Qualquer coisa

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***

A tarde passou arrastada para Jay. Ele se sentiu mal depois do aparecimento inesperado de Hailey ao hospital naquele dia, ela era a última pessoa que imaginou que passaria por alí, dada a falta de proximidade entre ela e Erin. Ele soltou mais um suspiro e fez carinho na mão da mulher deitada em sua frente. Ela era tudo que importava para ele naquele momento, mas isso não o impedia de ficar levemente incomodado pela situação entre ele e Upton. Sabia bem que a forma com a qual foi embora de Chicago não era justa, principalmente  forma com a qual ele decidiu romper com tudo. Ele foi covarde. E estava ciente disso.

Ele entendeu que esse ato de cuidado da parte de Hailey, bem como suas diversas suplicas para ser ouvida nos últimos dias,  durante a investigação do sequestro, eram atitudes desesperadas por atenção, por retomar o que tinham. Ele conhecia seu modos operandi. Jay não teve tempo para refletir sobre isso até aquela tarde, mas pensar sobre aquilo o chateou. Eles não estavam na mesma página. Ele não queria retomar nada, e ainda que não a quisesse magoar novamente, ele sabia que seria isso que aconteceria.

-Humm...

Um leve gemido de dor foi tudo o que ele conseguiu ouvir enquanto sentia a mão, por baixo da sua, contorcer levemente. Os pensamentos de Jay disiparam completamente enquanto ele olhava vidrado para a mulher em sua frente esperando por qualquer outra reação.

Mais uma vez ele sentiu ela mexer a mão, numa tentativa fraca de repuxa-la. Halstead, então, passou seu polegar sobre sua mão, num ato de carinho. As feições de Erin passaram rapidamente de serenidade para de dor. Jay não relutou em apertar o botão vermelho logo acima da cabeça dela para chamar os médicos, enquanto a observava remexer levemente o corpo.

- O que temos? - A enfermeira foi a primeira a entrar, perguntando a Jay, mas já seguindo diretamente para conferir os equipamentos ligados a Erin e a medicação no soro. - Provavelmente o efeito da medicação pra dor está diminuindo. - Informou assim que viu o médico responsável entrando.

O corpo de Erin começava a se remexer com cada vez mais intensidade. Dessa vez ela consegiu puxar sua mão da de Jay, que olhava atordoado entre ela e o médico, procurando respostas.

- Senhorita Lindsey. - O médico chamou calmamente, enquanto tirava o estetoscópio do pescoço e passava a analisar com o instrumento os batimentos de Erin. - Você está no hospital. - Ele falou segurando a cabeça dela para que ficasse parada, analisando alguns dos hematomas visíveis. - Você consegue abrir os olhos? - Ele pergunta com calma e sinaliza para que a enfermeira aplique um pouco mais da medicação para dor. - Você consegue me ouvir?

- E..eu.. - Erin começa a balbuciar, ainda com os olhos fechados e levemente agitada. - A..água.

Assim que escuta sua súplica Jay corre para o copo de água que estava do seu lado, o qual ele tinha mantido alí ao lado da cama para quando ela acordasse. Ele apenas da um breve olhar para o médico, pedindo uma autorização silenciosa, quando este o permite, com um aceno, ele posiciona o canudo sobre seus lábios, enquanto murmurou um 'aqui, tome de vagar'.

Depois de deixar Erin tomar alguns goles e vê-la fazê-lo com pouca dificuldade, o médico volta a segurar a sua cabeça com as duas mãos e pede:
- Lindsey, eu preciso que você abra os olhos aos poucos.

Jay se afastou um pouco, enquanto guardava o copo de água no seu local de origem. Seu coração parecia retrair sempre que o rosto de Erin demostrava algum traço de dor.

Lentamente, ele viu Erin abrir os olhos. Piscando varias vezes para se acostumar com a claridade do hospital.

O médico pareceu aliviado quando a viu com os olhos completamente abertos. Pediu para que ela olhasse para seu dedo, enquanto o movimentava de um lado para o outro, e lançava a luz de uma pequena lanterna sobre ela.

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