Amores de uma vida

Capítulo 2

Véspera de ano Novo 1999

Elisa vestia um lindo vestido branco de babados, meias, também brancas e uma sapatilha prata. Presentes de sua avó Amélia, que tanto mimava a neta. Era a virada do milênio , todos estavam felizes e animados para o inicio de um novo ano e uma nova era. 

A pequenina, de apenas cinco anos, corria pelo quintal do sítio de seus avós, parando ao se deparar com um menino, com quase a mesma idade. 

_Gustavo, não vá longe._ ralha a mulher linda, porém, de nariz em pé, por de trás do menino. A qual era a mãe da criança.

_Oi_ Gustavo diz sem graça_ Quer brincar?

Os dois logo se aproximaram se tornando melhores amigos. Gustavo era o caçula dos netos do casal que moravam na fazenda ao lado, os Oliveira. A amizade durou muitos anos, já que o menino passava todas as  suas férias na casa de seus avós.

De uma linda amizade infantil, logo surgiu um amor inocente, daqueles que só acontecem na infância. Os dois, agora já com seus dez anos, e se deparam com um sentimento transbordante que nunca haviam experimentado.

O garoto, que conhecia mais de romance do que a inocente Elisa, lhe propôs uma ideia um tanto perigosa. Se seu pai sonhasse com tal ato, correria atrás da menina com uma vara de goiabeira, até que acertasse o tanto de varadas que lhe marcariam as pernas o suficiente para que nunca mais tentaria se aproximar de um menino outra vez.

O medo das varadas não fora o suficiente para conter os desejos apaixonados do jovem casal. então, em baixo da grande mangueira que havia no terreno de Seu João, avô de Elisa, eles deram seu primeiro beijo. Uma "bitoca", que mesmo rápida, fez com que as borboletas do estômago da menina voassem livremente. 

O tempo foi passando, e todos os dias, ao entardecer, o casal se encontrava para dar seus doces beijos cheios de ternura.

Claro que uma hora a imprudência juvenil do casal lhes traria muita dor de cabeça. Elvira, mãe da menina, logo desconfiou das constantes idas de Elisa para a casa dos avós, e decidiu seguir a menina. Foi então que a cena romântica quase terminou em tragédia!

Elvira correu com uma varinha fina atrás da menina, que ficara terminantemente proibida de ter qualquer contato com seu amado.

_ Você deu sorte que quem te pegou de calças curtas fui eu, não o seu pai. Imagina, criatura, se ele te vê aos beijos com aquele moleque? Não quero nem imaginar o que te aconteceria. Iria pro convento! Ou ate pior.

A menina tristonha só pode aceitar seu destino, só conseguiu se despedir meses depois, recebendo uma triste notícia: Seu amado namorado e melhor amigo, iria se mudar para outro país. Essa notícia a pegou desprevenida, os pais de Gustavo optaram por se mudar para a América, em busca de melhores condições de vida.

A despedida fora comemorada com uma festa preparada por Seu Oliveira, eles amavam o neto e queriam se despedir com tudo o que tinham direito. Uma novilha foi morta e feita churrasco para todo o povo das redondezas. Sendo assim, os pais da garota também foram chamados.

Aproveitando a distração de todos os adultos, os pombinhos se esquivaram pela fazenda, se encontrando num paiol perto da casa e, assim, podendo dar seu último beijo de despedida.