First

96 12 19
                                    

T H E   O N E

Azriel estava sentado num dos bancos de madeira em frente a fonte do Rio, jogando pequenas moedas que balançaram em seu bolso conforme o caminho que percorreu até ali. Estava pensando na história que tinha lido pela manhã, onde uma moça apaixonada fazia o mesmo que ele, repetidamente, desejando e desejando que tudo fosse diferente. Desejando que fosse melhor. Desejando que fosse real.

Na estória que Az encontrou na biblioteca, a personagem divagava sobre o que poderia ter feito pra mudar o seu destino, o que tornaria aquele final se tornar sobre amor, sobre pertencimento, sobre algo natural.

"Não seria divertido, se você fosse a pessoa certa?" a personagem perguntava.

Ele, em contraponto, perguntou incontavelmente a si mesmo sobre o que poderia fazer para mudar a cabeça de Rhys. Naquele momento, tudo girava em torno de fazer o seu irmão entender a mensagem do Caldeirão sobre ele, sobre o que eles poderiam ter, sobre o império que as irmãs Archeron estavam prestes a construir mesmo sem ter ciência e sobre como os 3 machos estavam destinados a viver isso com elas.

Como fazer seu Grão Senhor perceber que era apenas uma questão de tempo até Elain recusar a Parceria com Lucien? Que não podia ser uma simples coincidência?

— Olá... — Az se virou quando não só a voz de Gwyneth preencheu o ambiente, mas o cheiro cítrico de seu tônico quando ela passou na sua frente. Ela vestia uma calça branca e um manto azul claro, com o tecido do capuz caído em suas costas e se misturando com seu cabelo ruivo.

— Oi... — Ele respondeu com um meio sorriso, enquanto ela se sentava do outro lado do banco, cruzando as pernas e colocando duas pequenas sacola entre eles dois. Azriel estremeceu um pouco ao notar suas sombras curiosas a respeito da nova companhia, que abria um livro despretensiosamente.

Romance, suas sombras sussurraram para ele, que olhou diretamente para o livro. A estória sobre uma das valquírias e sua parceira. Explicaram para ele, que quando viu o nome da autora, percebeu que era a mesma autora do livro que ele lera de manhã.

Azriel se forçou a olhar para a fonte, ignorando a agitação de suas sombras, e arrumou sua postura quando percebeu que elas faziam um movimento meio sincronizado, quase como se acompanhassem a respiração da moça. Ele olhou de relance, percebendo que ela quase enfiara o rosto dentro do livro, mas não era isso que chamara sua atenção e sim a confiança e tranquilidade que transparecia de Berdara.

Era impossível não perceber a evolução da sacerdotisa, o quanto que, a cada dia, ela tinha se tornado mais confiante, mais corajosa, mais... ela.

Azriel conhecia pouco de Gwyn. Além de seu trauma e sua determinação durante os treinos e o rito, ele só tinha aquilo que ouvia de Nestha, e o que descobriu em sua extensa e detalhada pesquisa sobre o templo de Sangravah, logo após a invasão de Hybern em busca de mais sacerdotisas desaparecidas, ou qualquer criança que pudesse ter sido levada ou morta.

Gwyn, até então, era órfã. Perdera a única família que lhe restava no incidente e Azriel, desde que viu sua força de vontade de superar o passado, procurou acompanhar de perto a sua evolução, e, honestamente, mesmo de longe seria possível ver que ela estava se soltando de seus traumas, se tornando alguém fácil de admirar.

— O que foi? — Gwyn perguntou, tirando ele de seu transe. Ele piscou algumas vezes, percebendo que não tinha parado de encará-la por um tempo. Um descuido.

— Nada... — Ele responde, meio perdido, ainda voltando pra realidade. — Eu... Eu li um livro dessa autora hoje de manhã. — Az gagueja, o que surpreende Gwyneth mais que a coincidência.

A Corte de Histórias e Encantos • GwynrielOnde histórias criam vida. Descubra agora