Capítulo 5

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Duas semanas se passaram e o padrasto de Eva ia levar e buscá-la na escola. Todos os dias. Ela aparentava estar cansada, com olheiras bem vincadas nos seus olhos cor de mel. Eva estava cansada e queria a sua liberdade de volta. Naqueles dias ela não pode estar com os seus amigos. Eles saiam para se divertirem e ela ficava em casa, presa.

Eva se sentou no parapeito da escola com os pés a balançar. Estava à espera do Anton, mas pela primeira vez, ele estava atrasado.

- O que Anton estará a fazer? - perguntou Eva enquanto pegava no telemóvel e ligava para o padrasto.

- Ele hoje está muito atrasado. - respondeu o Martim

- Ele não atende - Eva bufou e atirou o telemóvel para dentro da mochila.

- Posso te levar a casa Eva. Sabes que não me custa nada. - ofereceu Gatlyn.

- Obrigada amiga, mas não. - disse Eva - ele assumiu a responsabilidade de me vir trazer e buscar me na escola então ele que cumpra.

- Bem… Eu queria ficar aqui contigo à espera, mas tenho que ir embora. - disse Gatlyn olhando a amiga com pena no olhar.

Ela se virou para Martim;

- Queres boleia Martim?

- Vou aceitar. Prometi à minha mãe que ficaria com a Laila. Ela e o meu pai vão sair. Festejam vinte anos de casados.

- Dá os meus parabéns para eles - disse a Eva.

- E os meus também. - afirmou Gatlyn.

Antes de sair, Gatlyn virou para a amiga.

- Tens certeza que queres ficar aqui à espera?

- Tenho. Vão com Deus.

Os seus amigos foram embora. Eva continuou sentada no mesmo sítio. Esperou até que viu o carro do Anton chegar. Tinham se passado duas horas.

- Entra - disse ele.

- Estás muito atrasado - disse Eva enquanto entrava no carro. - Se passaram duas horas Anton.

- Eu sei. E peço desculpas por isso.

- Podias ter atendido o telemóvel.

- Estava numa reunião com um cliente. Demorou mais que eu previa.

- Está bem. Mas Gatlyn me ofereceu boleia. Da próxima vez que atrasares vou com ela.

- Ainda estás de castigo Eva. - disse Anton virando o volante do carro.

- O castigo não me impede de receber boleia quando estás atrasado.

- Mesmo assim prefiro que me esperes.

- Duas semanas já se passaram Anton. Estou farta de ficar presa em casa. Eu já não sou uma menina de cinco anos. Preciso de estar com os meus amigos. E de sair.

- Sair?

- Sim sair. Fazer coisas que todos os adolescentes fazem. E isso implica ir para festas.

Anton não respondeu, preferindo dar apenas o vácuo do silêncio.
Chegaram a casa rapidamente, a Rosa já estava a fazer o jantar.

- Olá mãe. O Anton fez-me esperar duas horas hoje.

- Talvez já seja altura de a tirar do castigo, amor.

- Está bem. Mas a partir de hoje, nos avisa com antecedência se tiveres que sair à noite. E pedir permissão para tal. - Anton olhou para Eva com uma expressão séria e continuou - Estamos entendidos?

- Está bem.

Eva não teve outra escolha senão aceitar. Mais vale assim do que ficar sempre presa em casa. Depois do jantar Eva foi para o seu quarto. Viu um pouco de televisão e adormeceu.

Na manhã seguinte ela acordou com som da televisão que ela tinha deixado ligado no dia anterior. Desligou-o e foi para a casa de banho. Tomou um duche rápido e se preparou para ir para a escola depois do pequeno almoço.

Saiu pela porta no mesmo momento em que Martim fazia o mesmo.

- Eva! - disse o rapaz enquanto olhava para trás da garota. - Onde está o Anton?

- Hoje vou convosco.

- A sério? Ele não te vai levar?

- Não. Já não estou de castigo.

- Até que enfim ele largou o teu pé.

- Nem me digas nada. Estava a começar a ser estranho.

Os dois amigos andaram um bocado até a casa da Gatlyn como sempre faziam. Enquanto esperavam por ela no portão, Eva decidiu falar sobre o beijo. Que estava atormentá-la.

- Temos de falar Martim.

- Temos?

- Sim, sobre o beijo.

- Eva, foi algo espontâneo que aconteceu.

- Então… não sentes nada por mim além de amizade?

- Estaria a mentir se dissesse que não sinto. És atraente, Eva. - o rapaz virou-se para amiga - E tu sentes algo mais que amizade?

- Nunca pensei em nós de outra forma. Somos amigos desde o infantário. E nunca tínhamos nos beijado antes.

Eva parou de falar quando ouviu o portão abrir e viu o carro de Gatlyn a sair.

- Eva! - disse a ruiva surpresa - Anton não devia te levar para a escola?

- Ela já não está de castigo - disse o rapaz pela amiga, enquanto entravam no carro.

- Ótimo! - exclamou Gatlyn - Já podemos sair os três como antigamente.

- Antigamente? - perguntou Eva. - Falas como se já tivesse passado anos.

- Não passou, mas parece que passou. Senti falta da minha amiga. - Gatlyn olhou para a amiga com um sorriso nos lábios.

- Que sorriso é esse Gatlyn? - perguntou Eva desconfiada.

- Sabes o clube de tênis que o meu pai frequenta?

- Sim o que tem - disse Eva

- Vão comemorar o décimo aniversário neste sábado. Podemos ir lá.

- Não sei. Ainda estou a testar as águas com o Anton. Não quero ficar de castigo de novo.

- Vá lá! - exclamou a ruiva - fala com ele e com a tua mãe. Prometo que voltaremos antes da meia noite.

- Ok. Vou falar com eles.

- Boa!

- Mas não prometo nada.

- Tu também vais, Martim. - disse Gatlyn se virando para o amigo

- Vou passar esta.

- Não sejas assim.

- Tenho um jogo de futebol no sábado.

- Desde quando jogas futebol. - perguntou Eva.

- O Zayan me convidou para fazer parte da equipa e aceitei. Não te contei antes porque raramente te via nessas últimas duas semanas.

- De qualquer forma a comemoração será às dezanove horas. Tens tempo de sobra. E terá muita comida e bebidas de graça. - disse Gatlyn

- Eu e os rapazes sempre marcamos coisas depois do jogo. Então provavelmente não poderei ir. - terminou o rapaz

- Tu que sabes. Mas avisa me se mudares de ideias. - disse a ruiva.

Chegaram rápido na escola e sentaram. Logo a seguir entrou a professora Selena de inglês.

- Good morning.- disse ela

E ouviu se todos os alunos em unisom.

- Good morning teacher.

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