⧾𝟏𝟖┃❝ Você pode mudar o que faz, mas não pode mudar o que quer. ❞
━━ 𝐄𝐌 𝐔𝐌 𝐌𝐎𝐌𝐄𝐍𝐓𝐎 𝐃𝐄 𝐂𝐎𝐑𝐀𝐆𝐄𝐌, após ter atingido todos os limites da sua sanidade mental, Jessie McGowan toma uma decisão que muda os rumos da sua vida para sempre...
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Small Heath, Birmingham (1919)
Eu caminhava pelas ruas movimentadas de Small Heath com o coração aflito. Tinha em mãos um único endereço marcado em um papel velho e manchado, e ele era a minha única esperança. Entretanto, após tanto tempo distante, eu tinha medo de que as coisas tivessem mudado drásticamente por aqui.
Paro em frente à porta de madeira escura conhecida e não tão nostálgica. Mulheres e crianças passam por mim na calçada, rindo e brincando, e eu acabo me distraindo por um momento, lembrando de como era divertido morar aqui, apesar de tudo o que acontecia com a minha família na época.
Small Heath é um lugar que possui suas qualidades. O que eu mais gostava era do fato de ser um bairro bastante movimentado, e pelo visto, isso não mudou. Tavernas, fábricas, lojas, cinemas... realmente, um lugar com oportunidades. As pessoas demonstram gostar de viver aqui, e ter sede de viver. Coisa que eu não via muito em Cambridge. Tanto por não conhecer a cidade, quanto por não poder sair tanto de casa.
No entanto, assim como tudo na vida, nada são apenas flores. Ainda me lembro de meu pai e sua trupe. Os roubos noturnos que faziam, as confusões que arrumavam... as incontáveis vezes que eu precisava buscá-lo na delegacia de polícias bêbado, e a vergonha que eu tentava esconder. Eu era apenas uma menina, e este era — talvez ainda seja — um lugar rodeado de gangues, então a violência sempre foi presente em minha vida. Não somente por isso, a família em que cresci também havia me proporcionado isso.
Volto a minha atenção para o que realmente importa; a casa. Tento notar diferenças, mas há apenas as marcas do tempo, como a madeira riscada e a maçaneta enferrujada. Eu até tentaria observar o interior da casa através da janela, reconheceria cada uma de suas decorações duvidosas, mas seria muito indecente. E além disso, a cortina cobria toda a janela.
Apenas tomo coragem e bato na porta. Eu não tinha mais para onde ir, e não perderia todo o esforço que tive de vir até aqui simplesmente desistindo. Precisava vê-la. Ainda que não houvesse um lugar para mim, eu só queria poder vê-la.
Aguardo por longos e ansiosos minutos ainda parada no mesmo lugar, observando as pessoas que caminhavam por ali. O tempo parecia passar mais devagar que o normal quando tínhamos pressa.
Aperto a unha do meu polegar contra o indicador de maneira ansiosa.
Que demora...!
Eu já estava prestes a bater novamente quando a porta é finalmente aberta por uma senhora.
Ela me olha de maneira confusa e hesitante.
— Olá? — Diz, limpando as mãos em seu avental de pano.
A mulher de cabelos grisalhos parecia ocupada, o que deixava claro que eu provavelmente a atrapalhava em suas atividades. Por não conseguir reconhecê-la de nenhum lugar, todos os resquícios de esperança que eu havia resgatado em mim são destruídos imediatamente.