IV

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Neil acordou em silêncio no dia seguinte.

Tudo tinha um olhar frio, o chão limpo e branco, as paredes acinzentadas e os tapetes a contrastar. Ainda assim a gratidão era palpável, esse sofá é mais confortável do que os bancos de jardim que Neil têm dormido.

Gratidão. Neil decide ser solícito por uma única vez e caminha até a cozinha.

Agora com a luz do dia, Neil consegue observar que além da lavandaria não há nada de muito espalhafatoso na casa, Andrew não é rico mas com certeza tem um dinheiro considerável, onde será que ele trabalha?

Neil começa a rever as poucas anotações de Andrew em sua mente.
Irmão.
Casa respeitável.
Gato.
Cabelo bonito.
Braços grandes e-
Chega! Neil não está fazendo isso, absolutamente não.

Demasiado interessado na vida de Andrew para poder negar.
A curiosidade em relação ao loiro é algo conflitante.

Bom, Neil sabe fazer comida o suficiente para sobreviver, pega na forma e tenta não pensar muito em Andrew enquanto faz panquecas para os dois. É o mínimo, Neil justifica para si mesmo.

Neil procura alguns pratos enquanto coloca as panquecas e as decora, decide colocar o mel na panqueca de Andrew com a forma de um gato desenho, e acaba muito orgulhoso do seu trabalho.

Os passos fazem-se ser ouvidos na entrada da cozinha.

— Devia estranhar o quão a vontade você se sente na casa de um desconhecido? – Andrew acaba de falar e boceja – Isso são panquecas? – o interesse de Andrew é retomado.

—Sim, achei que era uma boa forma de agradecer pela estadia. – Neil olha entre os pés.

— Coma comigo – Andrew pede e Neil prontamente o faz.

King parece exigir um pedaço e Neil começa a explicar com uma voz estúpida e fina ao maldito gato porque ele não pode comer, como se o gato o entendesse.

— É um gato Neil, o cérebro dele é do tamanho do seu pulgar. – Neil olha com uma cara que, Andrew imagina que devia ser de raiva, mas está mais para um peluche.

Andrew toma um tempo para observar o estupido desenho de gato em sua panqueca, Andrew não se lembra da última vez que alguém lhe fez comida, talvez não seja só o poder das "almas gêmeas" a falar sobre Andrew mas, Neil sabe muito bem como chegar às pessoas, mesmo que Andrew duvide que ele saiba disso.

— Gatos são muito inteligentes, tá?

— Talvez ele te possa ensinar algumas coisas então. – Andrew fala antes de colocar uma garfada de panqueca na boca. – você foi à escola sequer?

— Se eu responder, posso fazer uma pergunta também?

— Como uma verdade por verdade? – Andrew parece considerar isso.

— Sim, meio que isso.

— Aceito. Então?

— Sim eu fui a escola, na verdade estive em varias escolas em varios sítios. – Neil continua – A Minha vez, qual o nome do seu irmão?

— Aaron. – Andrew responde – em quantos locais do mundo você já morou exatamente?

—Todos os estados do país, Canadá, Alemanha, Luxemburgo, Austrália e Inglaterra.

— Isso é estranho tendo em conta que está dormindo nas ruas.

—Ist das Ihre Frage? Sie sind nicht an der Reihe zu fragen.
– Neil diz com um alemão que não é nada além de fluente, o mentiroso não mentiu dessa vez.

Stay - All for the gameOnde histórias criam vida. Descubra agora