uma pequena maleta de primeiros socorros.
- Quanta tolice...- Ouço uma voz grave atrás de mim, um arrepio serpenteia minha espinha, minha mão não se mexe para abrir o armário, nem o resto do meu corpo, a única coisa que lentamente se move são meus olhos, que se fixam no espelho e pelo reflexo o vejo atrás de mim, Tom. - E então Cecília... o que pensa fazendo tudo isso?- Sua expressão demonstra uma raiva genuína, mas também um tom de sarcasmos quase cômico.
- Fazendo o que?- Eu estava confusa, não entendi sobre o que exatamente ele estava falando, ouço um riso frio, sem nenhuma empolgação.
- Comprando poções, orando por mim, se tocando quando eu faço a gentileza de aparecer...- Vejo ele colocar as mãos nos bolsos me encarando pelo reflexo do espelho. - Existe algo por trás de todo esse teatro? Ou vocês trouxas tem um apreço em fingerem ser o que não são? - Franzi minhas sobrancelhas desviando o olhar dele e olhando a pia, fecho a torneira e seco minha mão com uma toalha de rosto próxima.
- Eu não estou fingindo ser nada...- Me viro para o encarar, ele ri dando alguns passos para trás e andando pelo banheiro.
- Oh, não está? Muito bem, então o porquê de todas essas poções?- Ele para em frente ao armário de vidro.
- Eu as uso...- Os olhos se voltam para mim novamente.
- Usa para que eu venha lhe ver.- Ele volta a caminhar, desta vez em minha direção.
- Nem todas.- Mais um riso gélido.
- Nem todas? Você é realmente intrigante.- Uma das mãos dele sai do bolso da calça, com o indicador apontando para cima, quase como se estivesse me ensinando uma lição ele volta a falar. - Você sabe com quem está falando?- Imaginei que fosse uma pergunta retórica e nem tento responder. - Sim, Tom Marvolo Riddle é o meu nome, mas eu tenho certeza que você não faz ideia do que isso signifique...- Novamente ele para em minha frente. - Me diga se você faz alguma ideia de quem eu sou.- Seu tom é de uma ordem que tem apenas alguns segundos para ser realizada.
- Você tem razão, eu não faço ideia...- Ouço um 'huhum' vindo dele. - Mas mesmo assim posso dizer que você não é um bruxo qualquer.- Tom estava em silêncio mas vi uma leve surpresa em sua expressão. - Quando você entra aqui o ar é mais pesado, o banheiro fica mais frio, também sei que não é qualquer um que consegue a proeza de sumir tão facilmente como você faz.- Ouço sua risada, dessa vez um pouco menos congelante.
- Estou impressionado, vejo que ao menos para deduções simples você é útil.- Ele apoia as duas mãos na pia atrás de mim, ficando mais próximo, eu sustento meu olhar, analisando cada expressão dele. - Cecília se você tem amor a sua vida abaixe a cabeça imediatamente.- Suas palavras me pegam desprevenida, o tom também é completamente diferente, eu podia sentir que não poderia brincar com Tom, então fiz o que ele mandou.
- Desculpe, mas eu queria perguntar uma coisa...- Murmuro ouvindo um suspiro dele.
- Pergunte.- Aperto minha mão com a toalha ainda envolta, eu espero que isso pare de sangrar logo.
- Achei que você não viria mais... por quê você está aqui? - Olho rapidamente para o rosto dele.
- Você está certa, eu não iria vir. - Ele se afasta novamente, mas dessa vez não sai de minha frente. - Entretanto, achei seu comportamento um desrespeito. - Não entendo, porque ele está com tanta raiva?.
- Se você está falando das poções eu tinha alguns antepassados bruxos e foram eles que me contaram sobre..- O olhar dele me corta, como se quisesse dizer que mais uma palavra e eu seria morta.
- Você não é bruxa, é uma trouxa, uma raça que não deveria existir mais.- Meus olhos se arregalaram. - São vocês que se infiltram entre bruxos e se mantém como parasitas em suas vidas, manchando o sangue puro... trazendo ao mundo as malditas aberrações de sangue impuro.- Seu ódio é quase palpável, cada palavra que sai de sua boca é banhada de um nojo indescritível.
- Mas...- Um aceno de mão, é a única coisa que recebo, então me calo novamente.
- É por isso que eu estou aqui, você mexeu comigo, de alguma forma, mas eu não quero nada vindo de sua raça! É por isso que eu resolvi dar um fim em você...- Meu estômago cai, é como se todos os meus órgãos tivessem parado de funcionar, eu não sabia nem o que dizer, muito menos me mexi, mas mesmo que eu quisesse fazer algo, o que eu poderia fazer? Tudo que envolve Tom Riddle vai além da minha compreensão, não existe nada a não ser aceitar.
Olá, como vocês estão? Peço desculpas pelos erros de ortografia e horário, fiquei um pouco ocupada com a fanfic do Theodore Nott e nem vi o tempo passar, pois bem, espero que gostem de mais um capítulo! Caso seja o caso, considere votar, também sinta-se livre para comentar, críticas são bem vindas contanto que mantenham o respeito comigo e com os leitores!Um beijo sangrento.
Miah
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Sangria - Tom Marvolo Riddle
Fanfiction"A repulsa é uma das formas de obsessão e que, se desejamos alguma coisa, é mais fácil pensar nela com horror do que deixar de pensar." - Marguerite Yourcenar Onde Tom Marvolo Riddle é um homem detestável que encontra uma mulher obcecada e juntos el...