𝟏𝟐 - 𝐅𝐞𝐫𝐫𝐨 𝐯𝐞𝐥𝐡𝐨

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Los Angeles, 2020

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Los Angeles, 2020

— É o enterro da sua irmã, não um evento da alta sociedade. — Bryan diz a esposa.

— O que está insinuando? Que estou fazendo um evento? — Marina pergunta em falsa indignação. — todos que estão convidados ao velório são importantes para nossa família.

— Para sua família ou para Merlin ou Cristian? — seu marido volta a indagar. — eu nunca vi sequer uma das pessoas que estavam no velório em algum dos jantares ou festas feitas por eles.

— Está discutindo comigo sobre convidados de um enterro?

— O enterro da sua irmã! — Bryan exclama incrédulo.

A discussão começou quando estacionamos no cemitério. Eu e Madson estamos assistindo do banco de trás meus tios discutirem desde que ele se espantou com a quantidade de pessoas para a "ocasião".

Minha tia engole seco tentando disfarçar seu incômodo por ter sido contrariada.

— Eu mais do que ninguém respeito a morte da minha irmã, acha que estou feliz com isso? Acha que sei o que fazer depois de perder a única família que me restava? — os olhos da loira enchem de água. — essas famílias que eu convidei são de suma importância depois que ela se foi, como vou garantir o futuro de nossos filhos sem ela na gerência? Como acha que estou me sentindo, se não, desesperada?! — esbraveja por fim.

— Como se nossos filhos precisassem mesmo se preocupar com o futuro pelos próximos duzentos anos. — Bryan afirma se referindo a nossa herança. — vamos acabar logo com isso, acredito que a perca já seja o suficiente por hoje. — o homem abre a porta do carro e deixa o banco do motorista.

Dou uma última observada em minha tia, sua posição tensa no banco do passageiro, as lágrimas que mal caíram e já estavam secas, os nós dos dedos brancos por serem fortemente pressionados e a carranca revoltada.

Abro a porta e saio do banco de trás, Madson faz o mesmo do outro lado do veículo. Encaro o que irei enfrentar agora e meu peito pesa. O enterro.

Meus pés caminharam pelo cascalho daquele local mórbido e nublado. A grama mal chegara a coloração verde, completamente suja do que não podemos enxergar. O ar do cemitério é tão espesso que precisei fazer força amais para respirar, lutando constantemente contra a falta de ar que poderia me esganar a qualquer momento.

Um poço de escuridão eterno começou a me abraçar a medida que me aproximava do local. A mesma escuridão que me impedira de me aproximar do caixão dos meus pais no velório. Mas não podia continuar sendo covarde a ponto de nem conseguir me despedir deles.

As duas pessoas que mais amei no mundo, que me dera tudo que sou agora. Estão mortas bem na minha frente. Estiveram mortas na minha frente desde o momento que acordei do pesadelo na madrugada. Os braços do meu primo me encontram quando meus joelhos fraquejam. Mal conseguia enxergar algo com tanta água que cobria os meus olhos.

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