Capítulo 1 - End Game.

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— Penelope acorde! — Portia gritou e puxou as cobertas da cama, apenas para ver nenhum sinal da filha. — Penelope, onde você está? Onde?

— Não precisa gritar... Eu estou aqui. 

A porta do banheiro se abriu e dela saiu uma mulher de cabelos ruivos ondulados, olhos azuis claros como um céu e com uma expressão de pura angústia pela reação da mãe ao lhe ver.

— Penelope... O que você fez com seu uniforme? 

O quarto dela estava um pouco bagunçado, havia sacolas de lojas em muitos locais, mas isso justificava a vestimenta que usava agora. O que usava estava perfeitamente ajustado em seu corpo,  uma saia azul claro com uma gravata da mesma cor, a gravata ficava por cima da blusa decotada com mangas curtas branca. Penelope sentou-se na cama e começou a afivelar os saltos bloco brancos em seus pés, sem responder a pergunta da mãe.

— Me responda, Penelope. — Portia se aproximou dela e colocou a mão em seu queixo, de modo que a filha olhasse diretamente em seus olhos. — E complete me dizendo o porquê você faltou ontem.

— O que importa é o dia de hoje e desde quando você se importa tanto comigo?

— Desde quando... Desde quando você falta aula? Se suas notas caírem, o que você vai fazer? Fazer vídeo dançando na internet? — Ela perguntou e colocou a mão na própria cabeça. — Por mim que você faça o que quiser com suas roupas, mas não falte mais a escola.

— Sim, mamãe. Eu não vou dançar na internet pra ganhar dinheiro e eu só faltei o primeiro dia de aula, não é como se o mundo fosse acabar.

— Sim, mas é bom que você tenha revisto o conteúdo perdido! — Portia começou a recolher as sacolas vazias do chão. — Ao invés de ter ficado só torrando dinheiro com roupa, que não mudará nada na sua vida. 

A mãe começou a pensar nela apenas naquele último semestre, talvez isso fosse efeito de você ter 4 filhas, Prudence, Philipa Penelope e Felicity, ela lembrou-se com carinho dos anos que se passaram, quando sua mãe estava mais atenciosa com as irmãs e ela era ignorada por sua família e seus colegas de sala. Eloise e a família Bridgerton, é claro, sempre foi a exceção em todos os locais, a melhor amiga sempre esteve ao seu lado, desde a infância.

A vontade de faltar no dia anterior, havia sido apenas pela fofoca espalhada por Shady Whistledown no ano passado que, Penelope esperava com afinco, ter sido apagada da memória de todos os universitários de Cambridge. Em seus pensamentos mais profundos, havia a certeza que chegaria lá hoje e se sentiria horrível, nervosa e que eles se lembrariam do ocorrido. Porém,  para sua mãe não ir a escola alteraria suas notas, o que era impossível, porque ela era esperta e inteligente suficiente para não precisar ir e continuar com notas excelentes. 

— Você tem dez minutos para descer! — Portia gritou, já no corredor depois de ter fechado a porta do quarto dela. 

Aquela roupa, a fazia sentir-se melhor, mas sabe aquela sensação? De que você se acha linda, mas ao sair de casa, se sente a pessoa mais acima do peso e indigna de amor do mundo. No ensino médio, a sensação de querer viver um romance com Colin Bridgerton a deixava sonhar acordada, mas ela tinha virado essa página e agora seria uma nova Penelope, uma nova era. A universidade aceitava qualquer roupa para ir, então a madrugada foi recheada de ilustrações desenhadas por uma amiga estilista e uma tesoura boa de corte. Estava cansada daquele moletom enorme sem graça, por cima daquele corpo cheio de curvas que tinha e que aceitava. 

Durante os dez minutos que restava pra descer, pegou a bolsa e colocou a necessaire de maquiagem, enfeitou o cabelo com um arco branco e desceu as escadas devagar para não cair. Aquele visual novo talvez a deixasse menos invisível, o que era ruim, mas confiante, o que era bom. E assim que abriu a timeline do Twitter em seu celular, já havia descoberto o assunto que  Eloise comentaria com ela hoje.

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