𝟏𝟑 - 𝐀𝐭𝐞́ 𝐛𝐫𝐞𝐯𝐞

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Milão, 2024

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Milão, 2024

Acordo com fortes batidas na minha porta. Mal preguei os olhos durante a noite e quando penso que vou dormir alguém vem encher a porra do meu saco.

Levanto cambaleando, a dor repentina da cabeça é explicada pelos socos e chute que recebi de madrugada. Ainda embriagada de sono destranco a porta e minha tia adentra o quarto como um raio.

— Oh meu Deus! — ela para quando tropeça em uma pilha de roupas sujas no meio do quarto. — que muquifo é esse?! — faz um 360 pelo meu quarto incrédula com a bagunça.

Não arrumo meu quarto desde que voltei do ensino médio em Como, é de se admirar que ele ainda esteja tão organizado.

— O que você quer? — pergunto voltando a minha cama e subindo o edredom por meu corpo.

— Precisamos decidir o que você fará daqui para frente, não ache que vai ficar debaixo do meu teto sendo uma completa muquirana! — afirma histérica com a bagunça.

— Primeiro, são nove e meia da manhã de uma quinta-feira. — bocejo. — segundo, nem se você quisesse esse teto seria seu, não pode pagar por nenhum quarto daqui. Terceiro, muquirana são os cabelos da sua... — faço um sinal obsceno com as mãos. — que estão racionando água porque você não se lava tem décadas.

A cara da minha tia se contorce em tantas expressões abismadas que dou um risinho antes de subir o edredom até minha cabeça. Ela não satisfeita puxa o meu cobertor até ele encontrar o chão.

— Sua rata ingrata! — esbraveja. — vai continuar sendo essa criança insuportável até quando?!

— Até você me deixar em paz. — me viro para o outro lado da cama dando as costas para ela.

— Você vai ao baile em Los Angeles, precisa aparecer em pelo menos uma revista essa semana. — ela puxa meu ombro até eu olhar para ela, mas quando ela encara meu rosto se espanta. — você está roxa, você entrou em uma briga?

Não tinha parado para pensar nisso ainda, minha aparência. Me sento no colchão e encaro o espelho de frente para a cama, estou horrível.

As drogas me emagreceram muito durante meses, e eu nunca me alimentei direito. No hospital, depois da overdose fiquei ainda pior, as olheiras fundas a roxas, os dedos magros e o cabelo tão seco que poderia servir como fonte para uma fogueira.

Agora, meu rosto está roxo na metade do lado direito até a testa. Meus lábios estão cortados e feridos, minhas orelhas e minhas pernas estão raladas. Nem arrisco levantar minha blusa para ver o estrago na minha costela, pela dor, sei que vai estar horrível.

— Você não acha que já arruma confusão suficiente, Hariel?! Corridas ilegais, drogas, overdose, boates nojentas e agora apanha na rua também?! Onde você quer chegar? — grita me encarando.

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