Capítulo 11

15 1 0
                                    

Onde Charlie retorna ao bar para reencontrar a cantora que o atraíra e, de pronto, conhecê-la.


Determinado a conseguir o que planejava, Charlie retornou ao bar — traçando o caminho de volta a partir da casa do Médium —; Ícaro penando para alcançá-lo.

Por mais que o amigo se adiantasse, Charlie se movia muito rápido, dando passadas bastante grandiosas.

Junto às expectativas de Charlie, a alva da manhã começava a chegar à cidade, revelando o que antes estivera escondido aos olhos deles.

As ruas por onde passavam eram repletas de ladeiras, vielas e alamedas. Os trilhos, da noite anterior, cortavam o asfalto em alguns pontos; já em outros, carros e ônibus transitavam.

Andando, mesmo que um pouco perdidos; não tardaram em encontrarem o bar, onde, numa plaquinha de metal, pregada no muro de tijolos, puderam ler o nome da rua em que se encontravam: Larkin St.

Cruzado o beco e a entrada do bar Saint. Louis, Charlie não se abateu ao vê-lo deserto. Os únicos que tinham restado eram os funcionário, que erguiam as cadeiras para o alto das mesas e se preparavam para fechá-lo.

Charlie, determinado, prosseguiu até o interior. Próximo ao palco, ele esperava reencontrar a mulher que conseguira enfeitiçá-lo aquela noite. Qualquer coisa, um número de telefone, endereço ou nome conseguido, o bastaria.

Uma garçonete — de bandeja de prata nas mãos e usando uniforme — se aproximou ao notar os dois visitantes. Parecia muito com a que oferecera charutos a Rogers.

— Posso ajudá-los?

Os dois homens viraram para a mulher morena. As correntes, com efeito, estavam funcionando!

— Estou procurando uma moça que cantou aqui na noite anterior, não me lembro de seu nome, mas tem cabelos cacheados e usava um vestido vermelho como um rubi. — Charlie, sorriu simpático para a garçonete, tratando do assunto como uma trivialidade.

— Encerramos o serviço aqui, mas podem descer para o restaurante e perguntar no caixa.

A funcionária apontou uma porta estreita e que nenhum dos dois tinha visto da primeira vez que pisaram ali; aliás, o lugar era bastante diferente sem o apinhado de gente quando aberto.

— Ah, perfeito! Muito obrigado — agradeceu Charlie, contentíssimo.

Ele imediatamente avançou para a porta, com Ícaro pulando em seus calcanhares.

— Não me diga que vai realmente insistir nisso.

— Não fomos até aquele velho à toa meu caro. — Charlie, parou na soleira da porta e procurou, com os olhos, a cantora ou o caixa.

O restaurante ligado ao bar era pequeno e retangular. Uma mesa grande de bufê ficava no centro, enquanto as mesas concentravam-se nas laterais, próximas das paredes revestidas com um papel de parede verde, decoradas por quadros e folhetos. Uma grande vitrine dava vista para uma rua movimentada por carros e pessoas. O caixa ficava num canto.

Uma pequena fila se formava de frente ao balcão comprido de madeira, e no começo da fileira, estava nada mais nada menos, que a mulher de vermelho.

Ali que o olhar de Charlie parou e, satisfeito, meteu-se no restaurante, pulando os dois degraus da porta.

Como a mulher conversava com o homem do caixa, Charlie teve de se embrenhar na fila, esperando o melhor momento para abordá-la.

Ícaro, acanhado, torcia a boina nas mãos ao acompanhá-lo em sua espera.

A Trombeta de GabrielOnde histórias criam vida. Descubra agora