Entre Horas e Eras

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OCaraFrances

Can't help falling in love - Elvis Presley

Aurora, uma cidade encantadora, parecia eternamente envolta em uma aura de nostalgia e progresso. Em 1924, suas ruas eram adornadas com edifícios de arquitetura vitoriana, e a praça central era o coração pulsante da cidade, onde as pessoas se reuniam para socializar, ler e sonhar. Entre essas pessoas estava Eduardo, um jovem de 25 anos, que trabalhava como bibliotecário e aspirante a escritor.

Uma noite, após um longo dia na biblioteca, Eduardo foi até seu banco favorito na praça, onde costumava escrever à luz dos postes de iluminação. A brisa suave da noite e o som distante de música ao vivo criavam o ambiente perfeito para suas reflexões literárias. Eduardo abriu seu caderno e começou a escrever. De repente, o abacateiro que fazia sombra no banco da praça derruba um abacate na cabeça de Eduardo, que leva um susto e quando recupera seu fôlego, ele sente uma presença ao seu lado.

- Oi... você está bem? - perguntou Eduardo, tentando esconder sua surpresa ao ver uma mulher com roupas muito diferentes das habituais, e um dispositivo estranho nas mãos que brilhava com luzes.

- Sim, só não esperava ver alguém aqui a esta hora - respondeu a mulher, desconcertada, Eduardo estranhou aquele pedaço metálico brilhante em sua mão sacudindo e fazendo barulhos estranhos, além de suas roupas, que não eram usuais, mas evitou comentários, mantendo a educação

- Eduardo - disse ele, estendendo a mão.

- Helena - respondeu ela, apertando a mão dele. - Eu... eu costumo vir aqui para escrever, mas parece que hoje o universo resolveu me surpreender.

- Oh, então você também escreve? - Eduardo pergunta, arqueando as sobrancelhas em curiosidade por encontrar uma colega escritora.

- Eu tento, mas você sabe como é, no mundo de hoje é difícil se sustentar apenas com literatura física, num mundo em que existe Wattpad, as pessoas parecem não se importar mais com livros físicos - Helena bufa em tristeza.

Wattpad? Eduardo não poderia estranhar mais essa palavra, mas de novo, evitou comentários, para não demonstrar sua ignorância.

Eles riram, quebrando a tensão inicial, e começaram a conversar sobre suas vidas. Eduardo falava sobre sua rotina na biblioteca, a vida simples em Aurora e suas aspirações literárias. Helena ouvia atentamente, e depois começou a falar sobre sua vida também, ela também dizia morar em Aurora, mas pela forma que ela descrevia seu cotidiano, era difícil para Eduardo acreditar nisso, pareciam até duas cidades diferentes.

- Hoje mais cedo, estava no meu trabalho e decidi escrever no meu computador, um colega de trabalho apareceu e por vergonha, acabei apagando tudo o que tinha escrito, por puro desespero, seis mil palavras jogadas fora- disse Helena, casualmente.

- Computador? - perguntou Eduardo, ele já não conseguia mais aguentar sua própria curiosidade.

- Como assim você não sabe o que é um computador? - Helena entrava em choque com a pergunta, qualquer um sabe o que é um computador, ele não saberia se fosse alguém do século passado, ou algo assim.

Século passado? Como assim?

Helena repara melhor nas roupas de Eduardo, e percebe que ele facilmente se veste como um colono do início do século 20.

- Eduardo, em que dia, mês e ano estamos?

- 10 de outubro de 1924, por quê?

"Meu Deus, eu realmente viajei no tempo"

O choque vinha para Helena, que não conseguia conter sua emoção, finalmente poderia usar aquela experiência que estava passando para superar seu bloqueio criativo.

- É uma máquina que usamos para fazer cálculos, escrever, nos comunicar... praticamente tudo - explicou Helena, depois de ter absorvido o choque. - Na verdade, é um pouco como este telefone - disse ela, mostrando o dispositivo que carregava.

Eduardo olhou para o telefone, fascinado. - Eu nunca vi nada assim.

- Eduardo, acho que estou viajando no tempo. Esses itens são completamente normais em Aurora, mas você age como se fosse coisa de outro mundo. De alguma forma, este banco... ele nos conecta. E acredito que só funciona à noite.

Eles ficaram em silêncio por um momento, tentando absorver a revelação.

- Você quer dizer que veio do futuro? - Eduardo perguntou, com os olhos arregalados, mas impressionantemente convencido com o fato. - Isso é inacreditável.

- Sim - respondeu Helena, mais convencida a cada segundo. - Parece que entre as 22 horas e meia-noite, o tempo se abre e permite que nos encontremos.

As noites seguintes tornaram-se ainda mais preciosas para Eduardo e Helena. Eles sabiam que tinham um tempo limitado juntos, entre 22 horas e meia-noite, e valorizavam cada segundo. Mas conforme os dias passavam e a conexão aumentava, junto também vinha o medo do fim daquela experiência.

Uma noite, quando o relógio da praça marcou 23:59, Helena olhou para Eduardo com lágrimas nos olhos. - Eduardo, eu tenho medo de vir até esse banco amanhã e não encontrar mais você - disse ela, com a voz embargada.

- Eu também sinto isso - respondeu Eduardo, segurando a mão dela. - Você se tornou uma parte de mim, e independente do que o destino tiver reservado para nós, meu coração será sempre teu, Helena.

- Eu te amo, Eduardo - disse Helena, sentindo a proximidade do fim.

- Eu também te amo, Helena - respondeu Eduardo, a voz trêmula.

E com um último olhar de amor e tristeza, Helena desapareceu, deixando Eduardo sozinho no banco da praça. Seu coração doía, mas ele sentiu uma nova determinação e inspiração. Abrindo seu caderno, as palavras começaram a fluir como nunca antes, Eduardo decidiu que seu livro se chamaria:

"Para a inesquecível Helena"

Uma noite, Eduardo estava sentado no banco, olhando para o relógio. Quando deu 22 horas, ele esperou ansiosamente, mas Helena não apareceu como de costume. O tempo passou lentamente, e quando o relógio marcou meia-noite, Eduardo percebeu a dura realidade: Helena nunca mais voltaria. A paixão que compartilhavam era forte, mas não podia vencer o tempo.

Com um suspiro profundo, Eduardo levantou-se do banco e olhou para a lua brilhante no céu. Embora a dor da perda fosse intensa, ele sabia que a lembrança de Helena e do amor que compartilharam o acompanharia para sempre, inspirando suas palavras e seus sonhos."

(Esse texto foi revisado e está entre os classificados. )

Amor Impossível - Concurso Literário Onde histórias criam vida. Descubra agora