Música: Enemy - Tommee Profitt
Uma justa é um duelo medieval entre dois cavaleiros montados, armados com lanças, que se enfrentam em um campo de torneio. Cada cavaleiro tenta derrubar o outro do cavalo, exibindo habilidade e coragem, enquanto nobres e plebeus assistem com entusiasmo.
Em meio ao século XVIII, na França medieval, existia um habilidoso cavaleiro, conhecido por ser um grande vencedor nos duelos de justas.
Jacques Dumontier, populosamente conhecido como “O cavaleiro branco”, era um exemplo da típica beleza masculina da época. Cabelos castanhos, lisos até os ombros, combinando com seu curto cavanhaque.
Sua armadura reluzente e esbranquiçada se tornara um símbolo de vitória e orgulho.
Os olhos pretos de Jacques sempre foram iluminados pela vitória em sua carreira como cavaleiro e duelista. Em toda sua vida, somente uma pessoa fora um oponente digno. Aquele apelidado como “O cavaleiro negro”.
Um já idoso e experiente cavaleiro com armadura negra, pontiaguda e imponente.
Entretanto, aquele homem já se aposentara a muito tempo, permitindo que toda a fama fosse para Jacques. Um dia, durante o festival destinado ao adversário de um rei, o cavaleiro branco enfrentou um oponente que usara a mesma armadura negra de seu antigo rival.
Jacques foi derrotado, atingido pela lança inimiga e derrubado de seu cavalo. A partir deste dia, Jacques nunca ganhou uma final de torneio. Sempre enfrentando e perdendo para o cavaleiro negro, do qual jamais mostrou seu rosto.
Aquela figura enigmática atormentava as noites de sono dele. Vinte duelos, vinte derrotas, vinte motivos para Jacques sentir vontade de estourar sua cabeça contra a parede.
Um dia, conseguiu desafiar o cavaleiro negro para um duelo particular em seu campo de treino. Abaixo das nuvens raivosas e carregadas de eletricidade, os dois se enfrentariam. Um campo, retangular, enlameado graças a chuva dos últimos dias.
Um escudo de madeira e duas lanças de torneio para cada. Acabaria somente quando um caísse do cavalo. Desta vez, sem plateia. Apenas um acerto de contas valendo a honra de cada um.
Jacques montava em um cavalo de coloração preta, enquanto o cavaleiro negro, um cavalo branco.
Deu-se início. Os cavalos disparavam-se um contra o outro. No primeiro impacto, nada ocorrera, pois ambos se defenderam bem, mas no segundo, a ponta metálica da lança do cavaleiro negro quebrou o escudo de Jacques, deixando-o indefeso.
Isto o enfureceu, e com raios passando dentre as nuvens, eles manobraram os cavalos e correram novamente. Desta vez, Jacques evitou o impacto utilizando seu braço para desviar a lança inimiga, mas a sua, com maestria perfurou o escudo inimigo, atingindo o ombro do cavaleiro negro.
O oponente se desestabilizou, largou a lança e o escudo, deixando-os serem sujos pela lama. E, aparentemente desacordado, ele caiu com os braços abertos sobre a garupa do cavalo, mexendo-se somente conforme o galopar. Mas com cintura e pés firmes, se manteve em cima do animal.
Por debaixo do capacete e da malha de metal, Jacques sorria vitorioso. Mas estava comemorando cedo demais.
Como se rapidamente recuperasse a consciência, ou nunca tivera a perdido, sustentado somente pela cintura, elevou-se a posição anterior.
- Desgraçado...
Sussurrou o cavaleiro branco com ódio, enquanto via seu oponente pegar a lança reserva e preparar-se na outra extremidade da arena. Jacques assegurou com firmeza sua lança, quase certo de que esta seria a última volta. Não podia perder de novo. Não havia espaço para derrota em seu mundo.
Com velocidade, os cavalos galoparam, e com raiva, Jacques mirou sua lança na cabeça de seu adversário. Queria matá-lo. Mas, com uma esquiva rápida e mira certeira, o cavaleiro negro afundou a armadura prateada de Jacques no peito, fazendo que fosse atirado para trás enquanto seu cavalo ainda corria.
Já na lama, Jacques retirou seu capacete, e com a maior raiva de sua vida, gritou:
- NÃO!
O cavaleiro negro parou o cavalo diante dele.
- Por que sempre é assim?! Por que eu sempre perco?!
De joelhos na lama, Jacques socava o chão em fúria.
- Como você ficou tão bom do nada?! Onde você treinou?! Se é que você é mesmo o antigo cavaleiro negro!
Os trovões intensificavam-se no céu.
- Quem é você?! Isso não é justo! És um ladrão que roubou minha a fama!
Seu punho metálico atingiu o chão, junto do som alto de um trovão que ecoou.
- EU SOU JACQUES DUMONTIER, O MAIOR CAVALEIRO DUELISTA QUE JÁ ANDOU POR ESTAS TERRAS! COMO EU POSSO SEGUIR PERDENDO PARA VOCÊ?!
Ele berrava descontrolado, ali, na lama, demonstrando pela primeira vez sua revolta perante seu rival.
- Eu treino! Eu me reforço! Pratico! TUDO PARA SEGUIR PERDENDO PARA TI! QUEM ÉS TU, INSOLENTE!
Após alguns segundos encarando a misteriosa faceta do capacete tampado do oponente, ao som dos trovões de fundo, ele sussurra.
- Quem... é... Você?!
O cavaleiro negro, imponente acima de seu cavalo, joga a lança no chão, conforme uma garoa começava, eleva sua mão até o pescoço.
Os olhos de Jacques ficam vidrados e surpresos, quando, pela primeira vez, seu oponente revela sua face. Tirando o capacete com uma mão, e com a outra, tirando a malha de aço de sua cabeça, revelou-se uma figura de cabelos longos e escuros.
Olhos claros, covinhas na bochecha, rosto assimétrico e fino, e uma cicatriz logo acima da sobrancelha direita.
Era uma mulher.
Uma linda e espetacular mulher.
Que agora, encarava Jacques, perdedor, jogado na lama suja, enquanto ela, montada em seu cavalo branco.
Jacques ficou pálido. Aquela situação, o momento de perceber que perdeu todas aquelas vezes para uma dama, e que ela o encarava como perdedor.
Jacques levantava a cabeça para encará-la, enquanto ela abaixava a sua.
A chuva fria intensificava-se, deixando os cabelos de Jacques mais despojados. Um trovão, maior do que todos os anteriores, pareceu rasgar os céus. O cavalo branco empinou-se e relinchou alto. A dama não caiu dele, pelo contrário, o domou com maestria.
Mais tarde do mesmo dia, Jacques bebia em uma taverna, triste apoiado no balcão.
- E então, Jacques, perdeu novamente?
Um conhecido perguntou, mas única coisa que Jacques disse, foi um sussurro.
- Céus, ela era tão bonita...(Esse texto foi revisado e está entre os classificados )
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Amor Impossível - Concurso Literário
Historia CortaStatus: Fechado, em Votação final para buscar o vencedor. Olá leitores, já se viram presos em um livro devido a ser muito viciante e implacável? Então, aqui estamos nós, tentando recriar exatamente essa mesma experiência a vocês, nesse concurso, o o...