Duas semanas se passaram e o padrasto de Eva ia levar e buscá-la na escola. Todos os dias. Ela aparentava estar cansada, com olheiras bem vincadas nos seus olhos cor de mel. Eva estava cansada e queria a sua liberdade de volta. Naqueles dias ela não pode estar com os seus amigos. Eles saiam para se divertirem e ela ficava em casa, presa.
Eva se sentou no parapeito da escola com os pés a balançar. Estava à espera do Anton, mas pela primeira vez, ele estava atrasado.
- O que Anton estará a fazer? - perguntou Eva enquanto pegava no telemóvel e ligava para o padrasto.
- Ele hoje está muito atrasado. - respondeu o Martim
- Ele não atende - Eva bufou e atirou o telemóvel para dentro da mochila.
- Posso te levar a casa Eva. Sabes que não me custa nada. - ofereceu Gatlyn.
- Obrigada amiga, mas não. - disse Eva - ele assumiu a responsabilidade de me vir trazer e buscar me na escola então ele que cumpra.
- Bem… Eu queria ficar aqui contigo à espera, mas tenho que ir embora. - disse Gatlyn olhando a amiga com pena no olhar.
Ela se virou para Martim;
- Queres boleia Martim?
- Vou aceitar. Prometi à minha mãe que ficaria com a Laila. Ela e o meu pai vão sair. Festejam vinte anos de casados.
- Dá os meus parabéns para eles - disse a Eva.
- E os meus também. - afirmou Gatlyn.
Antes de sair, Gatlyn virou para a amiga.
- Tens certeza que queres ficar aqui à espera?
- Tenho. Vão com Deus.
Os seus amigos foram embora. Eva continuou sentada no mesmo sítio. Esperou até que viu o carro do Anton chegar. Tinham se passado duas horas.
- Entra - disse ele.
- Estás muito atrasado - disse Eva enquanto entrava no carro. - Se passaram duas horas Anton.
- Eu sei. E peço desculpas por isso.
- Podias ter atendido o telemóvel.
- Estava numa reunião com um cliente. Demorou mais que eu previa.
- Está bem. Mas Gatlyn me ofereceu boleia. Da próxima vez que atrasares vou com ela.
- Ainda estás de castigo Eva. - disse Anton virando o volante do carro.
- O castigo não me impede de receber boleia quando estás atrasado.- Mesmo assim prefiro que me esperes.
- Duas semanas já se passaram Anton. Estou farta de ficar presa em casa. Eu já não sou uma menina de cinco anos. Preciso de estar com os meus amigos. E de sair.
- Sair?
- Sim sair. Fazer coisas que todos os adolescentes fazem. E isso implica ir para festas.
Anton não respondeu, preferindo dar apenas o vácuo do silêncio.
Chegaram a casa rapidamente, a Rosa já estava a fazer o jantar.- Olá mãe. O Anton fez-me esperar duas horas hoje.
- Talvez já seja altura de a tirar do castigo, amor.
- Está bem. Mas a partir de hoje, nos avisa com antecedência se tiveres que sair à noite. E pedir permissão para tal. - Anton olhou para Eva com uma expressão séria e continuou - Estamos entendidos?
- Está bem.
Eva não teve outra escolha senão aceitar. Mais vale assim do que ficar sempre presa em casa. Depois do jantar Eva foi para o seu quarto. Viu um pouco de televisão e adormeceu.
Na manhã seguinte ela acordou com som da televisão que ela tinha deixado ligado no dia anterior. Desligou-o e foi para a casa de banho. Tomou um duche rápido e se preparou para ir para a escola depois do pequeno almoço.
Saiu pela porta no mesmo momento em que Martim fazia o mesmo.
- Eva! - disse o rapaz enquanto olhava para trás da garota. - Onde está o Anton?
- Hoje vou convosco.
- A sério? Ele não te vai levar?
- Não. Já não estou de castigo.
- Até que enfim ele largou o teu pé.
- Nem me digas nada. Estava a começar a ser estranho.
Os dois amigos andaram um bocado até a casa da Gatlyn como sempre faziam. Enquanto esperavam por ela no portão, Eva decidiu falar sobre o beijo. Que estava atormentá-la.
- Temos de falar Martim.
- Temos?
- Sim, sobre o beijo.
- Eva, foi algo espontâneo que aconteceu.
- Então… não sentes nada por mim além de amizade?
- Estaria a mentir se dissesse que não sinto. És atraente, Eva. - o rapaz virou-se para amiga - E tu sentes algo mais que amizade?
- Nunca pensei em nós de outra forma. Somos amigos desde o infantário. E nunca tínhamos nos beijado antes.
Eva parou de falar quando ouviu o portão abrir e viu o carro de Gatlyn a sair.
- Eva! - disse a ruiva surpresa - Anton não devia te levar para a escola?
- Ela já não está de castigo - disse o rapaz pela amiga, enquanto entravam no carro.
- Ótimo! - exclamou Gatlyn - Já podemos sair os três como antigamente.
- Antigamente? - perguntou Eva. - Falas como se já tivesse passado anos.
- Não passou, mas parece que passou. Senti falta da minha amiga. - Gatlyn olhou para a amiga com um sorriso nos lábios.
- Que sorriso é esse Gatlyn? - perguntou Eva desconfiada.
- Sabes o clube de tênis que o meu pai frequenta?
- Sim o que tem - disse Eva
- Vão comemorar o décimo aniversário neste sábado. Podemos ir lá.
- Não sei. Ainda estou a testar as águas com o Anton. Não quero ficar de castigo de novo.
- Vá lá! - exclamou a ruiva - fala com ele e com a tua mãe. Prometo que voltaremos antes da meia noite.
- Ok. Vou falar com eles.
- Boa!
- Mas não prometo nada.
- Tu também vais, Martim. - disse Gatlyn se virando para o amigo
- Vou passar esta.
- Não sejas assim.
- Tenho um jogo de futebol no sábado.
- Desde quando jogas futebol. - perguntou Eva.
- O Zayan me convidou para fazer parte da equipa e aceitei. Não te contei antes porque raramente te via nessas últimas duas semanas.
- De qualquer forma a comemoração será às dezanove horas. Tens tempo de sobra. E terá muita comida e bebidas de graça. - disse Gatlyn
- Eu e os rapazes sempre marcamos coisas depois do jogo. Então provavelmente não poderei ir. - terminou o rapaz
- Tu que sabes. Mas avisa me se mudares de ideias. - disse a ruiva.
Chegaram rápido na escola e sentaram. Logo a seguir entrou a professora Selena de inglês.
- Good morning.- disse ela
E ouviu se todos os alunos em unisom.
- Good morning teacher.
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Quebrando as Regras
RomanceEva, Gatlyn e Martim são os melhores amigos. Vivem as suas vidas de adolescentes no máximo, quebrando algumas regras pelo meio. Mas tudo se torna turvo quando uma tragédia acontece, que os separa. Levando Eva e Gatlyn a tomar decisões que podem vir...