𝟏𝟎 - 𝐑𝐮𝐢́𝐧𝐚 𝐩𝐭. 𝐥𝐥

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Los Angeles, 2020

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Los Angeles, 2020

Ainda estamos sentados na recepção do hospital quando o sol começa a surgir no céu.

— Nós podemos ir para casa, tomar um banho e comer alguma coisa, depois voltamos. — sugere.

— Não estou com fome, só saio daqui quando tiver notícias da minha mãe.

Meu primo assente cansado.

Um médico aponta do corredor ainda manchado de sangue e com um semblante derrotado, a enfermeira em seu lado nos olha chamando nossa atenção. Rapidamente eu e meu primo caminhamos até ele esperando notícias.

O médico nos encara tirando a touca hospitalar e baixando a cabeça.

Meu primo aperta minha mão. Meu peito se afunda e eu perco a força que me mantém em pé.

— Merlin Felicio obteve uma lesão grave na área interna do tórax, a fratura das costelas perfurou o rim esquerdo e debilitou seu pulmão. — o médico diz com a voz fraca observando a ficha médica que a enfermeira carregava. — ela perdeu muito sangue durante o acidente e cirugia pelos fortes cortes nos braços e pernas.

Eu e Matteo nos entreolhamos mas mal consigo focar minha visão, meus olhos cheios de água me impedem.

— Fizemos tudo que estava no nosso alcance, ela foi forte até o último segundo.

Ela foi forte até o último segundo.

— Sinto muito.

— Não. — escapa da minha boca. — não acredito.

— Hariel... — meu primo me apoia em seu peito.

— Ela não... teria me deixado, eles não teriam! — exclamo entre as lágrimas e agarro a jaqueta de Matteo buscando por apoio.

O médico cumprimenta Matteo e deixa a recepção adentrando o longo corredor do hospital. A enfermeira parece não saber o que fazer então apenas assente.

— Sentimos muito, sra. Felicio. — a voz tristonha da mulher nos deixa quando adentra o corredor também.

Sra. Felicio.

Chamavam a minha mãe assim. Sra. Felicio.

Meu primo me abraça contra seu peito me apertando tentando controlar meu desespero, mas mal consigo respirar de tanto que meu choro nervoso me corrompe.

A dor que sinto agora é tão avassaladora que sinto meus músculos se enrijecerem por dentro da pele, sinto o gosto metálico do sangue na minha língua. O cheiro do acidente ainda está na minha mente.

O filme que vira nas últimas horas transmite na minha memória, o carro destruído, a maca envelopada com um saco preto, a mão dela com a aliança ensanguentada. O sinto muito que esmaga todo meu interior.

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