┃ 𝐌𝐄𝐌𝐎𝐈𝐑𝐒 ┃ Corações quebrantados

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Antes de mamãe adoecer ela havia feito um vestido para mim, que já não me serviria mais nem se eu desejasse muito

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Antes de mamãe adoecer ela havia feito um vestido para mim, que já não me serviria mais nem se eu desejasse muito. Porém, eu não quis perdê-lo ou somente guardá-lo de recordação, queria poder usá-lo. Passear por aí e saber que a roupa que eu usava fora feita por suas mãos.

Eu sempre fui muito apegada em qualquer coisa que pudesse me lembrar ela. Seja um simples vestido, uma fotografia ou uma simples carta...

Mamãe me fazia muita falta, e eu precisava encontrar alternativas para amenizar aquela saudade tão dolorosa que tinha se hospedado em mim logo que ela partiu.

E com isso, não hesitei em pegar alguns trocados das minhas economias e levá-lo a uma costureira para que o ajustasse. Pedi firmemente que ela mantesse a essência do vestido, afinal, o que tornava aquele vestido importante e único eram as preferências de mamãe quando decidiu fazê-lo. E ela tinha tão bom gosto...

Após algumas semanas o peguei pronto na costureira, e a primeira coisa que fiz foi vestí-lo. Aquele seria, para sempre, um dia memorável para mim. Tinha "reconquistado" uma coisa muito importante para mim.

Assim que estava vestida e pronta, senti a presença de mamãe viva em meu coração em cada passo que eu dava nas ruas de Small Heath, a cada balançar daquele vestido rodado tão lindo e feito com tanto carinho, percebia o quanto fui amada por aquele exemplo de mulher.

Certifiquei-me que Claire estivesse brincando com suas amigas em segurança antes de sair de casa. Eu queria mostrar aos meninos aquele vestido que era tão especial para mim. Principalmente para um par de olhos azuis claríssimos que com certeza me dedicaria um belo sorriso apaixonado.

Eu realmente estava ansiosa por isso.

Quando cheguei na rua em que eles moravam, encontrei os três irmãos, um ao lado do outro, de roupas sociais e escorados em uma das paredes de pedras. Como malandros aguardando o próximo passo.

Essa era a imagem que eles passavam com aquela pose.

— Hey! — John Boy foi o primeiro a me perceber e me cumprimentar, fazendo os outros dois lançarem seus olhares em minha direção no mesmo instante.

— Olha só se não é a Jey-Jey! Com esse vestido rodado até parece uma verdadeira dama! — Arthur riu com a própria piada.

— Ei, mas eu sou uma dama! — Rebati, de forma ofendida ao mais velho.

Enquanto John era o mais novo dos irmãos, o mais trapaceiro e o que sempre nos dava ideias mordaz, Arthur era o mais velho e o mais travesso. Do tipo que perde o amigo, mas não a piada. E isso já era algo costumeiro para mim, na verdade, eu adorava essa característica nele. Até porquê, eu não era tão diferente assim, costumava ajudá-lo nesse quesito sempre que possível.

— Ah, claro... mas verdadeiras damas não matam pobres passarinhos com pedradas... e com certeza, não ajudam a danificar barcos pela redondeza... — Ele lembrou ao gesticular. Realmente se empenhando na tarefa de me tirar do sério.

𝐆𝐔𝐍𝐏𝐎𝐖𝐃𝐄𝐑 ┃ Thomas ShelbyOnde histórias criam vida. Descubra agora